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Revirei os olhos mais uma vez. Yim não parava de reclamar do meu irmão. Até hoje, não faço ideia do porquê ele e Tutor não se dão bem, mas parece que a implicância vem mais do Yim, que, sempre que pode, aproveita para falar mal do meu irmão mais velho.

- Yim, dá pra calar a porra da boca? - Joguei uma almofada nele, fazendo-o bufar de irritação. - Para de falar mal do meu irmão, seu idiota, filho da puta.

- Para de me xingar, caralho! - Ele jogou um travesseiro na minha direção. - O que deu em você pra estar com essa boca suja? Não é você que sempre me repreende por falar palavrão?

- Eu aprendi com você. - Provoquei, mostrando a língua.

- Você me trata muito mal, nem parece aquele tímido que fica vermelho quando a Melissa fala com você.

Revirei os olhos mais uma vez. Yim adorava jogar na minha cara o crush que eu tenho na sua irmã gêmea.

- Isso não tem nada a ver. Eu tenho intimidade com você, então me sinto mais à vontade para ser eu mesmo. - Dei de ombros. - Eu não fico tão tímido assim, sua irmã é que é muito linda.

- Claro que ela é linda, é minha irmã gêmea. - Ele riu, deitando ao meu lado. - Você sabe que ela gosta de você também, certo? Mas você é mole e não faz nada.

- Eu tenho vergonha de dar em cima dela, nunca fiz isso antes.

- Ai, meu Deus, Vegas! Você é um virgão mesmo. Tem tanta garota querendo dar pra você, e você não faz nada! - Ele riu. - Minha irmã é apaixonada por você, mas você não mexe um dedo.

- Para de ser chato!

- Tá bom, tá bom! - Ele levantou os braços em rendição. - Mas, falando nisso, hoje meu irmão mais velho paterno chega aqui na Tailândia.

- Aquele que tem quase trinta anos e é mexicano? - Perguntei, curioso.

Yim assentiu, soltando um suspiro.

- Ele mesmo. Parece que, depois de tanto insistir, papai finalmente permitiu que ele morasse na Tailândia.

- Ele ainda precisa da permissão do seu pai?

- Bem, mais ou menos. Pete pediu, ou melhor, implorou, para morar aqui em casa até se ajustar e encontrar um lugar pra ficar.

- Eu nunca o vi. Vocês são próximos?

- Não muito, nos falamos poucas vezes e nunca tivemos muitas oportunidades. Quando ele vinha nos visitar, meu pai já o mandava de volta pro México.

- Mas por quê?

- Acho que porque, lá no fundo, papai nunca superou o término com a mãe do Pete. E, apesar de Pete ter uma aparência asiática, ele lembra muito a mãe.

Yim suspirou novamente, mexendo no celular sem muito interesse. Pelo visto, o papo sobre o irmão não era dos mais empolgantes para ele.

- Eu fico imaginando como deve ser difícil pra ele. - Comentei, tentando puxar mais assunto. - Ele é mais velho, tem uma vida no México, e agora vai ter que recomeçar tudo aqui.

- É... - Yim respondeu sem muito entusiasmo. - Mas ele pediu por isso. Disse que precisa de um tempo longe de tudo lá. E também, quer tentar se aproximar de mim, de Melissa e do papai. Não sei se vai dar certo, mas enfim...

Eu fiquei em silêncio por um tempo, pensando no que Yim disse. Essa situação toda parecia complicada, e eu conseguia entender o lado do irmão dele. Recomeçar a vida em outro país não era fácil, especialmente com a relação tensa com o pai.

- E você, como se sente com isso? - Perguntei, realmente curioso.

-.Não sei, Vegas. - Ele deu de ombros, ainda olhando pro celular. - Acho que é meio estranho. Por um lado, é legal ter ele por perto, mas por outro, sei lá... A gente nunca foi próximo. E agora ele quer ser meu irmão mais velho de verdade, mas eu nem sei como lidar com isso.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora