Cap: 2 - O Início da Jornada

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A tempestade ainda rugia sobre a vila de Seridum enquanto Eldric e Amara corriam pela noite, com o vento açoitando seus rostos e a chuva ensopando suas roupas. Cada passo que davam parecia ecoar na escuridão, e os trovões que estrondeavam no céu acima lembravam Eldric do poder oculto que ele ainda não compreendia totalmente.

Eles não pararam até estarem a uma boa distância da vila, no topo de uma colina que dava uma visão clara das terras ao redor. O vento soprava mais forte ali, como se estivesse tentando empurrá-los de volta, mas Amara parecia inabalável. Ela finalmente parou ao lado de uma árvore antiga, suas folhas balançando violentamente na tempestade.

- Precisamos parar aqui por um momento - disse Amara, sua voz cortando o som do vento. - Eles não nos encontrarão tão rapidamente se ficarmos fora das estradas principais.

Eldric, ofegante e confuso, apoiou as mãos nos joelhos enquanto tentava recuperar o fôlego. Seus pensamentos giravam como o redemoinho ao seu redor. Quem eram "eles"? Por que ele, um simples jovem de vila, estava sendo perseguido? E quem era essa mulher que surgira do nada, carregando segredos sobre sua vida que ele nunca imaginara?

- Você... precisa me explicar - disse ele, ofegante. - O que está acontecendo? Por que alguém me perseguiria? Eu não sou ninguém!

Amara o observou por um momento, como se pesasse o que deveria ou não revelar. Então, suspirou e se abaixou ao lado dele, deixando o vento chicotear seus cabelos negros.

- Eldric, há muitas coisas que você ainda não sabe sobre si mesmo. E o que você sabe... pode não ser toda a verdade - começou ela, com a voz baixa, mas firme. - Você acredita que é apenas um jovem comum, mas a verdade é que você é o último de uma linhagem antiga, uma linhagem que tem o poder de comandar os elementos.

Eldric balançou a cabeça, incrédulo. - Isso é loucura. Eu nunca fiz nada assim... nunca controlei elementos ou qualquer coisa do tipo.

- Não ainda - Amara corrigiu, seus olhos brilhando com uma intensidade que o fez estremecer. - Mas o poder está dentro de você, adormecido. E o fato de você ainda não ter despertado significa que há tempo, mas não muito. Se os inimigos que buscam esse poder chegarem até você antes que esteja preparado, o reino inteiro estará em perigo.

Eldric sentiu um frio na espinha, mas algo na maneira como Amara falava parecia quase... familiar. Como se, de alguma forma, ele soubesse que era verdade, ainda que sua mente lutasse contra a ideia.

- Então... se o poder está adormecido, como eu... como eu o desperto? - Ele perguntou, sua voz carregada de incerteza.

Amara sorriu, um sorriso pequeno, mas reconfortante. - Isso é o que viemos fazer, Eldric. Eu não estou aqui apenas para protegê-lo, mas para guiá-lo. Existe um longo caminho pela frente, e a jornada será difícil. Mas a cada passo, você se aproximará mais de seu verdadeiro destino.

Ela olhou para o céu, onde as nuvens de tempestade ainda fervilhavam, como se houvesse uma luta invisível acontecendo ali em cima.

- Precisamos encontrar um lugar seguro para descansar - continuou Amara. - As pessoas que nos perseguem têm olhos em todos os cantos do reino. Não podemos ficar em um lugar por muito tempo, mas também não podemos seguir viagem sem descanso. Há uma caverna não muito longe daqui, onde poderemos passar a noite.

Eldric assentiu, ainda processando tudo o que ouvira. Seguir Amara parecia ser sua única opção no momento, então ele a seguiu enquanto ela o conduzia por um caminho estreito entre as árvores, longe das trilhas principais. A floresta era densa e escura, os galhos das árvores se entrelaçando como se tentassem bloquear qualquer intruso.

O Herdeiro da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora