O Cupcake do Amor

67 10 0
                                    

— Eu não acredito em você. Não vou cair nesse papo manipulador — digo firmemente.
A deusa é jogada no chão, mas não por mim. Observo Hades se aproximar com um fogo intenso no cabelo, assim como no olhar.
— Que bobagem é essa? — Ele pergunta à deusa.
— Não é bobagem, Hades. Foi depois que ela foi para a Casa de Praia do outro lado de Auradon — Eris revela seriamente.
Não, não posso acreditar nessa história. Minha mãe não mentiria para mim o tempo todo; não podia ser. Essa conversa é uma perda de tempo, só para me enrolar.
— Isso é mentira — digo com ódio.
— Garota, eu não sou de contar mentiras. Mas, se quiser, posso te mostrar como isso aconteceu — ela diz, tentando se aproximar, mas me afasto.
Sinto minha mente pesada enquanto meus olhos se fecham por um momento. Assim que os abro novamente, estou em um lugar diferente, ouvindo o som relaxante das ondas. Na areia, há uma mulher muito parecida comigo de joelhos.
— Por que fiz isso? — A mulher se pergunta, chorando.
Tento me aproximar da minha mãe, mas meus pés não saem da areia. Isso não podia estar acontecendo; não era real.
Me desespero quando vejo ela caminhando até a água, indo para a parte mais funda da praia, sumindo dentro das profundezas. Então, o barulho das ondas fica mais forte, especialmente quando um homem forte e com um rosto tranquilo aparece na superfície da água, carregando minha mãe desacordada.
Observo quando ele a coloca delicadamente na areia, acariciando o cabelo dela com cuidado. Logo em seguida, ele faz respiração boca a boca, fazendo minha mãe acordar tossindo.
— Quem é você? — Ela pergunta com dificuldade.
— Sou Poseidon — o homem revela com um leve sorriso.
O rosto de minha mãe toma outra forma, parecida com meu olhar quando eu pensava em Harry na frente do espelho.
Mas a visão começa a ficar mais distante, sumindo aos poucos enquanto meus olhos se abrem. Encontro a mesma deusa me encarando, assim como todos os outros presentes.
Me levanto rapidamente, pois aquilo parecia tão real. Porém, sei que os deuses podem manipular sua mente como quiserem, fazendo você enxergar qualquer coisa.
— Por que está fazendo isso? — Pergunto seriamente.
— Bom, eu amo uma confusão. Não vim aqui para te matar, muito menos destruir Auradon — ela revela com um sorriso. — Eu sabia que você viria assim que soubesse do "sumiço" da sua mãe.
Reviro meus olhos, sentindo vontade de acabar com essa deusa.
— Eu descobri esse pequeno segredo, então contei imediatamente para Zeus, o que fez ele te odiar. Assim que a barreira foi aberta, coloquei Elara em um sono profundo. Prometi à Rainha Má que eu a ajudaria a matar Branca de Neve — Eris diz, andando de um lado para o outro.
Seguro meu cajado mais firmemente, esperando ela terminar de contar.
— Ajudei ela a enfeitiçar Zeus, tranquei o resto dos deuses em uma prisão parecida com o Monte Olimpo. Coloquei a Fada Madrinha para dormir, assim como fiz com você e Hades — ela fala com um sorriso de satisfação.
— Se divertiu? — Pergunto, perdendo minha paciência.
— Sim, foi bem divertido ver o desespero e o caos que eu implantei — ela diz, sorrindo mais.
Me aproximo dela até estarmos cara a cara.
— Então suma daqui antes que eu perca o pouco de paciência que me resta — digo friamente.
— Você é igualzinha ao seu pai. Não sei como Zeus não percebeu antes — ela diz, me analisando.
Ergo uma sobrancelha, olhando para ela com fúria.
— Já entendi o recado. Estou indo embora para voltarmos à nossa vida normal — Eris fala, colocando as mãos para cima em sinal de redenção.
Ela estala os dedos, fazendo com que a Fada Madrinha e os guardas aparecem dormindo no chão, mas logo começam a acordar enquanto Eris desaparece em uma fumaça preta, levando Zeus com ela e fazendo o cheiro horrível desaparecer.
Caio no chão, ao lado de minha mãe, sentindo que minha vida inteira foi uma farsa. Eu acreditei fielmente na minha mãe a vida toda, mas ela traiu isso da pior forma possível, mentindo sobre algo que não deveria.
Sinto mãos me puxando, encontrando o peito de Harry como consolo.
— Estou aqui com você — ele fala, acariciando meu cabelo.
— Todos estamos — Carlos diz gentilmente.
Olho para Hades, vendo-o me observar com incerteza. Pensei que aquele homem ia tentar me atacar com a brasa, mas ele só suspira.
— Te odiei por muito tempo sem motivo. Não vou cometer o mesmo erro agora — ele diz, pegando minha mão. — Vamos sair daqui, Elisa.
Olho para o homem que eu achava ser meu pai. Logo em seguida, meu olhar vai para minha mãe.
— Por onde eu vou, quero me ver. Para outro lugar, que eu possa aparecer — recito um feitiço, transportando todos para o castelo de Evie.
Percebo que Evie estava chorando, soluçando enquanto se ajeitava no sofá.
— Por que não tive uma mãe normal? Por que ela nunca vai mudar? — Ela pergunta, me olhando.
— Não é sua culpa, Evie. Às vezes nossos pais nunca são perfeitos — digo, me sentando ao lado dela.
— O que fez com minha mãe? — Evie pergunta, limpando as lágrimas.
— Eu a prendi no espelho que você deixou no Museu de Auradon — revelo, suspirando.
— Pelo menos irei conseguir vê-la — Evie fala, se levantando.
Me deito no sofá, pensando em tudo o que aconteceu. Precisava saber quem era minha mãe de verdade.

21 anos atrás

Elara corria pelo campo aberto, sentindo uma dor intensa no peito depois de ter sido alvo dos feitiços de Malévola. Mas não era esse o motivo pelo qual ela estava magoada, mas sim por causa de seu namorado Hades, que havia visto tudo e, mesmo assim, não a defendeu.
Ela entrou em uma caverna, encontrando seu melhor amigo, que era um dos irmãos de seu atual amor. O homem barbudo, conhecido por ser deus dos deuses, a esperava com um cupcake de morango, o favorito de Elara.
A mulher, que já tinha 19 anos, se aproximou com cuidado, pois o poder de Zeus a afetava de uma maneira esquisita, fazendo-a esquecer de coisas importantes.
Com inocência, ela deu uma mordida no pequeno doce. Mas assim que fez isso, sentiu todo o seu corpo e seus pensamentos mudarem em relação a aquele deus. Parecia que agora ele era tudo para ela. Uma vontade enorme de gritar que o amava se instalou em seu cérebro como uma tempestade intensa.
— Hades não te merece, Elara — Zeus disse, pegando a mão dela.
Mesmo que sua mente soubesse que era errado, parecia que isso não fazia sentido quando Zeus a puxou para um beijo intenso, que Elara retribuiu, traindo Hades devido a um feitiço de amor.
Depois do beijo com Zeus, Elara começou a se afastar de Hades, embora não fosse um processo simples. A dor e a confusão que ela sentia inicialmente eram intensas, mas a presença constante e o charme sedutor de Zeus faziam com que a decisão parecesse cada vez mais natural.
Elara tentou conversar com Hades sobre seus sentimentos, mas as palavras pareciam insuficientes para expressar o que estava passando em seu coração. Ela o encontrou em um lugar tranquilo, esperando que ele entendesse sua decisão.
— Hades, eu preciso falar com você — ela disse, sua voz tensa.
Hades a olhou com um semblante preocupado, mas a expressão dele rapidamente se transformou em uma mistura de dor e raiva quando ela continuou.
— Eu... não posso mais continuar com isso. Algo mudou dentro de mim, e eu não sinto mais o mesmo.
Hades respirou fundo, seu olhar se tornando mais sombrio.
— Então é isso? Você está se afastando de mim por causa de Zeus? — Ele perguntou, a frustração evidente em sua voz.
— Não é só isso — Elara respondeu, tentando manter a calma. — Eu preciso de algo diferente. Algo que eu não encontro mais com você.
Hades ficou em silêncio, claramente magoado, enquanto Elara tentava explicar.
— Eu não posso ficar em um relacionamento onde não sinto mais a mesma conexão. Eu me sinto traída por mim mesma e por você.
Com isso, Elara se levantou, percebendo que não havia mais nada a dizer. A decisão estava tomada, e, embora dolorosa, era necessária para o seu próprio crescimento.
Após terminar com Hades, Elara se entregou completamente ao novo relacionamento com Zeus. A conexão entre eles se aprofundou, e Zeus a tratou com uma adoração e atenção que ela nunca havia conhecido antes. O deus dos deuses se mostrou um amante dedicado e cuidadoso, e a nova vida de Elara começou a florescer por um tempo antes de ir para a Casa de Praia.

Dias atuais - Elisa Aduquer

Acordo com uma dor de cabeça terrível, sentindo cada parte do meu corpo dolorida por causa da luta que aconteceu. Não consigo mexer nada, principalmente minhas pernas, que parecem pesar uma tonelada.
A porta se abre, e vejo Harry entrando com uma bandeja de café da manhã, o que me faz sorrir com aquele gesto carinhoso.
— Bom dia — diz ele, colocando a bandeja na cama.
— Fez isso sozinho? — Pergunto com um sorriso.
— Sim. Eu costumava cuidar do meu pai, então sei fazer muitas coisas — ele responde, sentando-se na cama.
Minha barriga ronca só de sentir o cheiro da panqueca que ele preparou. Estava morrendo de fome, então corto um pedaço e engulo rapidamente.
— Pelo visto, usar magia te deixou cansada — Harry comenta, me observando.
— Isso sempre acontece — respondo, adoçando o café. — Já comeu também?
Ele confirma com a cabeça, deitando-se preguiçosamente na minha cama de casal. Coloco um filme na TV, pois precisava relaxar um pouco.
— Que filme é esse? — Ele pergunta, apoiando a cabeça em uma mão.
— Crepúsculo — respondo, partindo mais um pedaço da panqueca.
Então, passamos a manhã inteira assistindo essa saga. Mas eu sabia que só tinha solucionado uma parte da minha vida, pois a outra ainda estava por vir.

Amor Entre as OndasOnde histórias criam vida. Descubra agora