Cap: 19 - Laços e Suspeitas

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O sol mal havia surgido no horizonte quando Eldric, Maya, Amara, Freya e Cael começaram a se preparar para explorar o santuário que descobriram na noite anterior. A cabana nas montanhas lhes proporcionou uma noite de descanso, mas a tensão no ar era palpável. Todos sabiam que o tempo estava se esgotando, e cada segundo era precioso.

- O que exatamente estamos procurando nesse santuário? - perguntou Freya, enquanto guardava sua adaga na bainha.

- Qualquer coisa que possa nos ajudar a enfrentar Nyra - respondeu Eldric, ajustando as alças de sua mochila. - Magia, artefatos... ou até mesmo respostas.

Amara, que estava amarrando os cadarços de suas botas, olhou para Eldric com uma expressão séria.

- Precisamos ser rápidos, mas também cuidadosos. Se aquele lugar está abandonado há tanto tempo, pode haver armadilhas ou perigos que nem imaginamos.

- Concordo - assentiu Cael. - Mas, se Nyra descobrir esse santuário antes de nós, pode ser o fim.

- Não podemos deixar isso acontecer - completou Maya, lançando um olhar determinado para os outros.

O grupo partiu da cabana, subindo a encosta da montanha até o local onde o santuário estava escondido. O caminho era íngreme e traiçoeiro, mas a determinação de cada um os impulsionava a seguir em frente.

Após algumas horas de caminhada, chegaram à entrada do santuário. Era uma caverna estreita, quase totalmente coberta pela vegetação. Apenas os símbolos antigos esculpidos nas pedras indicavam que aquele lugar era mais do que aparentava.

- Aqui estamos - disse Eldric, respirando fundo. - Vamos entrar.

Freya puxou uma tocha de sua mochila e a acendeu, iluminando o interior escuro da caverna. O grupo entrou, sentindo o ar frio e úmido do lugar. As paredes da caverna estavam cobertas por inscrições antigas, que contavam histórias de batalhas passadas e poderes esquecidos.

- Esses símbolos... - murmurou Maya, passando os dedos pelas inscrições. - Eles falam de uma antiga ordem de guerreiros que protegiam este mundo da escuridão.

- E eles foram derrotados? - perguntou Cael, tentando decifrar as imagens.

- Parece que sim - respondeu Maya, com a voz carregada de pesar. - Mas não sem antes esconderem seus segredos neste santuário.

Eldric, que estava mais à frente, encontrou um altar no centro da caverna. Nele, havia um mapa antigo, parcialmente coberto por poeira.

- Vejam isso - disse Eldric, limpando o mapa. - Isso mostra o caminho para uma aldeia nas montanhas... e algo marcado como "O Coração do Santuário".

Amara se aproximou, analisando o mapa ao lado de Eldric.

- Essa aldeia... não está longe daqui. Devemos ir até lá e ver o que encontramos.

- Pode ser perigoso - alertou Freya. - Nyra pode ter espiões por toda parte.

- Sabemos que temos que ser cautelosos - disse Eldric, tentando manter a calma no grupo. - Mas não temos escolha. Este santuário pode ser a nossa única esperança.

Maya, que estava mais silenciosa do que o normal, finalmente falou.

- Eu vou com Eldric até a aldeia. Podemos verificar o local e voltar antes do anoitecer.

Amara hesitou, claramente desconfortável com a ideia de Eldric e Maya saírem juntos.

- Eu deveria ir também. Não sabemos o que podemos encontrar lá.

Maya olhou para Amara, tentando esconder sua frustração.

- Se todos formos, ficaremos mais expostos. Além disso, alguém precisa ficar e continuar explorando este santuário.

- Ela está certa - interveio Cael, tentando evitar qualquer conflito. - Devemos nos dividir.

Eldric percebeu a tensão crescente e decidiu tomar uma decisão.

- Certo, Maya e eu iremos à aldeia. Freya, Amara e Cael, fiquem aqui e vejam o que mais conseguem descobrir. Nos encontraremos na cabana ao anoitecer.

Amara assentiu, mas o desconforto era evidente em seu olhar. Eldric se aproximou dela e colocou uma mão em seu ombro.

- Nós voltaremos logo - disse Eldric, com um sorriso tranquilizador. - Confio em você para manter tudo sob controle aqui.

Amara sorriu de volta, embora seu coração estivesse apertado.

- Tome cuidado.

Maya já estava esperando na entrada da caverna, e Eldric se juntou a ela. Os dois partiram em direção à aldeia, enquanto o restante do grupo continuava a explorar o santuário.

Conforme Eldric e Maya desciam a montanha, o silêncio entre eles era pesado. Finalmente, Maya quebrou o silêncio.

- Eu sei que Amara se preocupa com você... mas quero que saiba que estou aqui para você também, Eldric. Não importa o que aconteça.

Eldric olhou para ela, percebendo o peso de suas palavras.

- Eu sei, Maya. E sou grato por isso.

Maya sorriu, mas havia uma mistura de tristeza e determinação em seus olhos.

Enquanto isso, na caverna, Amara tentava se concentrar na tarefa em mãos, mas seus pensamentos continuavam a voltar para Eldric e Maya. Freya, que notou o desconforto de Amara, tentou mudar de assunto.

- Este santuário... deve ter algo mais escondido aqui. Talvez algum artefato ou um caminho secreto.

- Eu estava pensando o mesmo - disse Cael, enquanto examinava as inscrições nas paredes. - Não podemos deixar nenhuma pedra sem virar.

Amara concordou, embora sua mente estivesse dividida entre a tarefa e as preocupações com Eldric. Sentia-se dividida entre seu dever e seus sentimentos, algo que nunca havia enfrentado antes.

- Vamos encontrar o que precisamos aqui - disse Amara, mais para si mesma do que para os outros.

O grupo continuou a explorar a caverna, procurando por qualquer pista que pudesse ajudá-los na batalha que se aproximava.

Mais tarde, ao cair da noite, Eldric e Maya retornaram à cabana. Os dois estavam exaustos, mas suas expressões mostravam que haviam encontrado algo importante.

- Precisamos falar - disse Eldric, com um tom de urgência na voz. - Descobrimos algo na aldeia que pode mudar tudo.

Amara, Freya e Cael se aproximaram, ansiosos para ouvir o que tinham a dizer.

- O que encontraram? - perguntou Freya, sua curiosidade evidente.

Maya olhou para Eldric antes de responder.

- Encontramos um artefato na aldeia, algo que pode ser a chave para ativar o poder do santuário. Mas... também descobrimos que Nyra pode estar mais próxima do que imaginávamos.

Eldric completou:

- Precisamos nos preparar. Se o que descobrimos estiver certo, o confronto final está mais próximo do que esperávamos.

O grupo trocou olhares preocupados. Sabiam que a luta contra Nyra seria brutal, mas agora também estavam lidando com a crescente tensão entre eles, algo que poderia facilmente destruir a frágil união que haviam construído.

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