Amor Entre as Ondas

O Conselho de Gancho

Elisa Aduquer - No outro dia

Suspiro lentamente enquanto Audrey fazia minha maquiagem para a coroação. Já a Dizzy pintava minhas unhas de vermelho com detalhes verdes para representar meu pai.
Eu não esperava que a coroação chegasse tão rápido, mas agora falta só algumas horas para começar. A ansiedade tomava conta de mim, pois eu não sabia como seria daqui para frente.
A porta é aberta pela minha madrasta junto com meu pai, que entra com uma caixinha preta na mão.
— Está tão linda — Anfitrite diz com admiração.
— Tenho que concordar — meu pai fala orgulhoso e me entrega a caixa. — É uma lembrancinha para esse dia.
Sorrio depois de muito tempo, pois a tristeza estava presente todos os dias na minha vida. Abro a caixinha enquanto as meninas param de me arrumar. Dentro dela havia uma pulseira de diamantes, tão brilhante que eu tinha certeza de que iluminaria o ambiente no escuro.
— Obrigada. Eu amei — digo com um sorriso, pois saber que meu pai lembrou de mim era muito importante nesse momento.
Anfitrite me ajuda a colocar a pulseira, analisando o acessório.
— Ficou perfeita nela. Até que seu gosto não é tão ruim assim — ela diz com um sorriso para o meu pai.
— É tudo muito fofo, mas temos pouco tempo para arrumar ela — Audrey diz, impaciente.
Meu pai não se ofende com o tom um pouco grosseiro que a garota usou, sorrindo para mim.
— Te vejo na coroação — ele diz, pegando a mão da minha madrasta.
Observo os dois indo embora enquanto Audrey volta à maquiagem, finalizando alguns minutos depois. Dizzy começa a fazer meu cabelo, fazendo rosas no meu cabelo, mas deixando ele um pouco solto para colocar a coroa.
Eu tentava esquecer Harry, mesmo que ele viesse à minha mente diversas vezes.

Harry Hook

Sigo Uma e Gil, pois eles sabiam onde estava meu pai. Procurei por ele por toda a ilha, mas não encontrei nenhum rastro sequer, para no final ele estar em um navio qualquer.
— Andem logo com isso — escuto a voz do meu pai vindo do navio à nossa frente.
Uma me olha com preocupação.
— Eu vou com você — ela diz, ainda me encarando.
— Não. Você e Gil têm que se preparar para a coroação da Elisa — falo, sentindo dor só de falar o nome da minha ex-namorada.
— Você vai depois? Ainda faltam três horas — Uma diz, tentando me convencer.
— Eu não sei ainda. Elisa não vai me querer lá — digo, suspirando, pois a culpa era minha.
Observo enquanto Uma vai embora junto com Gil, discutindo alguma coisa com ele que não consigo ouvir, mas deixo quieto, pois tinha coisas mais importantes para fazer.
Subo no navio do meu pai, mas no mesmo momento uma rede cai em cima de mim. É óbvio que ele faria isso caso um intruso tentasse entrar.
— Não estão vendo que é o meu filho? Tirem logo essa rede dele — meu pai ordena, fazendo com que no mesmo instante dois piratas tirem a armadilha de mim.
Me levanto com dificuldade, pegando o meu gancho que tinha saído da minha mão.
— O que quer aqui? Achei que estava em Auradon — meu pai diz, se aproximando de mim.
— Vim conversar. Sei que não temos a melhor relação do mundo, mas o senhor sempre me ajudou quando precisei — digo, olhando para ele.
— Todos vocês, investiguem as pedras preciosas que encontramos — meu pai ordena aos piratas.
Suspiro quando ele me leva para fora do navio, seus olhos azuis, assim como os meus, me encarando com preocupação.
— Pode falar — ele diz, se sentando em um banco que havia ali.
Me sento ao lado dele, reunindo forças para contar a minha fraqueza para ele.
— Eu conheci uma garota em Auradon. O nome dela é Elisa — falo, olhando para ele. — Eu me apaixonei e até pedi ela em namoro. Mas o problema é que agora ela vai se tornar rainha e eu não quero ser rei.
— Harry, quando conheci sua mãe em Auradon, passamos por muitas dificuldades também. Eu não sabia se queria largar a minha vida de vilão, pois ela também viraria rainha no futuro — meu pai fala, me encarando seriamente. — Mesmo depois de tudo o que fiz com sua mãe para tentar afastar ela, acabamos ficando juntos. Não deu muito certo porque acabei trancado aqui na ilha, e ela morreu.
— O senhor nunca falou da minha mãe — digo, surpreso.
— Porque ela morreu e eu não gosto de ficar relembrando — meu pai diz, olhando o chão, mas logo volta a olhar para mim. — Você não quer ser rei, então é isso.
— O senhor sempre me disse que a realeza era uma fraqueza.
— Quando te disse isso, eu estava cego de ódio e rancor. A Mal mesmo está se saindo muito bem como futura rainha, então minha opinião estava errada.
— Mas eu não teria tempo para nada se escolhesse ser rei — digo, olhando para o meu pai.
— Você não vai saber se nunca tentar. Se eu fosse você, meu filho, correria atrás dessa garota antes que seja tarde demais — meu pai diz com um olhar triste.
Aquelas palavras pareciam sacudir meu corpo, pois nunca imaginei meu pai falando isso. Eu terminei com Elisa exatamente por lembrar dele dizendo que a realeza era uma fraqueza, e agora meu pai estava dizendo o contrário. Me sinto um idiota, pois se tivesse conversado com meu pai antes, não teria ficado na dúvida.