Capítulo 21

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Na noite seguinte, a cena se inverteu. Desta vez, era Draco quem estava parado diante da porta do quarto de Harry, sentindo-se o mais perfeito idiota.

Hesitou durante alguns segundos entre bater ou simplesmente fugir dali o mais rápido possível, mas o desejo sobrenatural de ver Harry acabou vencendo e ele se viu dando três discretas pancadinhas na madeira sólida.

O Ventrue não se surpreendeu quando não houve qualquer resposta do outro lado. O Sol tinha sumido há apenas alguns minutos e Harry era do tipo que dormia até tarde. Por isso, Draco se atreveu a girar a maçaneta, abrindo a porta, satisfeito por não encontrá-la trancada.

Ele então deu alguns passos hesitantes pelo interior do quarto escuro enquanto seus olhos passeavam pelo local. Tudo parecia meio caótico e desordenado. Tomou o cuidado de não tropeçar no que tinha sobrado da roupa usada por Harry na véspera, seus olhos atentos reparando numa fina trilha de sangue que terminava no banheiro. No chão, também havia um recipiente vazio que o vampiro logo adivinhou ser do sangue que Harry havia tomado na véspera e uma toalha ainda úmida. Seus olhos então se voltaram para a cama, descobrindo-a vazia, apesar do cheiro do Tzimisce denunciar a sua presença no quarto.

O Ventrue deu mais alguns passos e se surpreendeu ao ver um caixão aberto do outro lado da cama e, dentro dele, uma figura extremamente pálida, vestida apenas com uma calça preta surrada de moletom e uma blusa escura de algodão, dormia profundamente, parecendo alheio a sua presença. O loiro então se aproximou um pouco mais, deixando-se enfeitiçar pela beleza daquele rapaz. Ele sempre se perguntara por que Harry, sendo tão habilidoso em Vicissitude, aparentemente nunca a usara em si mesmo como era comum entre os demais de seu clã. Sim, porque apesar de ser bonita, a aparência de Harry não se destacava em nada da de um humano comum, não havia nada de sobrenatural nela. O moreno até ostentava uma feia cicatriz em forma de raio na testa, a qual sempre tinha o poder de deixá-lo intrigado.

Draco então afastou os olhos, contendo o impulso de esticar a mão para ajeitar uma mecha de cabelo que, no momento, escondia a marca, passando a dedicar sua atenção ao conteúdo espalhado pelas extremidades do caixão. Desta vez, sem conter a curiosidade, inclinou o corpo, esticando os dedos, que se afundaram no pó marrom, sentindo a sua consistência granulada e cheia de pedregulhos.

Então era verdade que os Tzimisce tinham que se cercar de terra do local onde tinham nascido (1)!

Draco estava tão entretido com sua descoberta que só se deu conta de que o outro vampiro tinha acordado quando sentiu seu braço puxá-lo pela cintura, desequilibrando-o sem muito esforço, graças a sua posição desfavorável, e fazendo com que desabasse dentro do caixão bem em cima dele. O Ventrue reagiu assim que se viu naquela posição, tentando se levantar, mas, sendo impedido pelas pernas do vampiro se envolvendo em sua cintura com agilidade.

- O que está fazendo? Me solta! - Draco ordenou, sentindo-se imobilizado da cintura pra baixo, mas ainda se debatendo com todas as forças pra se libertar.

- Ora, mas você não veio aqui pra isso? - Harry perguntou, arqueando os quadris contra o abdômen de Draco de uma forma tão indecente que o Ventrue ficou imediatamente sem graça.

- Claro que não, seu idiota!

- Oh, não? Então, talvez você prefira de uma outra forma... - Harry provocou e com um movimento ágil, trocou de posição com o outro, passando a pressioná-lo contra o forro aveludado do caixão, mantendo-o sob seu corpo sem muito esforço, mesmo estando sem um dos braços. Sua mão fez pressão contra o peito do loiro, e ele levantou o tronco para olhar em seus olhos, enquanto abria espaço entre suas pernas, pressionando os quadris como se fosse penetrá-lo.

Sangreal (wolfstar) (drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora