Capítulo 20

1 0 0
                                    

Sirius estava ferido. Por dentro e por fora.

Assim que percebeu que Snape havia desaparecido por completo, o Gangrel tentou olhar em volta, mas descobriu que não podia mais abrir os olhos. Assustado, levou a mão ao rosto e descobriu uma grossa camada de pele queimada, percebendo o motivo de toda a dor que sentira no momento em que Snape colocara a mão sobre seus olhos, dizendo aquelas palavras estranhas.

Estava cego.

Perceber aquilo produziu um efeito devastador em Sirius. Foi a última gota que faltava para que o desespero tomasse conta de si por completo. Cobriu o rosto contorcido pela dor com as mãos, impossibilitado até de chorar.

Tinha perdido tudo naquela noite.

Sirius sabia que o Sol estava próximo, mas resistiu à vontade de simplesmente ficar deitado lá esperando por ele. Jamais se entregaria à derrota final.

Com esse pensamento, tentou levantar-se dali, mas estava tão machucado que tudo que conseguiu fazer foi se arrastar para longe das pedras, a cabeça ferida doendo horrivelmente. Suas mãos tatearam o chão até encontrarem terra fofa, usando suas últimas forças para cavar um buraco e se arrastar pra dentro dele, enterrando-se logo em seguida.

Pela primeira vez desde que fora abraçado, Sirius teve vontade de dormir pra nunca mais acordar.


::::::::::


Harry foi acordado com uma sacudida nada gentil no seu ombro.

- Acorde. - a voz de Krum se fez ouvir logo em seguida, forçando Harry a abrir os olhos - Temos que ir.

Assim que percebeu que o Tzimisce estava acordado, Krum se limitou a jogar sua jaqueta de couro sobre a cabeça do outro, dando-lhe as costas imediatamente.

Harry puxou a jaqueta da cabeça bem a tempo de ver o estrago que os raios solares tinham feito nas costas do Brujah. Apesar de já apresentar os primeiros sinais de recuperação, o aspecto da pele ainda estava muito feio e as costas de Krum estavam descascadas e feridas. Claro que, perto das feridas que um vampiro sem a mesma resistência (1) ganharia depois daquela exposição, aquele tipo de ferimento não era nada, mas, mesmo assim, deveria doer.

A situação de Harry também não era das melhores. Normalmente ele seria capaz de recuperar o braço arrancado em apenas alguns minutos, mas uma ferida provocada por dentes lupinos não se curava tão facilmente e, dessa vez, ele precisaria de, pelo menos, uma semana para recuperar-se por completo.

De qualquer forma, estava tão acostumado com deformações daquele tipo que nada daquilo fazia diferença para ele. Já passara por situações muito piores no passado.

Harry olhou em volta e viu que Cedric não estava mais ali, Fleur também tinha acabado de pular para fora. O lupino desconhecido de Harry carregava Sirius ainda em sua forma animal nos braços, esperando pela sua vez de deixar aquele local. O Tzimisce então jogou a jaqueta de Krum sobre os ombros e levantou-se, andando para perto de Lupin.

- Sirius está bem? - ele perguntou, olhando para o cão nos braços de Remus.

- Ele vai ficar. - Remus respondeu, ajeitando-o melhor em seus braços para poder estender a mão na direção de Harry - O meu nome é Remus Lupin, muito prazer.

O Tzimisce apertou a mão estendida, mas limitou-se a dizer-lhe o nome. Tentaria dizer "muito prazer" quando seu braço estivesse de volta no lugar.

Krum tinha acabado de subir e estava estendendo a mão na direção de Harry para ajudá-lo a sair dali. Ele teve vontade de recusar a ajuda, mas não teve ânimo sequer pra isso. Subiu silenciosamente, sendo seguido por Remus, que não conteve um suspiro de alívio ao sentir o ar gelado da noite bater em seu rosto novamente.

Sangreal (wolfstar) (drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora