KAILLAN CONNER
Percebo que algo está errado logo assim que desço de minha moto. As folhagens que antes cobriam o chão, agora estão afastadas, abrindo quase um caminho até minha porta.
Caminho lentamente até a mesma, verificando se encontra-se trancada, minha desconfiança não se vai quando vejo que sim. Sem esperar por mais, destranco a fechadura e me coloco para dentro do lugar.
Vasculho minha casa com o olhar, procurando por algo fora do normal. Nada. Meu corpo relaxa assim que não encontro algo fora do lugar, me deixando caminhar até a cozinha mais tranquilo. Já perto da mesma, começo a ouvir um murmurar baixo. Não um murmurar, um cantarolar baixo, suave e doce.
Caminho ainda mais depressa, sentindo o sangue ferver em minhas veias, pronto para acabar com qualquer um que tenha invadido meu lugar, pronto para tudo menos para a cena em minha frente.
— You could leave it all behind (Você poderia deixar tudo para trás) — continua cantoralando a loira, enquanto se concentra no corpo preso com corda em minha cadeira.
Eu estou empedrado no chão, confuso pela linda mulher estar em minha casa, junto de alguém que não reconheço apenas por suas costas. Não tenho muito tempo para tentar adivinhar, sua voz doce me tira do meu choque, puxando toda minha atenção para si.
— Even the devil needs time alone sometimes ( Até o diabo precisa de um tempo sozinho às vezes) — continua baixinho, enquanto olha para o corpo em sua frente.
Não reparo em outra coisa, se não no seu corpo pequeno até mesmo na cozinha minúscula. Seu cabelo está um pouco desajeitado, deixando alguns dos seus fios loiros fora do lugar. Isso parece uma bagunça para coisinha traiçoeira, mas o sorriso fofo estampado em seu rosto delicado, faz meu peito doer por toda sua beleza.
— You could let it all go (você poderia deixar tudo ir) — começa novamente — It's called free-fall (chama-se queda livre) — eu não faço ideia do que essa mulher está fazendo aqui, com alguém e não sei se quero tanto descobrir agora.
Olhar para seu corpo distraído é algo interessante e pretendo aproveitar um pouco mais da sua desatenção. A loira me mostra que não está tão perdida em seu próprio mundo assim, olhando fixamente em minha direção e me presenteando com um sorriso maldoso. Ela sabia que estava por aqui desde que cheguei.
— Eu estava esperando que se pronunciasse — diz para mim — Mas parece que gostou da minha voz — ela parece tão diferente — Eu trouxe um presente pela vitória — solta com um sorriso maior.
— O que está fazendo aqui, Lisse? — pergunto firme. A presença dela não é algo indesejável para mim, isso está longe na verdade. Mas não posso deixar toda essa merda tão clara — O que está fazendo em minha casa? — repito minha pergunta com menos paciência.
Seu sorriso maldoso vacila, me olhando com todo o seu gelo de volta.
— Eu já disse — diz fria — Eu trouxe um presente e você está sendo grosseiro — a mesma ergue sua mão pequena, afastando seu cabelo de seu rosto, deixando rastros vermelhos nos fios claros e na pele pálida.
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Aprendendo a ser seu
Storie d'amoreA minha vida inteira foi um fingimento e você não estava muito diferente de mim. Achávamos que tudo era preto e branco, bem e mal, mocinhos e vilões, até nos encontrarmos. Sempre fomos o lado feio, o lado ruim, assustador e rejeitado, então por que...