Verônica e Lucas, amigos inseparáveis, compartilham uma conexão única desde o momento em que se conheceram. Ao longo dos anos, sua relação evolui entre altos e baixos, com memórias compartilhadas, momentos inesquecíveis e decisões difíceis. O que co...
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Eu estava completamente perdida. A garoa fina caía sem parar, transformando tudo ao meu redor em um borrão cinza e úmido. Meu celular havia descarregado, e o que era para ser um festival de música animado virou um labirinto confuso. Era o segundo dia do Lollapalooza 2018, e eu estava tão animada por estar aqui com Maju e Rafael, mas agora me sentia sozinha no meio daquela multidão gigantesca.
Tentei ligar para Maju várias vezes antes do celular apagar, mas nada funcionava. A cada tentativa frustrada, o desconforto crescia. Meu casaco estava encharcado, e o frio da chuva penetrava, se misturando ao pânico crescente. A música, que antes era uma trilha sonora vibrante, agora parecia distante, abafada pela garoa e pela minha ansiedade.
Enquanto olhava ao redor, buscando um rosto conhecido, percebi dois caras rindo e conversando entre si. Eles pareciam estar de bom humor, comentando algo sobre o show que acabara de acabar. O que eu não esperava era que um deles, o mais alto e de sorriso fácil, se aproximasse de mim. "Oi, tudo bem? Parece que você está um pouco perdida. Posso ajudar em alguma coisa?"
Olhei para ele, surpresa. Ao reconhecer o rosto de Lucas Inutilismo, senti vontade de me enfiar embaixo daquela terra lamaçenta sob meus pés. Sabia exatamente quem ele era, mas minha timidez não permitiu que eu mencionasse isso. "Ah, oi... eu... eu me separei da minha prima e do namorado dela. Meu celular descarregou, e agora estou presa aqui sem saber o que fazer."
Lucas imediatamente tirou o celular do bolso e o estendeu para mim. "Aqui, pode usar o meu celular para ligar para sua prima."
Hesitei por um momento, surpresa com a gentileza dele. "Sério? Não quero incomodar..."
"É claro que é sério", ele sorriu. "Vai, pega."
Com as mãos um pouco trêmulas, aceitei o celular e disquei o número de Maju. O telefone chamou algumas vezes antes que ela atendesse. "Maju? Sou eu, Verônica", disse, tentando manter a voz firme.
A voz de Maju transbordava alívio. "Verônica! Onde você está? Estávamos te procurando por toda parte!"
"Eu não tenho certeza exata, mas acho que estou perto do portão 3. A chuva e a multidão me confundiram", expliquei, olhando ao redor para tentar me localizar melhor.
"Não se mova daí. Eu e o Rafa estamos indo te buscar. Fique onde está e não saia", Maju pediu, o tom preocupado evidente.
"Ok, vou esperar aqui. Até logo", respondi, desligando a chamada.
Devolvi o celular para Lucas, agradecida. "Minha prima está vindo me buscar. Muito obrigada pela ajuda. Eu realmente não sabia o que fazer."
Lucas deu de ombros, sorrindo. "Sem problemas. Ainda bem que conseguimos resolver."
O outro cara, que até então estava quieto, deu um passo à frente, parecendo relaxado e curioso. "Você é de São Paulo mesmo?"
"Sim, sou. Mas moro bem longe daqui. É uma aventura vir até o autódromo", respondi, tentando disfarçar minha timidez.
