Prólogo

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Dizer que o país das maravilhas é um lugar mágico é eufemismo por parte dos que não entendem a complexidade deste reino que é repleto de lugares extraordinários, como jardins exuberantes, florestas encantadas e campos de flores que falam. Sem esquecer de mencionar as diversas criaturas fascinantes e unicamente raras que possui. O tempo e a lógica não seguem as regras habituais. Esse lugar não é mágico é maravilhoso.

Os reis assim como todo o país eram mais peculiares que muitos cuidadões, provavelmente por isso são os governantes. A rainha, uma mulher determinada e estonteante tinha longos cabelos vermelhos que exibia junto com seu enorme vestido rodado das mesma cor dos seus fios, a linhagem real era conhecida assim, gerações de cabelos vermelhos como uma rosa que representavam poder, energia e principalmente paixão.

E como a linhagem tem que continuar não era surpresa a rainha dar a luz a sua primeira filha, que assim como esperado, nasceu com inacreditáveis cabelos vermelho sangue, um vermelho tão intenso que encheram os olhos de seus pais, que não conseguiram pensar em outro nome para sua primogênita, a não ser Red. Então, essa era a familia com a geração perfeita, até aquele momento.

Um ano depois do nascimento de Red, a surpresa veio, pois a rainha estava dando a luz a sua segunda filha. Bridget, um nome associado a criatividade, intuição e ao poder transformador do fogo, transmitindo uma aura de força e resiliência, assim como a governante gostaria que sua mais nova fosse. Mas para o espanto de todos da sala, a criança tirada do ventre de sua mãe não tinha fios desalinhados vermelhos e sim fios rosas como algodão doce. E no momento em que os olhos da rainha cruzaram com a face da recém nascida, algo mudou em seu interior, uma sensação de desespero, decepção, medo e principalmente preocupação.

Muitas perguntas se passaram na mente dos soberanos, tentando definir como seguir daquela situação. "Uma criança de cabelo rosa filha dos reis vermelhos? É uma aberração", isso que as pessoas vão falar. "Sou realmente parte desta família?" Isso que a casula iria questionar.

E com esse medo, os reis decidiram que a melhor formar de proteger suas herdeiras de qualquer transtorno, seria impedi-las de conviver em sociedade. Desta forma não teriam comentários interferindo no crescimento de suas meninas.

E assim foi feito.

Se passaram quinze anos, quinze a anos em que Red era impedida de se aventurar pelo reino, de conhecer pessoas, de ser livre, e principalmente, quinze anos em que não se sentia importante e amada pelos seus pais.

Red cresceu e se tornou uma pessoa fria, que não demonstrava seus sentimentos, até porque quem iria se importar a final? Era mais fácil assim, pois ela sabia que não tinha chance de competir com a atenção que seus pais davam a Bridget, claro, a menininha perfeita de seus pais, Red sabia que o único defeito de sua irmã eram seus cabelos rosas, mas nunca se importou com essa peculiaridade da garota, são apenas fios, porém ela sabia que era por esse fato que foi negligenciada sua vida inteira. E isso era difícil de esquecer. Não que Red não soubesse ser amorosa também, mas escondia isso tão bem que ás vezes até ela esquecia e esse sentimento ficava perdido.

Bridget em contra partida, cresceu sendo uma garota sorridente, borbulhante e que sempre conseguia ver a vida de uma forma doce.
A cor de seus cabelos nunca a preocuparam, ela na verdade gostava, era sua cor favorita.
Mas ela entendia a preocupação de seus pais embora ja tivesse conversado sobre ela não se importava com essa diferença entre eles, acabou se acostumando com o excesso de proteção, pois sabiam que eles só queriam seu bem.
Mas uma coisa acabava vindo na mente de Bridget todos os dias, e era Red.
O maior sonho da garota de cabelos rosa era ser amiga da sua irmã ou pelo menos conseguir ter algum contato, mas ela sempre a evitava. E Bridget compreendia o motivo e não culpava a garota e nem à ninguém, ela conseguia assimilar que cada um estava fazendo o que achava certo.
Por muito tempo ela tentou devagar ir se aproximando de Red, tentando contar piadas para fazê-la rir, fazendo truques com cartas para tentar impressiona-la, e cozinhar vários doces fabulosos, mas nada parecia dar certo, bom, com excessão dos doces, Bridget recordava de sempre levar o prato cheio de guloseimas que ela acabará de fazer e a garota vermelha recusá-los sem nem olhar, mas quando deixava na cozinha, um dos doces sempre sumia furtivamente e como seus pais disseram que não haviam sido eles, seu mistério foi resolvido quando em uma noite mais um dos seus cupcakes sumiram, mas um fio vermelho estava logo ao lado, assim a rosada não pode deixar de sorrir e despertar uma pontinha de esperança em seu coração.

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