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Era o dia da final do concurso, e o camarim parecia pequeno demais pro tanto de ansiedade que o Pete tava sentindo. Ele andava de um lado pro outro, ajeitando o figurino, mexendo no cabelo, enquanto eu tentava de algum jeito, fazer ele relaxar.

Cheguei perto, segurando o rosto dele com as duas mãos, e comecei a encher ele de beijos pelo rosto. Beijei a testa, as bochechas, o queixo. Pete riu, um riso meio nervoso, mas que já mostrava que eu tava conseguindo desviar um pouco da tensão que ele carregava.

- Relaxa, tá? – Sussurrei perto do ouvido dele, encostando minha testa na dele. – Você vai arrasar. Você sempre arrasa.

Ele fechou os olhos por um momento, respirando fundo, e encostou as mãos no meu peito.

- Eu tô nervoso pra caralho, Vegas. – Ele murmurou, abrindo os olhos pra me encarar. – E se eu errar? E se...

- Você não vai errar. – Interrompi, com firmeza. – E mesmo que errar, você ainda vai ser o melhor ali. Confia em mim.

Eu vi o sorriso tímido aparecer no rosto dele, e sabia que ele tava tentando se acalmar por mim, mas dava pra sentir o coração dele batendo rápido demais, e ele mexendo as pernas inquieto. Beijei de novo, dessa vez no canto da boca, e segurei firme as mãos dele.

- Vai ser foda, amor. Eu vou tá lá assistindo cada segundo, torcendo por você. E quando acabar, a gente vai comemorar do jeito que você quiser.

- Só não me envergonha gritando meu nome lá, hein? – Ele disse, brincando.

- Eu grito, sim, só pra te deixar mais nervoso. – Respondi com um sorriso brincalhão.

Pete suspirou, o nervosismo voltando aos poucos. Ele passou a mão pelos cabelos de novo, mexendo na roupa e se olhando no espelho como se quisesse se certificar de que tudo estava perfeito.

- Eu quero muito essa vaga, Vegas. Tipo... é o meu sonho. Ser professor de dança, ensinar do meu jeito, passar tudo o que eu aprendi. Eu não posso falhar agora.

Cheguei mais perto, dessa vez segurando os ombros dele e forçando ele a olhar pra mim. Tinha que fazer ele acreditar nisso tanto quanto eu acreditava.

- Você não vai falhar, Pete. Você vai conseguir essa vaga, e não só isso. Vai ser o melhor professor de dança que essa escola já teve. Vai ensinar uma porrada de gente, vai inspirar todo mundo que entrar numa sala de aula com você.

Ele me olhava, os olhos brilhando de emoção, mas ainda parecia nervoso. Então, me aproximei mais e continuei.

- Ninguém faz o que você faz do jeito que você faz. Você tem um talento do caralho. E todo mundo vai ver isso hoje.

Ele mordeu o lábio.

- Você realmente acredita nisso, né?

- Eu acredito em você mais do que acredito em qualquer outra coisa. – Sorri e passei a mão pelo rosto dele. – Vai lá, arrasa. Essa vaga já é sua, amor.

Ele fechou os olhos por um instante, respirou fundo e, quando abriu de novo, parecia mais confiante.

- Obrigado... – Ele murmurou. – Eu precisava ouvir isso.

Dei um beijo na testa dele, um gesto que já era automático quando eu queria passar alguma segurança.

- Tô contigo até o final, Pete. – Falei, encostando a testa na dele, olhando bem nos olhos. – Você vai arrebentar, e eu vou estar lá pra ver.

- Eu vou fazer isso por nós, cariño. – Ele disse, com mais firmeza agora. – Não só por mim, mas porque quero que a gente tenha algo que sempre sonhamos.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora