Ecos do Passado - AutumnFall HS (1)

Capítulo 26 - Íris Allencar

⚠️Aviso: Gatilhos e Sangue.⚠️

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"Eu nunca tive tanto medo na minha vida igual tive hoje.

Eu consegui ver seu rosto, sentir seu cheiro fétido e pútrido, ver seus olhos fundos e maquiavélicos. Chifres enormes e pontudos saindo de sua cabeça vermelho carmesim que nem o sangue.

Sangue que não parava mais de jorrar. A cachoeira se tornou vermelha, a água que antes era cristalina estava vermelha, vermelho escarlate e brilhava com a luz da lua. Todos aqueles corpos mortos boiando, a cena ainda é muito fresca em minha memória.

Eu vi quando pegaram a menina de oferenda, uma moça tão jovem e cheia de altruísmo, certeza que deve ter morrido de uma forma brutal.

Consegui chegar em um lugar seguro e até mesmo pedi socorro quando ouvi passos e conversas.

Tudo sumiu, tudo se aquietou e eu também fiquei quieta com medo de que ele pudesse me achar novamente, me pegar para eu ser a sua próxima vítima.

Fogo, eu vi apenas o fogo começar a queimar e derreter as paredes, me derreter.

Cheguei a gritar, implorar por socorro, mas a ajuda não chegava nunca.

O que chegou foi minha hora, hora que a dor de ser carbonizada viva não era mais suportável.

Dor que nunca jamais quis sentir, uma dor que nunca mais sentirei.

Pois dela só me resta as cinzas do meu corpo no chão."

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Desespero toma conta de meu corpo ao acordar.

Estava suada, tremendo, com medo.

Só depois que vi Felícia entrar as pressas em meu quarto e um pequeno monte de gente que se formava na porta que percebi que eu havia gritado e que estava chorando muito.

Lágrimas rolavam e os soluços vinham de maneira inconsciente. Eu claramente estava tendo uma crise de pânico, ou poderia ser a face mais pura do medo.

Agarrei-me nos braços de Felícia e me deitei em seu colo, como uma criança miúda em que teve um pesadelo, um cordeiro desgarrado buscando alento em seu pastor.

-Lice... - a chamei e ela logo torna a me olhar com uma certa preocupação.

-Sim? O que precisa? Já estou aqui Reese, se acalme, tudo vai ficar bem... - ela beija minha cabeça e fico mais tranquila, ter alguém para confiar e te proteger essas horas sempre é bom.

-Ei, para os quartos, já! - ouvi voz de Tory expulsando o bolo de gente que se formava em minha porta e logo entrando em meu quarto.

-Está tudo bem Felícia? Eu ouvi os gritos de socorro e pensei que alguém tinha se machucado.

Eu realmente pedi por socorro? O quão longe eu fui?

Me levantei do colo de Fe e olhei para Tory.

-O que aconteceu comigo? Eu só me lembro de... - Tory me corta.

-Você teve uma outra visão e acordou todos... Se não for incomodo, o que você viu dessa vez? - ela me pergunta e torno a deitar na minha cama.

-Eu me escondi da face demoníaca dele, mas ele me arrastou para o inferno. Tinha fogo por todo lado, eu não sei... - as lágrimas agora não cessavam, caiam quente sobre meu rosto.

-Ela morreu queimada? - "ela quem?" pensei em perguntar, mas não conseguia pensar direito, não conseguia raciocinar, eu só queria ficar em paz.

-Eu quero o Bruno... - chamei por ele e Felícia se levantou, Tory a para e se aproxima de mim, colocando a mão em meu braço.

Sua mão queima a minha pele apenas ao tocá-la e choramingo assustada.

-Lice... Eu quero o Bruno... Eu preciso dele agora...

-Mas as regras... - Tory me solta ao ver meu desespero e se afasta um pouco de mim.

-QUE SE FODA AS REGRAS! - chorei mais um pouco, encolhida no canto virada para a parede.

Silêncio toma conta de meu quarto e apenas ouço a porta sendo fechada. Ao ouvir esse som, despenco de chorar. Todos os sentimentos se afloram e todos juntos saem em formato de lágrimas. Eu não sei o que sinto, mas é uma sensação ruim, estranha, desconhecida.

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Não sei quanto tempo se passa e ouço a porta se abrir vagarosamente, penso em mandar qualquer um que seja embora dali, pois queria ficar sozinha.

Mas ao vê-lo.

Seus olhos cheios de preocupação, seu cabelo armado e cara de sono não negavam que ele havia acabado de acordar. Ao ver Bruno meu coração se acalma e me levanto da cama como um pulo, indo de encontro ao seu abraço.

Ele me acata em seus braços e não o solto, as lágrimas continuam rolando, agora quentes como uma lavareda de fogo descendo pelo meu rosto.

-Gatinha está tudo bem? O que aconteceu? A Felícia foi me chamar e disse que você estava tendo um surto e que queria me ver...

-Bruno... - gaguejei ao proferir seu nome. -Ele estava lá, ele sempre esteve lá... - ele fica sem entender e vejo medo em seu olhar, mesmo assim ele pergunta.

-Ele quem?

-O Diabo...