Amor Entre as Ondas

A Escolha de Harry

Elisa Aduquer

Me levanto da poltrona por causa da dor nas costas, pois já estava há quase duas horas apenas observando Harry dormir. Ele parecia melhor, a febre já havia passado, então eu estava mais tranquila.
Pego o bule de chá, servindo o líquido em uma das xícaras brancas que estavam na mesinha ao lado da cama. Mordo um dos biscoitos, pois minha barriga roncava de fome, já que não comia há muito tempo.
- Elisa - escuto Harry me chamar, agora com os olhos abertos.
Me aproximo dele, segurando sua mão.
- Como está se sentindo? - pergunto com preocupação.
- Meu corpo está um pouco dolorido - ele diz, tossindo.
Imediatamente pego um pouco de água e coloco o copo com delicadeza em sua mão. Ele bebe rapidamente, tossindo mais uma vez após tomar todo o líquido.
- Jay me contou ontem o que aconteceu com sua mãe - ele diz com a voz um pouco mais firme. - Sinto muito.
- Está tudo bem. Já estou um pouco melhor - digo, tentando manter a voz calma enquanto me sento novamente na poltrona.
A verdade era que eu sentia muito a morte da minha mãe, mas sabia que não podia ficar presa àquelas lembranças, pois não conseguiria viver. Infelizmente, a mulher que me criou já não existia, então de nada adiantava eu chorar, sabendo que ela nem poderia enxugar minhas lágrimas.
- Minha coroação será amanhã - revelo, tentando mudar de assunto.
Vejo os olhos de Harry se arregalarem com surpresa e um pouco de espanto.
- Mas já? Não é muito cedo ainda? - ele pergunta seriamente.
- Eu também acho, mas era a vontade da minha mãe - digo, suspirando. - O médico disse que isso são sequelas do feitiço e que amanhã você estará completamente recuperado.
Eu queria Harry ao meu lado na coroação, pois ele se tornaria rei algum dia.

Harry Hook

- Isso é bom - digo, tentando sorrir, mas tenho certeza de que ficou claro que não estou contente com essa notícia.
Nunca imaginei que um dia teria que me preocupar em ser rei, já que era apenas um pirata. Mas agora minha namorada se tornaria rainha e, consequentemente, eu teria que ajudar ela o mais rápido possível a lidar com a realeza.
- Está sentindo alguma dor? - Elisa pergunta, com um olhar preocupado.
Nego com a cabeça. Eu já estava me sentindo muito melhor, com o corpo cheio de energia, e a febre havia desaparecido.
- Só estou preocupado com esse lance de realeza - digo com sinceridade.
- Eu sei, é tudo muito novo ainda, mas espero que você esteja comigo amanhã, obviamente, se estiver bem com isso - Elisa diz com um sorriso doce, o que só me faz sentir ainda pior.
Ela tinha acabado de perder a mãe e agora teria que assumir um reino sem sequer ter superado os acontecimentos recentes.
- Sim, claro que estarei - digo, sentindo minha voz falhar.
Para o meu azar, Elisa percebe a minha voz vacilando. Ela se levanta da poltrona onde estava sentada e me olha seriamente.
- Me conte o que está acontecendo - diz com determinação.
Suspiro lentamente, pois precisava de um tempo para pensar.
- Sei que nem fiz o pedido ainda e somos novos, mas não estou pronto para esse negócio de você ser rainha. Ou melhor, para eu me tornar rei no futuro - digo, tentando ser cauteloso. - Li uma vez em um livro que, quando alguém se torna rei, precisa se casar o mais rápido possível para ter uma rainha e vice-versa.
Elisa olha para o chão, afirmando sobre o que eu li em um livro na escola da Ilha dos Perdidos.
- Sim. O mais recomendável é que os dois já sejam casados, e se não forem, o pedido deve ser feito no dia da coroação ou no máximo um mês depois - diz, voltando a me olhar.
Sinto meu coração pesar. Meu pai me mataria se eu largasse a vida de pirata para virar alguém da realeza. Para ele, isso é bobagem, considerado até fraqueza. Não posso decepcionar o homem que me deu a vida e me ensinou a lutar pela liberdade.
- Elisa, não vou mentir para você e ficar enrolando só para, no final, te magoar mais ainda - digo, sentindo minha garganta secar. - Eu não posso continuar com você. Não estou pronto. Você merece alguém melhor.
Assim que termino de falar, me arrependo amargamente ao ver o olhar de tristeza e mágoa de Elisa.
- Então é isso? Você nem vai tentar? - ela pergunta, com a voz trêmula.
- Não, Elisa. Eu nasci para ser um pirata, assim como meu pai, e não vou mudar isso - digo, segurando as lágrimas, o que me custa um esforço tremendo.
Meu coração se despedaça quando Elisa tira o anel vermelho do dedo. Ela logo segura minha mão e coloca o objeto nela.
- Tudo bem - diz, limpando os olhos.
Observo ela sair do meu quarto, abrindo e fechando a porta com agressividade. Naquele exato momento, lágrimas escapam dos meus olhos, molhando minha bochecha enquanto penso na minha decisão.

Estou doente, então é bem provável que os capítulos demorem mais pra sair.
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