Cap: 21 - O Caminho das Sombras

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Maya estava decidida. Com o plano traçado, ela partiu antes do amanhecer para a aldeia onde os pais de Eldric, Margareth e Hector, viviam. Sabia que a missão era arriscada, mas sua determinação em ajudar era maior que o medo. O vento frio cortava seu rosto enquanto ela se movia rapidamente pela floresta, cada passo calculado para evitar ser detectada.

Enquanto isso, Eldric, Amara, Freya e Cael estavam ocupados na aldeia em que haviam parado. A situação era mais precária do que haviam imaginado. Muitas das pessoas estavam doentes, e as provisões que trouxeram eram insuficientes para todos. Eldric tentava concentrar-se no que tinha que fazer, mas sua mente estava constantemente em Maya e no perigo que ela poderia estar enfrentando.

- Precisamos de mais suprimentos - disse Eldric, esfregando as têmporas em frustração. - Isso não é suficiente para manter a aldeia até o final do inverno.

- Vou ver se encontro algo mais nas montanhas - sugeriu Cael. - Mas vai levar tempo. Essas tempestades de neve estão cada vez mais fortes.

Amara olhou para Eldric, percebendo a preocupação em seus olhos.

- Você está preocupado com Maya, não está? - perguntou ela, com uma voz suave.

Eldric hesitou por um momento antes de assentir.

- Não consigo evitar. Ela é teimosa e corajosa, mas isso também significa que ela corre mais riscos. Só espero que ela consiga passar despercebida pelos espiões dos Sombrios.

Amara colocou a mão no ombro de Eldric, tentando oferecer algum conforto.

- Maya é inteligente. Ela sabe o que está fazendo. E se precisar, nós estaremos aqui para ajudá-la.

Eldric deu um leve sorriso, grato pelo apoio, mas ainda não conseguia afastar a preocupação. Algo dentro dele dizia que as coisas não seriam tão simples quanto planejado.

Enquanto isso, Maya seguia sua jornada, tomando cuidado com cada passo. A paisagem ao redor dela era desoladora, com árvores cobertas de neve e o silêncio opressivo da floresta. Apesar de sua confiança, não pôde deixar de sentir uma leve inquietação crescer em seu peito.

Ao se aproximar da aldeia dos pais de Eldric, Maya fez uma pausa, observando ao redor. Tudo parecia tranquilo, mas ela sabia que isso poderia ser uma armadilha. Os espiões dos Sombrios eram mestres em se camuflar, e ela não podia dar espaço para erros.

Ela se aproximou da casa dos pais de Eldric, batendo levemente na porta para não chamar atenção. Margareth, uma mulher de cabelos grisalhos e expressão gentil, abriu a porta, surpresa ao ver Maya.

- Maya? O que está fazendo aqui? E onde está Eldric? - perguntou Margareth, a preocupação evidente em sua voz.

- Ele está bem - respondeu Maya rapidamente, entrando na casa e fechando a porta atrás de si. - Mas ele não pode vir até aqui agora. Há espiões dos Sombrios por toda parte, e ele não quer colocar vocês em perigo. Estou aqui para trazer suprimentos e dizer que ele está bem.

Margareth e Hector trocaram um olhar de alívio e preocupação.

- Entendemos - disse Hector, um homem de porte robusto e olhar severo. - Mas agradecemos por você ter vindo, Maya. Sabemos que não foi fácil.

- Eu faria qualquer coisa por Eldric - respondeu ela, sorrindo. - Mas preciso ser rápida. Não posso ficar muito tempo, ou posso ser seguida.

Ela entregou os suprimentos e ficou apenas o tempo suficiente para garantir que tudo estava em ordem. Antes de sair, ela se certificou de que Margareth e Hector estivessem bem escondidos e alertou-os para não saírem da casa até que ela tivesse certeza de que não havia sido seguida.

No caminho de volta, Maya sentia um peso estranho em seus ombros. Embora tivesse feito tudo certo, algo não parecia estar no lugar. O vento parecia mais cortante, e a sensação de estar sendo observada era quase palpável. Ela aumentou o ritmo, tentando afastar os pensamentos sombrios.

Entretanto, sem perceber, Maya já estava sendo seguida. Dois espiões dos Sombrios, a sinistra organização cujo chefe permanece desconhecido, haviam avistado sua entrada na aldeia e a seguiam em silêncio. Eles se mantinham à distância, esperando o momento certo para agir. Sabiam que capturar Maya não era o objetivo principal; ela poderia levá-los a algo muito mais valioso.

Quando Maya finalmente alcançou a segurança da floresta, os espiões decidiram recuar, satisfeitos por terem descoberto o local onde os pais de Eldric estavam escondidos. Voltaram às sombras, prontos para informar a seus superiores sobre o que haviam descoberto.

Maya chegou ao ponto de encontro combinado com o grupo, sem saber que estava levando um rastro de morte e perigo para os pais de Eldric. Ao avistar Eldric, sentiu um alívio momentâneo e correu para contar-lhe que tudo havia corrido bem.

- Consegui entregar os suprimentos e avisá-los. Eles estão bem, Eldric - disse ela, com um sorriso cansado.

Eldric sentiu um peso ser aliviado de seus ombros e abraçou Maya rapidamente.

- Obrigado, Maya. Você não sabe o quanto isso significa para mim.

Amara observou a interação entre eles, seu coração apertando-se mais uma vez. Mas antes que pudesse dizer algo, Freya se aproximou, com uma expressão sombria.

- Precisamos nos preparar. Recebi informações de que os Sombrios estão se movendo, e podem estar mais perto do que pensamos.

O grupo trocou olhares, sabendo que o tempo estava se esgotando. Eldric olhou para Maya, percebendo pela primeira vez a fadiga nos olhos dela.

- Descanse um pouco, Maya. Você fez mais do que o suficiente hoje. Vamos precisar de toda a força que pudermos reunir para o que está por vir.

Maya assentiu, mas, mesmo enquanto descansava, a sensação de que algo estava errado não a deixava em paz. Mal sabia ela que sua última missão tinha colocado em risco não apenas sua própria vida, mas também a vida dos pais de Eldric.

O Herdeiro da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora