Cap: 18 - Corações em Alerta

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Após o intenso confronto com Nyra e seus comparsas, o grupo sabia que precisava se afastar para se recuperar e se reorganizar. A clareira onde haviam acampado já não oferecia a segurança necessária. Cael, conhecendo bem a região, sugeriu um refúgio nas montanhas.

- Há uma antiga cabana nas montanhas, não muito longe daqui - disse Cael, ao redor da fogueira. - É isolada e deve nos dar tempo para descansar e nos prepararmos para o que vem a seguir.

- Parece uma boa ideia - respondeu Eldric, tentando afastar a preocupação que sentia pelo grupo. - Precisamos de um lugar seguro.

Maya, que estava sentada ao lado de Amara, assentiu, mas havia algo em seu olhar que Eldric não conseguia decifrar.

- Vamos logo então, antes que o frio aumente ainda mais - sugeriu Freya, já se levantando para reunir seus pertences.

A caminhada até a cabana foi árdua, com o grupo avançando em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A paisagem ao redor mudava à medida que subiam, com as árvores tornando-se mais esparsas e o ar cada vez mais frio.

Finalmente, após horas de caminhada, a cabana apareceu entre as árvores. Era uma estrutura simples, com paredes de madeira e um telhado coberto de musgo, mas oferecia o abrigo que tanto precisavam.

- Chegamos - anunciou Cael, empurrando a porta de madeira, que rangeu ao abrir.

- Não é exatamente luxuosa, mas vai servir - comentou Freya, acendendo a lareira enquanto os outros se acomodavam.

Amara se aproximou de Eldric, oferecendo um sorriso cansado.

- O importante é estarmos juntos e seguros. Precisamos de um descanso.

Eldric concordou, mas seus pensamentos estavam divididos. A tensão entre ele, Amara e Maya havia se intensificado desde o confronto com Nyra, e ele sabia que, cedo ou tarde, teria que lidar com isso.

Enquanto Cael e Freya preparavam uma refeição simples, Eldric se afastou para explorar os arredores. Ele caminhou em direção à encosta da montanha, tentando clarear a mente. Foi quando algo chamou sua atenção: uma formação rochosa que parecia artificial.

- Estranho... - Eldric murmurou para si mesmo, se aproximando.

Ele tocou a pedra e percebeu uma inscrição quase apagada, coberta pelo musgo. Eldric franziu a testa, tentando decifrar os símbolos.

De repente, sentiu uma presença ao seu lado. Virou-se e viu Amara, que o observava com curiosidade.

- O que você encontrou? - ela perguntou.

- Não tenho certeza - respondeu Eldric, afastando o musgo para revelar mais símbolos. - Parece algum tipo de inscrição antiga.

- Isso não é um santuário? - sugeriu Amara, inclinando-se para observar melhor.

Eldric olhou para ela, surpreso.

- Pode ser... Mas o que faria um santuário aqui, no meio das montanhas?

Antes que pudessem discutir mais, Maya e Cael se juntaram a eles, seguidos por Freya. Maya olhou para a inscrição com interesse, enquanto Freya tocava a superfície da pedra.

- Isso definitivamente é um santuário - confirmou Freya. - Mas parece abandonado há muito tempo.

Maya, que havia permanecido em silêncio, finalmente falou.

- Santuários como este eram usados para proteção. Talvez possamos usá-lo a nosso favor.

- Você acha que ainda pode ter algum poder? - perguntou Eldric, olhando para Maya.

- Não sabemos até tentarmos - respondeu Maya, com um brilho de desafio nos olhos.

- Devemos explorar isso melhor amanhã - decidiu Eldric, tentando ignorar a tensão no ar. - Pode ser a chave para fortalecermos nossa defesa.

De volta à cabana, o grupo se reuniu ao redor do fogo. O calor era reconfortante, mas a tensão entre eles era palpável.

- Se esse santuário puder nos ajudar, devemos descobrir como ativá-lo - disse Cael, quebrando o silêncio.

- Concordo. Mas devemos ser cautelosos - acrescentou Freya. - Não sabemos que tipo de magia pode estar adormecida lá.

Eldric assentiu, mas seus pensamentos voltaram-se para Maya e Amara. Ele sabia que ambos os sentimentos estavam crescendo, mas não sabia como lidar com a situação sem prejudicar a dinâmica do grupo.

- Amanhã, vamos começar cedo - disse Eldric, tentando focar no plano. - Precisamos descobrir mais sobre o santuário e como podemos usá-lo.

Amara olhou para ele, tentando esconder o desconforto.

- Podemos nos revezar. Enquanto alguns exploram o santuário, outros podem verificar as aldeias próximas, ver se precisam de ajuda.

Maya concordou, mas Eldric notou a leve tensão em seu sorriso.

- Eu posso ficar com você, Eldric, para explorar o santuário - sugeriu Maya, lançando um olhar rápido para Amara.

Amara hesitou antes de falar.

- Eu posso ir às aldeias com Freya, então.

A tensão era evidente, mas ninguém comentou. O grupo estava cansado demais para discussões, e todos sabiam que precisavam manter o foco na missão maior.

- É o melhor plano por agora - concluiu Eldric, tentando soar decisivo.

A noite avançou, e um por um, os membros do grupo se acomodaram para dormir. Eldric, no entanto, permaneceu acordado, olhando para o teto da cabana, sua mente cheia de preocupações.

No silêncio da noite, ele ouviu passos suaves se aproximando. Virou-se e viu Maya se aproximar, envolta em uma manta.

- Não consegue dormir? - perguntou ela, sentando-se ao lado dele.

- Não muito - admitiu Eldric. - Tem muita coisa em jogo.

Maya olhou para o fogo, o brilho dançando em seus olhos.

- Eu sei que há muito em nossas mãos. Mas você não precisa carregar esse peso sozinho, Eldric. Eu estou aqui... sempre estive.

Eldric sentiu o peso de suas palavras, mas antes que pudesse responder, Amara apareceu, interrompendo o momento.

- Está tudo bem? - perguntou Amara, olhando entre os dois.

Maya forçou um sorriso.

- Sim, só estamos conversando.

Amara assentiu, mas Eldric sentiu a tensão aumentar novamente.

- Acho que todos devemos descansar agora - disse Amara, tentando manter a voz neutra.

Maya se levantou, lançando um último olhar para Eldric.

- Boa noite, Eldric.

- Boa noite, Maya - ele respondeu, observando-a sair.

Amara sentou-se ao lado dele, o silêncio entre eles pesado com o que não era dito.

- Eldric, eu... - começou Amara, mas parou, lutando com as palavras.

- O que foi, Amara? - perguntou Eldric, sentindo a tensão em sua voz.

- Só quero que saiba que... estou aqui para você, não importa o que aconteça.

Eldric olhou para ela, percebendo a sinceridade em seus olhos.

- Eu sei, Amara. E sou grato por isso.

O silêncio entre eles era carregado de emoções não ditas, e antes que pudessem falar mais, Freya se virou na cama improvisada, murmurando algo sobre o dia seguinte.

- Vamos descansar. Amanhã será um longo dia - disse Eldric, deitando-se.

Amara apenas assentiu, deitando-se ao seu lado, seus pensamentos tão tumultuados quanto os dele.

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