A mudança foi corrida, cheia de caixas espalhadas pelo apartamento, mas no fim deu tudo certo. Era ao mesmo tempo excitante e assustador morar sem a minha mãe pela primeira vez. Havia um silêncio estranho no ar, quebrado apenas pelo som de nossas movimentações pelo novo espaço. Depois de um tempo, senti que precisava de uma pausa e fui até o quarto de Lucas. Ele estava concentrado, ajoelhado no chão, organizando alguns cabos e equipamentos de gravação. Me encostei no batente da porta e o observei por alguns segundos antes de falar.
"Cara, não sei nem por onde começar minha organização," confessei, rindo de leve, sentindo o peso da indecisão.
Lucas levantou o olhar para mim, os olhos brilhando com uma mistura de cansaço e diversão. Ele balançou a cabeça, soltando um suspiro exasperado. "Você acha que eu sei? Eu tô só fingindo que sei o que tô fazendo. Vai que uma luz acende aqui e resolve tudo pra mim."
Ri com ele, me aproximando e me sentando no chão ao seu lado. "Então vamos fazer o seguinte: eu te ajudo com as tuas coisas e depois você me ajuda com as minhas. A gente termina mais rápido assim."
Ele parou por um segundo, considerando a proposta, e depois abriu um sorriso. "Fechado. Assim, se minha cabeça não acender, pelo menos a sua talvez dê uma ideia."
Começamos a trabalhar juntos, entre risadas e comentários aleatórios sobre o caos das mudanças. Lucas tinha uma quantidade surreal de equipamentos de gravação, sem contar os instrumentos musicais. Parecia que ele tinha trazido metade de um estúdio para o apartamento.
Enquanto eu enrolava alguns cabos, ele se virou para mim de repente, com um sorriso de canto nos lábios. "E o Igão, hein? Você pegaria ele?"
Franzi a testa, surpresa com a pergunta inesperada. "Que porra de pergunta é essa, Lucas?"
Ele riu alto, claramente se divertindo com a minha reação. "Ah, sei lá... É que o Igão tá te dando uns sinais aí. Tá na cara que ele quer sair contigo."
Eu bufei, revirando os olhos, mas não consegui evitar o riso. "O Igão quer sair com todo mundo, Lucas. Qualquer um que tenha dois olhos e um sorriso ele já tá querendo pegar."
Lucas gargalhou, jogando a cabeça para trás. "Cê acha que ele foi pedir minha bênção pra transar contigo?"
A risada dele era tão contagiante que comecei a rir também, imaginando a cena. "Imagina só, 'Oh, Lucas, será que eu posso, por favor, ter a honra?'" Eu falei, imitando uma voz exagerada e teatral.
Lucas tentava responder, mas estava rindo tanto que mal conseguia falar. Ele balançou a cabeça, incapaz de controlar as gargalhadas. "Ah, cara... Você mata, viu?" disse, entre uma risada e outra.
Depois de um tempo, o riso foi se acalmando, mas a leveza no ar continuou. Era assim que sempre acontecia entre nós: até nos momentos mais caóticos, conseguíamos achar um jeito de tornar tudo mais suportável, de fazer com que tudo parecesse menos sério do que realmente era.
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Tão Perto | Lucas Inutilismo
FanficVerônica e Lucas, amigos inseparáveis, compartilham uma conexão única desde o momento em que se conheceram. Ao longo dos anos, sua relação evolui entre altos e baixos, com memórias compartilhadas, momentos inesquecíveis e decisões difíceis. O que co...