O Mapa Roubado

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Elisa Aduquer

Saio do salão assim que dá meia-noite, o horário de encerramento dos eventos em Auradon. Caminho pelos corredores, ansiosa para chegar logo ao meu dormitório e, finalmente, descansar deste dia exaustivo.
Apoio as mãos no rosto e suspiro, pensando na minha antiga madrasta. Era bom não sentir mais aquela exaustão após uma batalha intensa. O estranho era ela ter parado de me atormentar tão repentinamente.
Paro de andar quando as luzes começam a piscar de repente, ao mesmo tempo em que as janelas batem por causa do vento, como se eu estivesse em um filme de terror.
Uma risada ecoa pelos corredores, um som esquisito, como duas facas sendo raspadas uma contra a outra. Tão agoniante que faz minha pele se arrepiar inteira, especialmente porque parece muito próxima de mim..
— Realmente vai tentar governar um reino quando não consegue nem controlar a si mesma? — uma voz sombria sussurra de algum lugar.
Olho ao redor, tentando localizar quem estava brincando comigo daquela maneira.
— Olhe no espelho — a voz avisa, fazendo eu virar para trás.
Observo o espelho, mas tudo o que vejo é o meu próprio reflexo. No entanto, há algo diferente. Meus olhos parecem mais cruéis.
— Mesmo que tente esconder, essa é você — a voz continua, séria. — Todos em Auradon comentam o quanto você é esquisita, mas não dizem na sua frente porque têm medo do seu poder.
Meu corpo parece congelado, incapaz de se mover. Tento falar, tentar dizer que aquilo não é verdade, mas as palavras não saem da minha boca.
— Está na hora de parar de fingir ser algo que você não é. Admito que sua evolução foi grande. Afinal, a Elisa de alguns meses atrás jamais teria confrontado a própria mãe daquele jeito — a voz diz, num tom sombrio —, mas você ainda tem muito medo de usar o seu verdadeiro poder. Medo de provar para todos que não é esquisita, que, na verdade, você é muito mais do que uma simples princesa de Auradon.
Meus olhos piscam e vejo meu reflexo sorrir de forma sombria.
— Está na hora de mudar — a voz sussurra, ainda mais próxima.
De repente, sinto como se toda a minha energia tivesse sido sugada para fora do meu corpo, fazendo meus olhos se fecharem. A escuridão invade minha mente, e a última coisa que sinto é uma dor insuportável por todo o meu corpo.

Harry - No outro dia...

Bato na porta do dormitório de Elisa com dificuldade, carregando uma pilha de livros sobre os deuses para estudarmos a família dela. Mesmo depois de quase um minuto, a porta permanece fechada.
— Elisa, sou eu, o Harry — chamo, tentando manter a voz suave.
Não escuto nenhum som vindo da cama ou passos que indicam que ela está vindo abrir a porta. Notando isso, deixo os livros sobre uma mesinha ao lado e levo a mão à maçaneta, que gira com facilidade.
Entro no quarto com cuidado e percebo que a cama está perfeitamente arrumada, sinal de que Elisa não dormiu aqui, ou acordou muito cedo. Caminho mais, observando que até a janela ainda está fechada.
Solto um suspiro frustrado. Não gosto nada dessa situação. Estávamos tão bem ontem... Será que fiz algo errado?
Saio do quarto com passos pesados, e logo vejo Uma vindo em minha direção com uma expressão séria.
— Elisa está aqui? — ela pergunta, tentando olhar para dentro do dormitório.
— Não — respondo, analisando o comportamento dela. — O que aconteceu?
Uma suspira profundamente, cruzando os braços.
— O mapa de Elara desapareceu. A Mal tinha colocado ele no museu, e, assim que o dia amanheceu, o guarda avisou ao Ben que o objeto tinha sumido — ela faz uma pausa antes de continuar, com um tom de deboche e irritação. — E adivinha só? Elisa foi vista pelas câmeras roubando o mapa.
Nego com a cabeça, recusando-me a acreditar. Elisa não faria isso... pelo menos, acho que não.
— É a verdade, Harry. Não sei por que ela fez isso, mas agora já foi — Uma diz com um suspiro.
— Isso é muito estranho, Uma. Eu conheço minha namorada, sei que ela seria incapaz de machucar alguém... em sã consciência — digo, passando a mão pelo cabelo.
— Talvez ela não esteja tão consciente assim. Ainda existem muitos vilões que querem vingança, depois de todos esses anos presos na ilha. Algum deles pode estar influenciando ela — Uma sugere, cruzando os braços.
— É bem provável, porque eu confio na minha namorada — digo, fechando a porta do dormitório.
— Auradon está em perigo. Elisa está muito poderosa com o cajado. Precisamos de algo que supere ele, ou temos que encontrar o vilão que está por trás disso — Uma diz, virando-se e começando a descer as escadas.
Sigo Uma para fora da Escola de Auradon, sentindo uma preocupação imensa por Elisa. Não sabia se ela estava ferida. Tudo o que eu sabia era que precisava encontrá-la o mais rápido possível, antes que as coisas piorassem.
Antes de continuarmos, percebemos que o sol está se pondo, mesmo sendo onze horas da manhã. O céu é tomado por uma escuridão tão sombria que nem as luzes da escola conseguem iluminar direito.
Pessoas começam a gritar enquanto Jay e Carlos tentam acalmar a multidão. O pânico é tanto que eles correm até nós.
— O que fazemos agora? — Carlos pergunta a Uma.
— Já enfrentamos coisas piores do que isso. Não vamos deixar essa escuridão afetar nossas estratégias. Mal está indo pegar o cetro da Malévola, e Hades está tentando encontrar a brasa — responde Uma, analisando o céu.
Olho confuso para ela e pergunto:
— Como assim a brasa sumiu?
— Isso não importa agora. Temos que nos juntar a Mal para procurarmos Elisa e descobrir qual vilão está tentando destruir Auradon desta vez — Uma responde, colocando as mãos na cintura.
Observo a escuridão ao redor, sabendo que temos muito trabalho pela frente.

Amor Entre as OndasOnde histórias criam vida. Descubra agora