what a drag to love you like I do

57 3 0
                                    

Eu dormia profundamente, embalada pelo conforto do sábado. O som da campainha me despertou de um sonho distante, e por um momento, fiquei imóvel, esperando que fosse apenas minha imaginação. Ao meu lado, Sombra estava enrolado em uma bola felpuda, alheio ao mundo, e eu sorri para ele, tentando não me mexer demais para não acordá-lo. Quando a campainha tocou novamente, não tive escolha a não ser levantar.

Com preguiça e ainda meio sonolenta, me arrastei até a porta, descalça, sem a mínima disposição para enfrentar o mundo. Abri a porta esperando encontrar Maju, talvez com alguma desculpa boba para me tirar da cama. Mas, para a minha surpresa, era Lucas.

Ele me olhou de cima a baixo, e só então percebi o que estava vestindo: uma camisola preta, curta, sem sutiã. O tecido fino marcava cada curva do meu corpo. Instintivamente, cruzei os braços sobre o peito, tentando cobrir o que podia, mas sabia que não adiantava muito.

Lucas, sempre tão bem-humorado, soltou uma risada, mas havia algo diferente em seu olhar. "É assim que você sempre atende a porta?" perguntou ele, mas a brincadeira não disfarçava a preocupação em sua voz.

"Lucas, o que você quer?" perguntei, tentando ignorar o desconforto crescente.

"Isso é alguma brincadeira de mal gosto, Verônica?" A pergunta dele veio tão direta que me desestabilizou. Antes que eu pudesse responder, ele continuou, com uma urgência que me preocupou mais do que suas palavras. "Eu tentei falar com você várias vezes desde a última vez que nos vimos, já faz mais de um mês. Você me ignorou completamente. Só consegui saber de você através da Maju, e mesmo assim, ela parecia não querer me contar nada."

Senti um aperto no peito. Eu sabia exatamente do que ele estava falando, mas não estava pronta para confrontar isso. Afastei os olhos dos dele, fixando-os em um ponto qualquer do chão. "Eu... eu só precisava de um tempo."

"Um tempo?" A voz dele estava carregada de incredulidade. "Você sumiu, Verônica. Eu não sabia o que pensar. Achei que tinha feito algo errado, que você estava brava comigo. Mas depois, quando a Maju também começou a me evitar, eu... comecei a pensar o pior."

Forçando um sorriso, tentei esconder o turbilhão de sentimentos que se agitava dentro de mim. "Estou bem, Lucas. Você já pode ir embora." Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas a verdade era que eu só queria que ele fosse embora, que me deixasse sozinha com minha confusão.

Ele ficou atônito, seus olhos me estudando com uma mistura de surpresa e decepção. "Não faz isso de novo, Verônica." Ele suspirou, sua expressão mudando para algo mais sério, mais intenso.

Eu ri, um riso seco e sem humor, tentando manter as coisas leves, fingindo que não entendia. "O que eu estou fazendo, Lucas?"

"Você está se afastando de novo," ele respondeu, sua voz carregada de uma determinação que eu não via há muito tempo. "Nós finalmente conseguimos nos acertar, e agora você está tentando se afastar de novo. Eu não quero perder você, Verônica. Não vou te deixar em paz, nem que você me odeie por isso."

As palavras dele me pegaram de surpresa, atingindo em cheio uma parte de mim que eu tentava esconder. Fiquei desconcertada, sem saber como responder. Havia tanta intensidade no que ele disse, tanta vontade de lutar por algo que eu nem sabia se estava pronta para aceitar. Sentindo-me vulnerável, só consegui pedir para ele ir embora novamente. "Lucas, por favor, vai embora."

Ele balançou a cabeça, decidido. "De jeito nenhum." E antes que eu pudesse reagir, ele entrou no apartamento, empurrando-me levemente para dentro enquanto fechava a porta atrás de si. "Você vai sair comigo hoje," ele disse, com um tom que era quase uma ordem. "Vai se trocar agora."

A irritação começou a crescer dentro de mim, substituindo a confusão. "Eu não vou sair com você, Lucas. Me deixa em paz."

Mas ele não cedeu, continuando a insistir com aquela teimosia que eu tanto conhecia. "Se for preciso, eu te levo assim mesmo, do jeito que você está, toda pelada."

Tão Perto | Lucas InutilismoOnde histórias criam vida. Descubra agora