come on, skinny love, just last the year

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6 meses depois...

Acordei com uma sensação confortável, quase esquecendo onde estava. Abri os olhos devagar, ainda sonolenta, e senti as pernas de Alcino, ou melhor, do Zero, entrelaçadas nas minhas. Ele estava ali, ao meu lado, respirando suavemente, ainda imerso em algum sonho. Eu me virei, tentando sair da cama sem acordá-lo, mas assim que me movi, senti a mão dele segurando a minha cintura. Ele estava meio acordado, meio perdido entre o sono e a realidade.

"Vai aonde?", ele murmurou, com a voz rouca de sono, sem abrir os olhos.

Sorri, achando graça do jeito que ele me segurava, como se eu fosse fugir. "Preciso fazer xixi, Cino. Se você não me soltar, vai ter que lidar com as consequências." Minha voz saiu baixa, quase num sussurro, tentando não quebrar aquele momento de tranquilidade.

Ele riu, ainda de olhos fechados. "Faz aí mesmo, eu também faço. A gente fica ainda mais íntimo assim."

Não consegui segurar a gargalhada. A ideia era absurda, mas tão típica dele, sempre pronto para transformar qualquer situação em algo divertido. "Você é terrível", respondi, ainda rindo, enquanto ele finalmente afrouxava o abraço, me deixando levantar.

Fui ao banheiro ainda sorrindo, o coração leve. Esses últimos três meses tinham sido tão intensos, tão diferentes de tudo o que eu já tinha vivido. Alcino... o Zero... ele me surpreendia todos os dias com a maneira como demonstrava o quanto se importava comigo. Ele não precisava de grandes gestos ou declarações; era nas pequenas coisas, como me segurar na cama só para não me deixar ir, que eu via o quanto ele me queria por perto.

Quando voltei para o quarto, ele já estava sentado na cama, os cabelos bagunçados e os olhos ainda meio fechados de sono. "Quer café?", ele perguntou, me olhando com um sorriso preguiçoso.

"Quero sim", respondi, enquanto me sentava ao lado dele, encostando minha cabeça no ombro dele. "Vou fazer para a gente."

Ele balançou a cabeça em negativa. "Hoje é minha vez. Você fica aqui."

Aquela rotina tranquila e sem complicações era algo que eu nunca imaginei que teria. Eu sempre pensei que o amor era para ser complicado, cheio de altos e baixos, como nos filmes ou livros que eu lia. Mas com Alcino, as coisas eram diferentes. Ele fazia questão de me mostrar que o amor podia ser seguro, confortável. E isso era algo que eu estava começando a apreciar de verdade.

Entretanto, sabia que Maju, minha prima, via tudo isso com certa desconfiança. Ela achava que tudo estava indo rápido demais. "Cuidado, Verônica", ela dizia sempre que tocava no assunto. "Vocês se deram bem desde o começo, mas é só o começo. Não quero que você se machuque."

Eu entendia a preocupação dela, mas também sabia que, até agora, cada dia ao lado de Alcino tinha sido uma escolha consciente. Não era só o jeito como ele me fazia rir, como ele me envolvia com seu carinho. Era o jeito como ele me fazia sentir que eu tinha encontrado um lugar seguro, alguém que estava disposto a me proteger e me amar sem reservas.

Mas Marcelo, meu velho amigo, parecia menos otimista. Embora ele e Alcino se dessem bem, eu sabia que ele tinha suas reservas. Ele nunca disse diretamente, mas nas entrelinhas das nossas conversas, eu captava o que ele realmente pensava. Para ele, eu estava preenchendo um vazio, tentando substituir algo que perdi quando me afastei de Lucas.

"Eu vejo como você sorri quando fala do Zero", Marcelo comentou um dia, enquanto tomávamos um café juntos, algo que fazia com menos frequência ultimamente. "Ele gosta de você, é óbvio. Mas... você gosta dele de verdade? Ou ele só está ocupando um espaço?"

Aquilo me atingiu de forma inesperada, como uma pedra jogada em uma superfície calma. "Eu gosto dele, Celo. Ele me faz feliz", respondi, tentando não soar defensiva.

Tão Perto | Lucas InutilismoOnde histórias criam vida. Descubra agora