O Fim da Maldição

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Elisa Aduquer

A fumaça logo se transformou na forma de um homem, e eu o reconheci imediatamente... era Hades. Ao lado dele estava meu pai, que me olhava com preocupação.
— Quanto tempo. Vocês continuam iguais — minha mãe diz, apertando o cetro com mais força.
— Ficou louca, Elara? Sequestrar nossa filha é algo que eu nunca imaginei que você faria — meu pai fala, sério.
— Ela é minha filha, já que você nunca foi um pai para ela — minha mãe responde com desprezo.
— Claro, você nunca me deixava me aproximar da Elisa — meu pai retruca, dando alguns passos à frente.
Minha mãe apontou o cetro para ele, fazendo ele parar. Hades observava a situação, parecendo estar refletindo.
— Filha, você luta contra seu tio enquanto eu enfrento seu pai — minha mãe ordena, mas eu não me movi. — Vai logo, Elisa!
Olhei para o cetro, percebendo que a Fada Madrinha estava chegando, acompanhada de Harry e o restante do grupo. Suspirei lentamente, pois ainda me sentia fraca para enfrentar tudo aquilo, mas sabia que precisava tentar.
— Eu nunca serei você — declaro, estalando os dedos e me teletransportando junto com meu pai e Hades para fora do quarto. Quando nos encontramos do lado de fora, percebi que estávamos na Casa da Árvore onde eu e Benedict brincávamos quando éramos crianças, mas o lugar estava tão destruído que mal o reconheci. Ao lado da casa, havia um rio encantado.
— Filha, você está bem? — meu pai pergunta, segurando minha mão.
— Sim, só estou um pouco dolorida — respondo, olhando para ele.
— Me desculpe por não ter vindo antes. Ninguém me avisou, e eu estava enfrentando problemas com sua madrasta.
— Tudo bem, pai — falo, enquanto verificava se minha mãe ainda estava por perto. Mas ela havia desaparecido da casa.
Notei que os olhos do meu pai brilhavam de alegria, e não entendi o motivo.
— Você me chamou de pai pela primeira vez — ele diz com um sorriso.
— Muito fofo, mas precisamos ficar atentos. Elara pode estar em qualquer lugar, então vamos nos concentrar — Hades fala, impaciente.
Ajeitamos nossas posturas, prontos para o ataque. Vi a Fada Madrinha se aproximando com um sorriso no rosto. Logo em seguida, Harry correu até mim, me abraçando com tanta força que senti meus ossos sendo esmagados.
— Você está bem? Eu fiquei tão preocupado — Harry diz, acariciando minha bochecha.
Antes que eu pudesse responder, uma fumaça negra atingiu Harry, fazendo ele desmaiar no chão.
Olhei para frente e vi minha mãe com um sorriso sombrio que parecia irreal. Ela segurava o cetro como se sua vida dependesse disso.
— Eu disse que você se arrependeria se me traísse — minha mãe diz de forma sinistra.
A Fada Madrinha tentou usar sua varinha, mas minha mãe conseguiu roubar o objeto com o cetro antes que ela pudesse fazer qualquer coisa.
Sinto o ódio, a tristeza e a revolta me consumirem, e ao mesmo tempo o som da água do rio começou a aumentar. Quando percebi, minha mãe foi jogada para longe pela água.
Eu estava controlando aquilo? A água atacou minha mãe por causa de mim, da minha raiva? Olhei para meu pai, que me observava surpreso, assim como todos os outros. Percebi então que, de fato, eu tinha controlado a água.
O cetro estava no chão, ainda brilhando intensamente, enquanto minha mãe tossia, encharcada. A varinha caiu no rio, longe de todos.
— Você nunca será feliz, Elisa. Eu desejo isso para você. E saiba que não me arrependo de nada do que fiz, especialmente de quando roubei o mapa usando a sua aparência para que todos pensassem que era você — minha mãe diz com ódio, enquanto recuperava o cetro.
Senti as lágrimas caírem pelo meu rosto. Como minha própria mãe podia me desejar infelicidade? Ela me carregou na barriga por tanto tempo, desde que estava no Reino dos Pesadelos Malignos, e mesmo assim era capaz de desejar isso para mim?
Observei minha mãe respirar com raiva, segurando o cetro com mais força. Meu pai e Hades tentaram avançar sobre ela, mas ambos foram jogados no rio.
Minha mãe lançou uma fumaça negra em minha direção. Pensei em uma luz vermelha indo em direção ao cetro, e no mesmo instante meu colar começou a brilhar, liberando uma fumaça vermelha que se encontrou com a magia dela.
As lágrimas continuavam a cair sem que eu pudesse controlar. Me senti terrível por ter que enfrentar minha própria mãe dessa forma, mas eu não tinha escolha.
A fumaça negra foi diminuindo à medida que minha magia tomava conta, quase atingindo o cetro. Mas antes que eu pudesse vencer, minha mãe jogou o cetro longe e se abaixou, fazendo com que minha fumaça seguisse em frente. Porém, eu a interrompi a tempo.
— O que eu fiz? — minha mãe pergunta, com os olhos lacrimejando, parecendo mais consciente. — Eu ia te matar, minha filha. É por causa da maldição, mas eu prefiro morrer do que fazer isso com você, agora que minha mente voltou ao normal.
Maldição? Do que ela estava falando? Antes que eu pudesse perguntar, vi minha mãe se transformando em pó. Levo um susto ao perceber que o cetro a matou porque ela pensou em morrer.
Corri até o lugar onde ela estava, sentindo minhas lágrimas molharem o pó que restava enquanto o céu voltava ao normal.
— Não! — grito, agarrando meu colar e tentando trazer minha mãe de volta, mas nada aconteceu. — Mãe! Não pode ser!
Senti alguém me abraçando, e vi que eram Mal, Uma e as outras meninas. Mas nem isso me acalmou, pois parecia que meu coração estava sendo esmagado. Minha mãe não era uma boa pessoa, mas eu nunca desejei que ela morresse.
Mesmo com a visão borrada pelas lágrimas, olhei para Harry. Fui até ele, acariciando sua bochecha enquanto minhas lágrimas molhavam sua camisa preta.
— Por quê? — pergunto, encostando minha cabeça em seu peito, chorando desesperadamente.
Onde estava meu final feliz? Isso era ser feliz? Se isso era felicidade, então eu não a desejava para ninguém.
Mesmo sentindo uma dor insuportável no peito, levei meus lábios até os de Harry e dei um selinho em sua boca, acreditando que o amor verdadeiro o despertaria. Pelo menos, eu poderia salvar o garoto que amava.
Quis sorrir ao ver Harry abrir os olhos, mas não tinha forças para isso. A agonia de saber que nunca mais veria minha mãe me consumia.
— Elisa, por que está chorando? — Harry pergunta, fraco, acariciando minha bochecha.
— Não é nada, amor. Não se preocupe, você precisa descansar — digo, tentando parecer firme. — Jay e Gil, levem ele para o dormitório, por favor.
— Mas, Elisa… — Jay tenta falar.
— Por favor — insisto, olhando para ele.
Senti alívio quando ele concordou e chamou Gil com um gesto. Os dois carregaram Harry, que, apesar de consciente, parecia à beira de desmaiar novamente.
— Elisa, eu sei o que está sentindo, mas não pode deixar essa tristeza te consumir — a Fada Madrinha diz, se aproximando de de mim.
— Eu vou ficar bem. Sempre fiquei, não é? — pergunto entre lágrimas, que rapidamente limpei do rosto. — Eu tenho o Harry, e ele é tudo o que importa.
Vi meu pai e Hades saírem da água, trazendo a varinha enquanto procuravam por minha mãe.
— Ela morreu — digo, tentando conter as lágrimas.
Meu pai me olhou com compaixão e me abraçou.
— Não foi sua culpa. Hera a amaldiçoou no Reino dos Pesadelos Malignos. Essa maldição a faria cometer loucuras e, quando acabasse, ela morreria por causa da maldição — explica, fazendo meu ódio por Hera crescer além do que eu sabia ser possível.
— Então foi por isso que o cetro a matou — falo, chorando ainda mais.
Meu pai me abraça com mais força, tentando me acalmar, mas não adiantava nada. Tudo o que eu queria era que essa dor insuportável desaparecesse, mesmo sabendo que, no momento, isso era impossível.
— Melhor você voltar para a escola para descansar, filha. Vou te visitar novamente amanhã — ele diz, acariciando meu cabelo.
Concordo com a cabeça e me afasto um pouco. Olho ao redor, vendo todos me encarando com pena. Isso era horrível, mas eu sabia que era normal esse tipo de olhar por causa da minha situação.
Me despeço do meu pai e, logo em seguida, sigo meus amigos de volta para a escola, sabendo que minha vida nunca mais será a mesma.

Depois que essa história terminar, estou pensando em começar a escrever o romance do Jay e Gil (narrando os acontecimentos que aconteceram antes do beijo e o final deles).
Até o próximo capítulo 💕

Amor Entre as OndasOnde histórias criam vida. Descubra agora