Finalmente, estava tudo terminado. Voldemort tinha deixado de existir naquele mundo. Depois de tantas décadas, sua vingança estava concluída.
Harry olhou para o que havia restado de seu antigo verdugo. Nada mais do que uma concha vazia. Um nada.
Poucas visões poderiam dar mais prazer para aquele vampiro.
Neste momento, uma movimentação de sombras lhe arrancou dos seus pensamentos. E, do meio delas, surgiu um homem muito altivo e elegante, todo vestido de negro.
Harry sabia perfeitamente bem quem era aquele homem. Conhecia aquela presença melhor do que ninguém. Era sua companhia íntima. Esteve ao seu lado desde quando conseguia se lembrar.
Os dois vampiros se olharam. Durante alguns segundos, nenhum dos dois falou nada.
Foi Harry quem quebrou o silêncio.
- Era você o tempo todo.
Não foi uma pergunta, pois não havia nenhuma dúvida.
Snape permaneceu em silêncio. Era como se tivesse empenhando todos os seus esforços para que seus olhos não denunciassem nenhum sentimento.
Depois de tantos anos, estava frente a frente com Harry. Pela primeira vez, aqueles olhos verdes perscrutadores o encaravam de frente. Snape não fugiria mais daquele olhar, mas também não seria capaz de dar as respostas que lhe eram silenciosamente exigidas.
Confrontado daquela forma, Snape sentiu-se um tolo. Completamente vulnerável diante da possibilidade de traduzir em palavras todos os sentimentos que lhe passavam pelo peito naquele momento.
Foi neste mesmo instante em que o Lasombra se deu conta.
Ele, um ancião. Tão poderoso, tão temido e, por que não dizer? Tão monstruoso! Sentia-se, ali, naquele momento, muito...
Humano.
O sorriso que surgiu no canto dos lábios do vampiro mais velho não passou despercebido por Harry.
- É engraçado... estamos nos vendo de verdade pela primeira vez. - Harry recomeçou a falar - digo, eu estou te vendo pela primeira vez. Mas, não consigo deixar de me sentir estranhamente... íntimo. Como se você fosse um companheiro de uma vida inteira. Sinto que você estava lá desde o momento em que nasci.
- Eu estava. - Snape falou muito baixo, contendo um tolo sentimento de orgulho que aquela simples frase lhe causava.
- Acho que era por isso que meu pai sempre dava risada quando eu falava que me sentia muito sozinho. - Harry comentou enquanto batia as próprias roupas, como se o sangue da recente batalha que empapava suas vestes fosse poeira e pudesse se dissipar daquela maneira. - Você sempre esteve lá quando eu precisei, não é? - continuou - Em todos os momentos.
- Sim. Até agora. - Snape respondeu - mas, a partir de hoje, você não mais precisará de mim. - Harry o olhou, interrogativo - Agora você é o novo Arcebispo. O vampiro mais poderoso da cidade.
- Pelo contrário. - Harry sorriu, melancólico - eu sinto que nunca precisei tanto de você como agora.
Snape, sempre tão perito em esconder seus próprios sentimentos, desta vez deixou escapar uma expressão de genuíno assombro.
- Você destruiu o antigo Arcebispo. - explicou - O Sabá agora lhe pertence. E, bem, com o príncipe morto... é certo dizer que esta cidade agora pertence ao Sabá. Você é dono da vida e da morte de todas as criaturas que aqui vivem.
Harry fez uma careta.
- O fato é que eu... não quero nada disso. Eu não posso.
- Não pode?
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Sangreal (wolfstar) (drarry)
Fanfic"Harry não pôde deixar de sentir uma pontinha de satisfação sádica ao ver Draco se aproximar de si com o nariz empinado a ponto de transformar em proeza o fato dele não tropeçar no meio do caminho. Parecia estar doido para esfregar sua baixa geração...