when you love someone, but it goes to waste. could it be worse?

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A tempestade caía sem piedade, cada gota parecia pesar uma tonelada contra minha pele. O som da água batendo nas folhas ao redor era ensurdecedor, misturando-se aos gritos distantes. Marcelo me chamava. "Lucas! Tá aí, cara?"

Eu ouvia sua voz, mas tudo que eu conseguia pensar era em manter o ritmo, não perder o grupo de vista. Meus pés afundavam no chão enlameado, cada passo parecia mais pesado que o anterior. Roberto gritava algo sobre ficarmos juntos. Eu apenas balançava a cabeça, concordando sem realmente prestar atenção. Meu foco estava apenas em seguir em frente.

Foi então que, num impulso, olhei para trás. Verônica tinha que estar lá, bem atrás do grupo, como estava antes. Mas não estava. Meu estômago revirou. "Onde ela tá?" murmurei para mim mesmo, sentindo o pânico começar a crescer. Parei no meio do caminho, tentando enxergar algo na escuridão, na chuva incessante. O grupo se afastava na minha frente, suas silhuetas mal distinguíveis entre as árvores e a neblina pesada.

"Verônica!" gritei, com a voz já embargada pelo medo. Nada. Nenhuma resposta, nenhum sinal dela.

Minha mente começou a correr, mais rápido que meus pés. Algo aconteceu. Ela caiu. Ela se perdeu. E eu... eu não percebi.

Sem pensar, virei na direção contrária, ignorando completamente os gritos de Marcelo que ecoavam à distância. Corri de volta pela trilha, os galhos e as pedras pareciam multiplicar-se sob meus pés, me puxando, como se a própria floresta estivesse tentando me deter. "Verônica! Me responde, por favor!" Minha voz soava mais desesperada a cada grito.

O medo apertava meu peito, me sufocando. A chuva castigava meu rosto, tornando difícil ver qualquer coisa. O barulho da água batendo nas árvores misturava-se ao som da minha própria respiração, pesada, descompassada. Cada passo que eu dava parecia me afastar mais dela, e eu sentia uma onda de remorso começar a tomar conta de mim. Como eu a perdi de vista? Como eu fui tão descuidado?

"Verônica! Onde você tá?" Minha voz estava rouca agora, quebrada pelo esforço e pelo pavor. As imagens do pior começavam a invadir meus pensamentos, e eu tentava afastá-las, mas elas eram fortes, implacáveis. O que eu faria se algo acontecesse com ela? Como eu iria me perdoar?

Passei por uma bifurcação, tentando lembrar se tínhamos passado por ali antes. A lama escorregava debaixo dos meus pés, e quase caí. "Droga!" gritei para ninguém em particular, mas o nó na garganta só apertava mais. Eu me sentia completamente impotente.

Eu já estava perdendo as esperanças, minha voz rouca e o cansaço pesando nos meus ossos. Gritei uma última vez, mas já não esperava resposta "Verônica, cadê você?!". Foi quando ouvi, distante e fraca, "Lucas?!" Meu coração disparou.

"Verônica!" chamei de volta, a adrenalina tomando conta de mim. A voz dela, ainda longe, ecoou de novo. "Eu tô aqui! Segue a minha voz!"

Eu não pensei duas vezes. Meus pés quase tropeçavam no chão lamacento enquanto eu seguia o som da voz dela, o medo ainda pulsando em cada batida do meu coração. Finalmente, cheguei a um ponto mais íngreme e, ao olhar para baixo, a vi. Ela estava sentada no chão, os lábios roxos e o corpo tremendo. Meu peito apertou. Quase escorreguei também, e ela gritou de lá de baixo, "Cuidado, Lucas!"

De cima, eu mal conseguia acreditar no que estava vendo. Ela estava tão pálida. "O que aconteceu, Ve?" Minha voz saiu mais tremida do que eu esperava.

"Eu escorreguei", ela disse, tentando soar calma, mas sua voz era fraca, tremida de frio. Eu podia ver que estava sofrendo.

"Eu vou te tirar daí", falei, com mais determinação do que realmente sentia. Meus olhos percorriam o terreno, buscando um caminho seguro para descer. Vi um trecho mais firme à esquerda e me apressei, tentando não tropeçar. Quando finalmente cheguei até ela, me ajoelhei no chão, o coração ainda disparado. "Você tá machucada?"

Tão Perto | Lucas InutilismoOnde histórias criam vida. Descubra agora