Cap: 29 - O Despertar de Eldric

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O grupo avançava cautelosamente em direção ao esconderijo dos Sombrios. A floresta ao redor estava estranhamente silenciosa, e apenas o som de suas respirações quebrava a tensão crescente no ar. Maya, sempre alerta, mantinha os olhos atentos a qualquer movimento, enquanto guiava os outros pelos caminhos ocultos que os levavam ao coração do esconderijo.

- Estamos quase lá - murmurou Amara, com a voz baixa. - Fiquem prontos.

- Temos que ser rápidos - acrescentou Freya, sua voz carregada de urgência. - O Mestre já deve estar ciente de que estamos nos aproximando.

- Não importa. Vamos entrar e sair antes que ele perceba - disse Cael, sua determinação inabalável.

De repente, Maya parou abruptamente, fazendo um gesto com a mão para que os outros também parassem.

- Alguém está nos observando - disse ela em um tom grave, seus olhos fixos em algo à frente, além das sombras densas da floresta.

Freya franziu o cenho, sua magia pulsando levemente ao redor de suas mãos.

- Espiões? - sussurrou, preparando-se para um possível confronto.

- Não tenho certeza. Mas seja lá o que for, temos que nos mover rápido - disse Maya. - Eles podem estar nos vigiando há algum tempo.

Mal haviam terminado de falar, um vulto passou rapidamente entre as árvores, quase imperceptível aos olhos comuns. Era um dos espiões do Mestre, e ele agora estava observando o grupo com atenção. Suas vestes escuras o tornavam quase invisível na densa escuridão da floresta, mas ele não pôde esconder o leve farfalhar das folhas sob seus pés ao se mover com rapidez.

Maya ouviu o som e olhou na direção dele, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento, o espião desapareceu na direção do esconderijo.

- Droga! - murmurou Amara. - Ele nos viu. Devemos nos apressar.

- Vamos em frente - concordou Cael, apertando o punho da espada.

Sabendo que o tempo era essencial, o grupo começou a correr em direção ao esconderijo. Eles sabiam que, em questão de minutos, o Mestre estaria ciente de sua chegada.

No coração do esconderijo dos Sombrios, o Mestre caminhava pelos corredores sombrios, até alcançar a cela onde Eldric estava preso. O ambiente era abafado, com uma leve vibração no ar após a explosão que sacudiu o lugar horas antes. Ao chegar diante de Eldric, ele percebeu algo estranho. Os cabos que sugavam os poderes do jovem pareciam inativos, o fluxo havia parado.

- O que está acontecendo aqui? - murmurou o Mestre, olhando com desconfiança para os tubos.

Ele se aproximou de Eldric, que permanecia imóvel, e com um gesto impaciente arrancou os tubos do corpo do prisioneiro, observando o que restava de seus poderes sendo armazenado em um pequeno recipiente. O Mestre sorriu de forma diabólica, segurando o recipiente com uma reverência quase religiosa. Desta vez, ele não cometeria o mesmo erro. Decidiu beber o poder de Eldric.

Com um movimento rápido, ele levou o recipiente aos lábios e bebeu todo o conteúdo, sentindo uma energia intensa percorrer seu corpo. Uma risada maléfica ecoou pelas paredes da cela enquanto ele erguia a mão e lançava uma poderosa rajada de luz contra a parede, criando uma cratera.

- Finalmente, Eldric! - disse o Mestre, se virando para o jovem que agora fingia estar acordando. - Parece que consegui o que eu queria. Estou mais poderoso do que nunca, e você... você está fraco. Adiantou alguma coisa se sacrificar por seus amigos? Eles provavelmente fugiram, te deixaram para trás. Não passam de covardes!

Eldric, ainda confuso e tentando processar tudo, respondeu com voz firme:

- Eles vão voltar para me buscar. Você será derrotado.

O Mestre riu mais alto, aproximando-se de Eldric com uma expressão de desdém.

- Garoto tolo. Você sabe quem você realmente é? Sabe sua história?

Eldric franziu o cenho, sem entender.

- O que você quer dizer com isso?

O Mestre cruzou os braços, aproximando-se ainda mais.

- Você não é filho de Margareth e Hector. Deu sua vida por duas pessoas que nem são seus pais. Mas eu vou te contar quem realmente são seus pais. Seu pai era um rei, governava um reino chamado Norvik. Ele era poderoso, amado por todos, leal e justo. Sua mãe, a rainha, era igualmente adorada, caridosa e generosa. Quando você nasceu, eles tiveram o infortúnio de atrair minha atenção. Desde bebê, você já mostrava sinais de um poder incrível.

O olhar de Eldric endureceu à medida que as palavras do Mestre penetravam sua mente.

- Em uma noite de tempestade, eu invadi o reino e tentei te levar. Seu pai tentou impedir e pagou com a vida. Sua mãe, desesperada, fugiu com você e te entregou a Margareth e Hector para que te criassem longe, onde eu não pudesse te encontrar. E agora, aqui estamos. Eles falharam. Você está aqui comigo.

O Mestre deu uma pausa, saboreando a angústia no rosto de Eldric.

- Sua mãe ainda está viva, Eldric. Ela espera que você me derrote e tome seu lugar como herdeiro do trono de Norvik. Mas eu irei atrás dela em breve. Depois de acabar com você, não haverá mais resistência. O reino será meu!

Eldric ficou em silêncio, sua mente trabalhando rapidamente enquanto tentava processar a verdade recém-revelada. Antes que pudesse responder, o Mestre foi interrompido por um de seus espiões que entrou apressado na sala.

- Mestre, o grupo está nos arredores do esconderijo! Eles estão vindo!

O sorriso de Eldric cresceu, apesar de sua situação aparentemente desesperadora.

- Eu não disse que eles viriam?

O Mestre ficou furioso, dando um passo atrás enquanto Eldric ria baixinho. Sem perder tempo, ele saiu da cela, determinado a confrontar o grupo que se aproximava. Do lado de fora, Maya, Freya e Cael se preparavam para o que estava por vir. O Mestre, acompanhado de seus capangas, emergiu das sombras com um olhar triunfante.

- Achei que vocês poderiam ser espertos o bastante para não virem - disse o Mestre, sua voz gotejando sarcasmo. - Mas agora, será uma honra derrotar todos vocês. Eldric está fraco, e eu estou com os poderes dele.

Enquanto isso, dentro do esconderijo, Amara, disfarçada, se infiltrou e estava à procura de Eldric. Sua determinação a guiava por entre as paredes escuras até que, finalmente, ela ouviu uma voz familiar.

- Amara! - Eldric sussurrou.

- Eldric! - Ela correu até ele e, com um golpe rápido, quebrou as algemas que o prendiam.

Eles se abraçaram com força, sentindo o alívio de estarem juntos novamente.

- Achei que nunca mais te veria - disse Amara, beijando-o profundamente. - Vamos sair daqui. Eles estão nos esperando lá fora.

Quando os dois finalmente apareceram, o Mestre virou-se, surpreso. Sua expressão ficou ainda mais sinistra.

- Como...? Não importa. Será uma honra destruir todos vocês agora. Eldric está fraco, e eu estou com seus poderes!

Eldric, com um sorriso confiante, respondeu:

- Você acha que está no controle, mas você nunca entendeu meus poderes. Quando testou meu poder da primeira vez, você fez errado. As algemas racharam, e os tubos se danificaram. O que você coletou hoje não era nem a metade. Consegui reunir toda a minha força novamente. E com meus amigos ao meu lado, está na hora de começarmos nossa brincadeira.

O Mestre estreitou os olhos, furioso.

- Vamos ver então, Eldric. Eu estou com o que restou do seu poder. Como você vai lidar com ele sendo usado contra você?

O grupo ficou em posição de batalha, o ar carregado de tensão. A luta estava prestes a começar.

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