Cap: 25 - O sequestro

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O sol mal havia se erguido quando Maya partiu em direção à casa dos pais de Eldric. A missão parecia simples: levar suprimentos e informar Hector e Margareth que Eldric estava bem, mas que não poderia vê-los tão cedo. Apesar da simplicidade da tarefa, Maya não conseguia afastar a sensação de inquietação que a acompanhava. Ela tentou convencer a si mesma de que era apenas nervosismo, mas sabia que algo mais sombrio estava à espreita.

- Está tudo bem, Maya - ela murmurou para si mesma, tentando se acalmar. - Só uma entrega simples. Eu conheço esse caminho como a palma da minha mão.

Ela ajustou o capuz sobre a cabeça, afundando os pensamentos em memórias de infância com Eldric. Aquilo a confortou por um tempo, mas, à medida que se aproximava da casa, sentia como se sombras invisíveis estivessem se movendo ao redor dela, observando cada passo que dava.

Enquanto caminhava, ela olhava furtivamente ao redor, incapaz de se livrar da sensação de estar sendo seguida. A floresta parecia mais densa e opressiva do que o normal. As árvores, que antes pareciam familiares, agora estavam carregadas de um peso invisível, quase como se estivessem escondendo algo entre as folhas.

- Eu só estou sendo paranoica... - disse ela, acelerando o passo. Mas uma parte dela não estava tão certa disso.

Enquanto Maya fazia seu caminho, dois espiões dos Sombrios a seguiam a uma distância segura, ocultos pelas sombras e pelas habilidades de camuflagem que dominavam. Eles tinham ordens claras: observar, relatar e aguardar o momento certo.

- Ela está indo direto para o alvo - sussurrou um dos espiões, os olhos brilhando nas sombras da floresta. - Não podemos ser vistos, ou tudo pode fracassar.

- Não se preocupe. Ela não faz ideia de que estamos aqui. É só uma questão de tempo antes que possamos atacar.

Os dois trocaram olhares sombrios e seguiram em silêncio, como predadores à espreita de uma presa vulnerável.

Maya chegou à casa dos pais de Eldric e bateu na porta com um leve sorriso. Hector foi o primeiro a aparecer, seu rosto enrugado se iluminando ao vê-la.

- Maya! - exclamou ele, abraçando-a calorosamente. - Faz tempo que não nos visita.

- Trouxe suprimentos e notícias de Eldric - disse ela, entrando na casa. - Ele está bem, mas não pode vir agora. As coisas estão... complicadas.

Margareth apareceu, oferecendo chá enquanto os três conversavam. Maya tentou não demonstrar a preocupação que sentia no fundo, mas a sensação de estar sendo observada ainda a incomodava. Ela respirou fundo e continuou com o que tinha a dizer.

- Eldric pediu para dizer que, assim que a situação melhorar, ele virá pessoalmente visitá-los. Ele sente muito a falta de vocês, mas há... muitos olhos por aí.

Hector assentiu gravemente.

- Sabemos como as coisas estão tensas. Não queremos colocar ele ou vocês em perigo. Ficaremos bem por aqui.

Maya sorriu, aliviada por um momento, sem saber o que a esperava quando voltasse. Terminou sua visita, deu um último abraço em Margareth e Hector, e partiu, sem perceber as figuras que emergiam das sombras pouco tempo depois.

Assim que Maya desapareceu no horizonte, os espiões dos Sombrios avançaram. Eles se moviam como sombras, silenciosos e implacáveis. Um deles sorriu maliciosamente enquanto observava Hector e Margareth fechando a porta, inocentes quanto ao que estava por vir.

- Agora - disse o espião mais alto. - Levamos os pais de Eldric para o Mestre. Isso vai desestabilizá-lo.

- Ele não vai saber o que o atingiu. Vamos.

Com uma rapidez calculada, eles invadiram a casa, surpreendendo o casal. Margareth tentou gritar, mas foi silenciada instantaneamente. Hector lutou, mas foi facilmente dominado. Em poucos minutos, ambos estavam amarrados e inconscientes, prontos para serem levados ao Mestre dos Sombrios.

Enquanto isso, na vila, o grupo estava concentrado em reforçar os suprimentos e ajudar os aldeões. Eldric e Amara trabalhavam lado a lado, uma proximidade que não passava despercebida por Cael e Freya.

- Você já notou como eles estão cada vez mais próximos? - sussurrou Freya para Cael, com um sorriso malicioso no rosto.

- Claro que notei. Até parece que não percebemos desde o início - respondeu Cael, também sorrindo. - Mas ainda não é o momento certo, acho que eles sabem disso.

Freya assentiu, observando Eldric e Amara trocarem olhares cúmplices enquanto trabalhavam.

- Mas não vai demorar muito - disse ela em tom brincalhão. - Talvez depois de toda essa confusão, eles finalmente percebam.

Amara, por outro lado, estava ciente das implicações, mas tentou manter o foco na missão. A proximidade com Eldric a desconcentrava de uma maneira que ela não esperava.

- Concentre-se, Amara - disse ela para si mesma, enquanto organizava os suprimentos. Eldric a olhou de relance, percebendo a tensão entre eles, mas optou por não comentar. Ele também estava ciente do crescente laço entre os dois, mas sabia que não era hora para distrações.

Do outro lado, os Sombrios estavam em pleno movimento, liderados por um dos generais que, com um sorriso cruel, recebeu o relatório dos espiões.

- Então, os pais de Eldric estão em nossas mãos - disse o general, de olhos brilhantes. - Perfeito. Isso vai quebrar o espírito dele.

- E a garota, Maya? - perguntou um dos espiões.

- Ela não tem ideia do que fez. Deixe que pense que tudo está sob controle. Quando perceber o erro, será tarde demais.

O general riu, enquanto os espiões discutiam as próximas etapas do plano.

- Quando ela voltar para avisar que tudo está bem, Eldric ficará desprotegido emocionalmente. Ataque na hora certa. Nós o quebraremos por dentro antes da batalha final. Quando perceber o que fizemos, ele já terá perdido muito.

O plano estava em ação, e os Sombrios aguardavam o momento de atacar, confiantes de que suas jogadas estavam prestes a desmoronar o espírito do grupo.

De volta ao acampamento, Maya chegou exausta, mas aliviada, crente de que tudo estava sob controle. Ela encontrou Eldric e o resto do grupo, com um sorriso no rosto.

- Missão cumprida. Seus pais estão bem, Eldric, e mandei todas as mensagens que você pediu.

Eldric sorriu aliviado, abraçando Maya.

- Obrigado, Maya. Sabia que poderia contar com você.

No entanto, enquanto o grupo começava a relaxar e organizar os próximos passos, ninguém tinha ideia do que estava prestes a acontecer. Mal sabiam eles que o destino havia tomado um rumo mais sombrio e que o jogo dos Sombrios estava apenas começando.

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