𝐓𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀.

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Será mesmo que existiu ou foi coisa que inventei
Quanto você sentiu, quanto que eu me entreguei
Quando que eu te perdi
Quando que eu não enxerguei

Será mesmo que existiu ou foi coisa que inventeiQuanto você sentiu, quanto que eu me entregueiQuando que eu te perdi Quando que eu não enxerguei

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𝐌𝐀𝐘𝐀.

Faz uma semana desde que tudo desmoronou de vez. Sete dias que eu não vejo mais o nascer do sol, que as manhãs parecem vazias, como se o mundo perdesse as cores com ele. Quando vi a notícia de que ele iria se casar, foi como levar um soco no estômago sem aviso. Naquele momento, o chão desapareceu, e eu fiquei ali, suspensa entre a incredulidade e a dor. Eu sabia que ele teria que seguir em frente em algum momento, que as obrigações de sua vida iriam, inevitavelmente, falar mais alto. Mas... tão rápido?

Quando a "grande notícia" surgiu na tela do meu celular, foi como se o tempo congelasse. O mundo ficou em silêncio, enquanto meu estômago dava voltas e uma onda de náusea amarga subia pela minha garganta, me sufocando. Meu peito apertou de uma forma que eu nunca tinha sentido antes. Meus olhos ficaram embaçados, como se o próprio corpo estivesse se recusando a acreditar no que via, e minhas mãos começaram a tremer. Por um momento, achei que o celular fosse escorregar dos meus dedos.

"Richard vai se casar..."

Meus olhos se fixaram nas palavras, como se ler aquilo várias vezes pudesse mudar o significado. Será que tudo o que vivemos foi real? Ou será que eu inventei algo que nunca existiu de verdade? As dúvidas me invadiram, cada uma mais dolorosa que a anterior. Eu amei tanto, me entreguei tanto... mas agora, olhando para trás, me pergunto: quando foi que eu o perdi? Será que um dia realmente o tive?

Será que ele já sabia, o tempo todo, que esse dia chegaria? Talvez eu tenha sido cega, iludida pelas pequenas faíscas de felicidade que acreditava serem reais. Será que, em algum momento, eu fui realmente suficiente? Ou será que tudo aquilo que eu sentia nunca passou de uma invenção da minha cabeça? Enquanto eu me afogava na saudade e na esperança, ele já estava se preparando para seguir adiante, para uma vida onde eu não teria mais espaço.

E agora, aqui estou, com o celular ainda preso na minha mão, revivendo cada detalhe como um filme que se repete sem fim. Cada sorriso trocado, cada toque silencioso, cada promessa que fizemos sem sequer precisar falar. O mundo parecia mais leve, quase brilhante, ao lado dele, como se a vida tivesse mais cores, mais propósito. Tudo fazia sentido quando ele estava ali.

Mas agora, sem ele, tudo o que resta é o silêncio. O vazio que ele deixou parece se espalhar, preenchendo cada canto do meu coração, da minha mente, da minha vida. A falta dele é uma presença constante, sufocante. Eu olho ao redor e nada parece igual. As mesmas ruas, os mesmos lugares que compartilhamos, tudo perdeu o brilho. Não é só a ausência dele, é a ausência de quem eu era com ele. E isso... isso dói mais do que qualquer palavra pode explicar.

As lembranças vieram como uma avalanche, cada uma mais dolorosa que a anterior. Momentos que, por um tempo, foram o centro do meu mundo. O nascer do sol juntos, em silêncio, sentados lado a lado, enquanto o céu mudava de cor e eu sentia que, de alguma forma, o futuro brilhava à nossa frente. As idas à praia, quando ele me carregava nas costas para fugir das ondas geladas, e o som das nossas risadas se misturava com o barulho do mar, como se o mundo lá fora não existisse. O dia no parque, quando ele passou quase uma hora naquele brinquedo, determinado a ganhar o urso gigante que agora ocupa a maior parte da minha cama. Eu ri, incrédula, dizendo que ele era louco por se esforçar tanto, mas no fundo, amei a maneira como ele sempre tentava me fazer feliz de um jeito bobo e inesperado.

𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora