Tão Perto | Lucas Inutilismo

did you ever even love me?

Abri os olhos devagar, encarando a escuridão do quarto de hotel. Suspirei, sentindo uma leve dor de cabeça. A ressaca estava começando a se manifestar, mas não me arrependia. Sorri ao lembrar das risadas no bar na noite anterior. Tinha sido divertido. Fazia tempo que eu não ria daquele jeito, todos estavam mais leves, mesmo com o clima tenso que pairava desde o início da viagem. Me virei na cama e olhei para o lado. Lucas estava na cama ao lado, dormindo profundamente. O rosto dele estava coberto pela coberta, mas só de vê-lo ali, relaxado, me deu uma sensação de alívio. Finalmente parecia que as coisas entre nós estavam ficando menos pesadas. Talvez aquela viagem ao Chile fosse o que a gente precisava para colocar a cabeça no lugar.

Fiquei deitada por mais alguns minutos, curtindo o silêncio. O quarto estava escuro, e o frio lá fora fazia o ambiente parecer aconchegante, apesar do mal-estar. Quando o despertador tocou, eu quase me arrependi de ter colocado o alarme, mas tínhamos que nos aprontar. O transfer chegaria em uma hora para nos levar.

Levantei e fui direto pro banheiro. Tomei um banho rápido, a água quente ajudando a aliviar a ressaca, e me vesti com as roupas apropriadas pra neve. Estava bem frio lá fora, o que, de alguma forma, me animava. Eu sempre gostei do frio.

Quando voltei para o quarto, Marcelo já estava acordando. Ele me olhou com os olhos inchados de sono, mas deu um caloroso "bom dia" assim que me viu. Sorri de volta, passando um batom enquanto me olhava no espelho do criado-mudo.

"Bom dia, dormiu bem?" perguntei, tentando soar mais animada do que realmente estava.

"Do jeito que a gente riu ontem, como eu não ia dormir bem?" Ele riu, se espreguiçando e, em seguida, olhou para a cama de Lucas. "Esse aí parece que foi atropelado por um caminhão." Ele se levantou, indo até Lucas e balançando o braço dele. "Acorda, campeão, o show não pode parar."

Lucas fez um som abafado de descontentamento, puxando o cobertor sobre a cabeça.

"Cinco minutos..." murmurou, a voz rouca de sono.

Marcelo riu, empurrando o ombro dele mais uma vez. "Cinco minutos e a gente perde o transfer. Vai logo."

Lucas soltou um grunhido, claramente irritado, e se levantou com uma expressão de poucos amigos. Ele entrou no banheiro sem falar nada, o que me fez olhar de relance para Marcelo, que apenas deu de ombros.

"O bicho tá azedo hoje", ele comentou, jogando-se de volta na cama.

Eu sorri, continuando a passar minha maquiagem. "Dá uns minutos e melhora. Ou não, depende."

"Vamos torcer pro 'melhora' hoje, porque se não, vai ser um dia longo." Marcelo deu uma risadinha, mas logo se levantou pra começar a se arrumar também.

Pouco tempo depois, Maju me mandou uma mensagem perguntando se já estávamos prontos. Respondi que sim, ou quase, e mandei uma foto do Lucas ainda trancado no banheiro. Ela respondeu com uma risada e um emoji de desespero.

"Já estamos descendo", Marcelo disse, apressando Lucas que, depois de uma eternidade, finalmente saiu do banheiro ainda com cara de sono.

"Pronto", ele disse, seco, sem olhar diretamente para mim.

"Tá. Vamos então", eu disse, pegando minha mochila e me aproximando da porta. "Maju e Rafael já estão esperando."

Descemos para o saguão, onde encontramos Maju e Rafael perto da porta. Maju abriu um sorriso assim que nos viu.

"Finalmente! Achei que iam perder o transfer de propósito." Ela deu uma risadinha, e eu pude ver o olhar divertido de Rafael ao lado dela.

"Quem dera", Marcelo brincou, "Lucas aqui estava a um passo de desistir do passeio só pra dormir mais cinco minutos."