O cativante universo de Alice

Luz! Câmera! Surto?

Muita gente. Muito barulho. Muita luz. Muito desespero! Alice entra em modo full autistic quando precisa estar em alguma dessas situações. Se juntar duas delas o desespero é dobrado. Juntar as três, então? Vixe!
A moça num local com muito ruído parece um morcego - no quesito sonar instalado de fábrica - quando alguém gira um bambu, entende? Fica perdida, não sabe de onde vêm os sons, perde a noção de direção, vai ficando com dor no ouvido. A sensação de que os tímpanos estão apoiados em estribos sendo martelados em bigornas!
Se alguém quiser experimentar, basta empurrar hastes flexíveis com algodão na ponta - famoso Cotonete - no canal auricular até travar. Depois, aplicar uma leve pressão para tentar avançar o limite. Incomodou? Entendeu?
E para que o labirinto fique ainda mais confuso, basta adicionar forte luminosidade branca ou azul (de telas. Pronto! Alice vai caindo e vendo tudo como um túnel: ao longe e desfocado. Mas não tem uma sala no final desta toca, apenas a sensação de ter passado muito tempo em queda livre. E, muito provavelmente, uma queda!
Se o barulho for causado por uma grande quantidade de pessoas num lugar cheio de luzes estroboscópicas - um show, por exemplo - o surto acontecerá. É uma simples questão de tempo para o modo fuga entrar em funcionamento. Ele vem depois do modo vergonha (parece que todos estão achando Alice esquisita).
A preocupação essencial é traçar uma rota de saída rápida, o que raramente é possível. Isso traz a conhecida sensação de afogamento - em suas próprias lágrimas acumuladas pelo pânico, talvez.
Caso as pessoas sejam conhecidas, o limiar de desespero costuma ser melhor, mas não é recomendada prolongada exposição...

Enfim, sair com Alice não é algo muito fácil, exige intenso planejamento, mas com certeza tem fortes emoções!