O Som das Espadas

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Elisa Aduquer

Ignoro a sensação de familiaridade quando Mal afirma que Hades parece nem existir, indicando que ele também era um péssimo pai assim como Zeus. Será que todos os deuses são assim? Abandonam seus filhos em algum momento de suas vidas? Provavelmente sim, afinal, filhos de divindades não são prioridade. Eles se preocupam apenas com poder e com seus próprios interesses.
Encontramos os outros perto da casa do pai de Celia, com a intenção de irmos para Auradon o mais rápido possível. Contudo, descobrimos que eles não conseguiram recuperar nossas motos.
Seguimos até a barreira, e Jay a abre rapidamente para que possamos passar. Assim que atravessamos, o cabelo de Mal ganha mechas azuis e a brasa começa a brilhar, demonstrando seu poder.
— Essa coisa tem poder, hein? — Carlos observa, intrigado com o objeto mágico.
Estamos distraídos com a brasa quando um barulho atrás de nós chama nossa atenção. Harry e Gil, que conseguiram atravessar a barreira sem que percebêssemos, aparecem.
— A gente passou! — Os dois comemoram.
Ignoro a sensação de querer me aproximar de Harry. Não era certo, e eu mal o conhecia, mas ele me provocava uma sensação inexplicável sempre que pensava nele. 
Carlos e Harry começam a se empurrar, e a briga resulta na brasa caindo na ponte. Mal consegue pegá-la, mas o pirata a faz cair na água. Ele ri enquanto um tentáculo se agarra à brasa, revelando ser a Uma.
Observamos Uma criar um redemoinho de água após uma rápida conversa com Mal. Respingos molham nossas roupas.
— Ah, não! — Exclamo, sentindo a água encharcar minha roupa.
Me assusto quando Uma aparece atrás de nós com uma aparência totalmente diferente da última vez que a vi.
— Bem-vinda de volta — Harry diz, ficando do seu lado.
— Uma, você sumiu no mar e esqueceu da gente — Gil diz com uma expressão triste.
Olho para o pirata ao lado de Uma. Será que eles já tiveram algo? Ela tem sentimentos por ele que vão além da amizade? Na verdade, isso não é da minha conta. Não me importo com Harry.
Percebo que pensei demais, pois Uma já estava ameaçando jogar a brasa na água.
— Uma, confia nela — Evie tenta manter a paz.
Noto que a conversa gira em torno da barreira.
— Eu vou ficar com ela enquanto isso. — Uma diz, guardando a brasa. — Acha que confio em você para salvar o mundo? Só que não. Isso é um trabalho para piratas.
Suspiro, lembrando da reunião sobre a barreira. Preciso contar a verdade, mas hesito, não querendo causar mais sofrimento a Evie.
— Evie, preciso te contar uma coisa. — Digo, desviando o olhar para o chão.
Antes que Evie possa responder, Uma intervém com sarcasmo:
— A princesinha que hibernou. — Ela debocha. — Perdeu a emoção do Baile Real.
— Emoção? A Mal quebrando seu feitiço com um beijo de amor verdadeiro e arruinando seu plano? — Retruco no mesmo tom.
Vejo Uma respirar fundo enquanto Evie tenta unir todos, mas ninguém presta atenção. Atravessamos a água sem motos, já que Harry admitiu que bateu as nossas.
— Do que Uma estava falando? — Harry pergunta, curioso.
— Você não entenderia. — Respondo, cruzando os braços.
— Está me chamando de burro?
— Não, apenas acho que teria que explicar toda a minha vida. Não temos tempo para isso.
Olho para o meu pulso, lembrando da minha pulseira.
— Quero que devolva minha pulseira. — Digo com firmeza.
— Nunca irei devolver, princesa. — Harry diz quando chegamos à terra firme de Auradon.
Penso em retrucar, mas precisamos salvar Auradon, então a pressa é crucial. Além disso, uma briga agora não ajudaria em nada, e estou certa de que ele não está com minha pulseira.
Vemos várias pessoas adormecidas devido ao feitiço lançado por Audrey. Além disso, ninguém atende o celular. Ouço Jay repreendendo Harry por roubar uma carteira.
— Gente. — Eu, Uma e Mal falamos em uníssono, interrompendo a discussão.
Logo encontramos Dude, que nos informa que Audrey lançou um feitiço de petrificação. Suspiro enquanto Uma e Mal discutem se devemos ir para a Escola Auradon ou o Castelo de Ben.
— Gente. — Evie tenta chamar a atenção delas.
No final, decidimos ir para o castelo, apesar das constantes reclamações de Uma, que está furiosa com Mal. Seguimos Dude, que nos guia pelo cheiro forte que ele detecta.
No caminho, notamos marcas de garras nas paredes do castelo, algo que não estava ali antes. Tentamos ignorar, pois precisamos encontrar Ben rapidamente e não podemos nos distrair.
Chegamos a uma sala cheia de estátuas que parecem nos observar enquanto caminhamos. Faço o possível para ignorar essa sensação, mas minha pele está toda arrepiada.
— Aposto que não dormiu direito comigo a solta, né? — Uma pergunta para Mal.
— Não, dragões não perdem o sono. — Mal responde, com um tom de deboche. — Qual será o gosto de polvo frito?
Evie tenta intervir, mas é interrompida por Uma.
— Estamos celebrando nossas diferenças. — Uma fala para Evie.
Ouço um barulho metálico e, embora ache que é apenas uma ilusão, me sinto inquieta.
— Acho que fomos desafiados. — Harry diz de repente.
Franzo o cenho e sigo o olhar dele. Vejo uma estátua à minha frente, de onde sai uma fumaça rosa. Audrey sabe onde estamos.
— Garotas, que tal olharem ao redor? — Harry sugere, interrompendo a discussão entre Mal e Uma.
A estátua se move, ganhando vida.
— Gosta de um príncipe, Mal? — A voz de Audrey ecoa pelo espaço. — E de um cavalheiro de armadura? Ou talvez de vários cavalheiros?
A risada de Audrey ecoa outra vez pelo local, enquanto os cavalheiros começam a ganhar vida. Tentamos correr para a saída, mas os cavalheiros nos impedem de passar.

Amor Entre as OndasOnde histórias criam vida. Descubra agora