Ecos do Passado - AutumnFall HS (1)

Capítulo 30 - Bruno Rodriguez

No dia seguinte faço as mesmas coisas entediantes de sempre.

Eu acordo, faço alguns alongamentos, tomo um banho e me arrumo para ir direto para quadra. Essa semana eu treinaria intensivamente, sem pausas, sem distrações. A gente tinha que ganhar esse maldito jogo.

Mas primeiro vou até o refeitório e pego minha dose diária de cafeína e metade de um pão francês, depois de terminar de comer, volto para o dormitório e entro no Bunker.

Desço as escadas e já consigo ouvir conversas ali dentro.

Vejo Adam falando no telefone com alguém e decido não o interromper, passo reto e vou até minha mochila, que está jogada em um canto.

Hoje era sábado, o fatídico dia em que aquela porcaria de almoço em família aconteceria. Não estava nem um pouco preparado para lidar com aquela merda. Não hoje.

-'Está bien mamá, avísame si pasa algo'... – Adam desliga o telefone e me olha. -E aí mano?

-Essa semana decidi treinar sem parar, não quero perder para o Bull'sRoyce.

-Posso treinar contigo então? Bom que aí você pode me instruir com algumas jogadas novas, não sei. - Vejo ele pegar sua mochila também e estranho um pouco.

-Geralmente fico sozinho no sábado, o que aconteceu?

-Minha bisa teve um infarto e não tem ninguém para me buscar aqui. Estão todos no hospital dando apoio para ela.

-Ah, melhoras para ela.

Adam veio de uma grande família tradicional latina, todos moravam juntos na mesma casa, o que eu nunca consegui entender como ele aguenta tudo isso. Ele me disse uma vez que até que gostava de estar sendo rodeado de gente que o ama e se preocupa, mas foi por esse exato motivo que o fez entrar em AutumnFall.

Aqui ele tem uma liberdade para ser quem ele é de verdade e ele fica sem ouvir a sua 'mamá' lhe dizer que está errado o tempo todo.

-Sabe que eu estava pensando cara? Em dar uma festinha amanhã, mas só para quem ficou aqui, apenas um esquenta entende?

-Tudo o que eu menos preciso agora é de uma festa...

-Ah qual é! É uma boa ideia, não acha? Um esquenta para a Interliga! Vamos cara se anime! – ele me dá uma cutucada no braço e saímos daquele jeito para a quadra. Com ele me infernizando e eu tentando permanecer com minha paz.

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Não posso negar que Adam é o cara quando se trata de futebol.

O cara tem sangue de jogador e é incrível que ele é bom em todos os esportes. Ele facilmente ganharia uma bolsa de estudos de acordo com seu talento.

Infelizmente ouvi o celular tocar ao terminar a partida e o peguei, vendo o nome de minha mãe estampado na tela.

-Foi mal, tenho que atender essa... – me levanto e vou para o vestiário, começando a conversar com minha mãe.

Ela basicamente me ligou para dizer o que eu já sei. Eu estou atrasado para o almoço ridículo dela. Mas eu já estava a caminho.

Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa mais apresentável para a ocasião, saí para fora do vestiário e falei tchau para Adam, que está novamente no telefone.

Apesar de ele não gostar muito de estar com sua família, ele se preocupava, afinal ele tem sangue latino e se preocupa com todos, esse é o lado bom de Adam.