I had all and then most of you, some and now none of you

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Eu acordei naquela manhã envolvida no abraço quente do Zero. A sensação de estar ali, protegida por seus braços, me fez suspirar de leve. Eu me mexi, virando-me para ele, que abriu os olhos lentamente, ainda sonolento.

"Bom dia", ele murmurou, a voz rouca e suave, o que fez meu coração bater um pouco mais rápido.

Eu sorri. "Bom dia."

Ele piscou algumas vezes, ainda se acostumando com a luz do dia. "Que horas são?"

"Não faço ideia", eu respondi, ainda preguiçosa demais para me importar.

Zero se virou, estendendo o braço para pegar o celular na mesinha de cabeceira. Ele olhou para o visor e suspirou, parecendo um pouco frustrado. "Já é meio-dia", ele disse, como se o tempo tivesse escapado entre nossos dedos. "Tenho que voltar pra casa."

"Ah... tudo bem", eu disse, tentando esconder minha decepção.

Ele me puxou para mais perto, fazendo com que eu ficasse por cima dele. "Você poderia ir passar uns dias comigo, o que acha?" Ele me perguntou, os olhos fixos nos meus, cheios de expectativa.

Assenti, o sorriso crescendo no meu rosto. "Claro, seria ótimo."

Ele sorriu de volta, aquele sorriso que sempre fazia meu coração se derreter, e me puxou para um beijo. O calor entre nós começou a aumentar, e eu estava mais do que disposta a continuar o que viria a seguir. Mas, de repente, ele parou, afastando-se um pouco, os olhos cheios de uma ponta de tristeza e cansaço.

"Eu... acho melhor eu ir logo", ele disse, a voz soando meio arrastada, como se estivesse tentando se convencer mais do que a mim.

Suspirei, tentando esconder a frustração que surgiu junto com a aceitação. "Tudo bem", eu disse, saindo de cima dele com um sorriso compreensivo.

Zero se levantou e começou a se trocar, e eu fiquei ali, observando cada movimento, sem conseguir evitar um pequeno nó na garganta. Ele se vestiu rapidamente e, antes de sair, se inclinou para me dar um beijo rápido. Eu o acompanhei até a porta, e ele me deu aquele olhar que sempre fazia meu coração se apertar um pouco, como se quisesse dizer mais do que as palavras permitiam naquele momento.

"Até logo", ele disse, com um meio sorriso.

"Até logo", eu respondi, tentando manter a voz firme enquanto o via sair. A porta se fechou, e eu fiquei ali por um momento, perdida nos meus próprios pensamentos. A sensação de que as coisas entre mim e o Zero estavam prestes a mudar pairava no ar, como uma nuvem carregada prestes a desabar. Algo dentro de mim dizia que a relação entre nós não seria a mesma por um tempo. Eu suspirei, sentindo uma pontada de ansiedade no peito.

Me virei, tentando me concentrar em algo mais prático, algo que me tirasse daquela espiral de pensamentos. Peguei as roupas molhadas da noite anterior, ainda impregnadas pelo cheiro da chuva que caiu forte enquanto caminhávamos juntos. Joguei-as na máquina de lavar e sequei as mãos automaticamente, como se fosse um movimento mecânico.

Enquanto a máquina começava a girar, fui tomar um banho, na esperança de que a água quente ajudasse a acalmar minha mente inquieta. Mas, mesmo debaixo do chuveiro, meus pensamentos continuavam a fluir. Não conseguia parar de pensar no que havia acontecido noite passada: Zero me disse pela primeira vez que me amava. E eu... eu simplesmente não consegui dizer que o amava de volta.

Essa incapacidade de responder me incomodava mais do que eu queria admitir. O que isso significava? Será que eu estava tão confusa a ponto de não saber se o amava realmente? E por que, quando ele disse aquilo, a primeira pessoa que veio à minha mente foi Lucas?

Lucas... fazia tanto tempo que eu não acompanhava mais a vida dele. Parecia que éramos estranhos agora, pessoas que um dia foram próximas, mas que a vida afastou. A única ligação que eu ainda tinha com ele era Marcelo, mas Marcelo nunca falava sobre Lucas comigo, como se houvesse um acordo tácito entre nós de mantermos esse silêncio.

Tão Perto | Lucas InutilismoOnde histórias criam vida. Descubra agora