Sangue de Cobra, Alma de Guerreira

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— Ele teve sorte de não enfrentar o Cobra Kai!— ouço a voz de Kyler e franzo o cenho me virando para trás Vendo Kyler falando para Eli .— Não digo o mesmo de você, Lábio! Você vai beijar o tatame.

. Minha expressão endureceu e, sem pensar duas vezes, me despedi de Miguel e fui direto até onde eles estavam.

— Ignore. — Eu disse, me aproximando de Eli. — Ele sempre foi um babaca num grupo de babacas, mas você não é. — Afirmei, olhando diretamente nos olhos de Eli.

Eli parecia perdido, sua confiança abalada desde que perdera o moicano que tanto significava para ele. Ele desviou o olhar, murmurando que nem sabia mais quem era. Aquilo me irritou e me preocupou ao mesmo tempo.

— Outra vez essa conversa, Eli? — Perguntei, dando um passo à frente e levantando a mão até sua bochecha, forçando-o a me encarar. — Não é seu cabelo que te define. — Aproximei minha mão dos seus cabelos curtos, passando os dedos suavemente por eles. — Sei quanto você amava seu moicano, e eu também achava legal, especialmente a cor roxa. Mas o que sempre gostei em você não era o cabelo.

Eu podia ver a dúvida nos olhos dele, mas continuei:

— Gostei de você por sua energia, pelo seu jeito doce. Gostei de você muito antes de sua transformação, muito antes dessa confiança que você construiu com o tempo. — Minhas palavras eram firmes, mas carregadas de afeto, sem nunca desviar o olhar dele.

Eli, porém, não parecia convencido. Ele murmurou que havia perdido sua confiança, que já não era mais o mesmo.

— Eli, me ouve. — Minha voz estava baixa, mas carregava toda a sinceridade que eu sentia. — Eu gostei de você do jeitinho que você era, tímido, de poucas palavras. Gostei de você desde que éramos crianças, quando você chorava por qualquer coisa. Eu gostava de você muito antes do karatê, muito antes de tudo isso. Porra, Eli, eu gosto de você desde a infância!

Minhas palavras saíram com mais emoção do que eu esperava. Eli precisava entender que o que ele havia perdido era superficial, e que a essência dele, o que o fazia especial, estava intacto. Eu queria que ele visse o que eu via, o garoto incrível que ele sempre foi, independentemente de qualquer aparência ou atitude.

Eli ficou em silêncio, processando tudo o que eu havia dito. Seus olhos estavam fixos nos meus, como se estivesse tentando encontrar a verdade nas minhas palavras. Eu podia sentir a tensão entre nós, mas não era desconfortável. Era algo mais profundo, algo que estava ali desde sempre, esperando para ser revelado.

— Você gostava de mim... desde a infância? — Ele perguntou, a voz dele era suave, quase incrédula.

Eu assenti lentamente, sem desviar o olhar.

— Sim, Eli. Desde que éramos crianças. Desde aquela época em que você mal conseguia falar comigo sem ficar vermelho. — Sorri suavemente, lembrando dos momentos em que ele era tímido e adorável, sempre tentando evitar o contato visual, mas ainda assim sempre presente. — Sempre gostei de você. E não foi por causa do karatê, nem por causa do seu cabelo. Foi por quem você é. Sempre foi.

Eli pareceu respirar fundo, como se estivesse se libertando de um peso. Ele deu um pequeno passo em minha direção, o rosto mais próximo do meu, e eu senti o coração acelerar no peito. O que quer que ele estivesse prestes a dizer, eu sabia que seria importante.

— Eu também... Eu também gostava de você, Scarlett. Desde que éramos crianças. — Ele falou, a voz dele quase um sussurro. — Eu sempre gostei de você, mas nunca soube como dizer isso. Nunca tive coragem.

Eu sorri, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Tudo fazia sentido agora. A forma como sempre nos entendemos, como sempre nos apoiamos. Como mesmo nas nossas brigas, havia algo mais forte nos mantendo conectados.

— Então somos dois, né? — Brinquei, tentando aliviar a tensão, mas minha voz tremeu um pouco com a emoção.

Eli riu, um som suave que fez meu coração aquecer. Ele deu mais um passo à frente, e eu senti sua mão pousar delicadamente na minha cintura. Sem hesitar, levantei minha mão até seu rosto, acariciando sua bochecha. Havia uma conexão ali que nunca tinha sentido com mais ninguém.

Ele se inclinou devagar, e eu fechei os olhos, antecipando o que viria a seguir. Quando nossos lábios finalmente se encontraram, foi como se o tempo parasse. O mundo ao nosso redor desapareceu, e só existia nós dois, naquele momento. O beijo era suave, mas cheio de sentimentos que haviam sido guardados por tanto tempo. Era um beijo de reconhecimento, de aceitação e de promessas silenciosas.

Quando nos separamos, nossos rostos ainda estavam próximos, e eu mantive meus olhos fechados por um segundo a mais, absorvendo a sensação de estar tão próxima de alguém que sempre significou tanto para mim.

— Eu gosto de você, Eli. — Murmurei, abrindo os olhos e encarando os dele, que brilhavam com a mesma emoção que eu sentia.

— Eu também gosto de você, Scarlett. Mais do que eu consigo colocar em palavras. — Ele respondeu, e eu pude ver que, pela primeira vez em muito tempo, Eli estava verdadeiramente confiante, não por causa de sua aparência ou de suas habilidades, mas porque finalmente, ele havia encontrado um lugar onde pertencia. Ao meu lado.

Eli sorriu, seus olhos brilhando com uma nova confiança. Ele me puxou para mais perto, e nossos lábios se encontraram novamente em um beijo mais firme e cheio de emoção. Desta vez, o beijo era um pouco mais urgente, como se ambos quiséssemos garantir que aquele momento fosse real, que não era apenas um sonho.

Quando nos separamos, seus olhos ainda estavam fixos nos meus, e eu podia ver a determinação crescendo dentro dele. Eu sorri, sentindo-me orgulhosa do homem que ele estava se tornando.

—Os próximos lutadores são Kyler Park do Cobra Kai, contra Eli Moskowitz do Miyagi-Do. — anunciou o apresentador, e eu senti uma onda de emoção percorrer o ambiente.

Eu soltei Eli, mas não antes de dar um último beijo em sua bochecha e sussurrar com um sorriso confiante.

— Parece que você tem uma luta para vencer. Vá lá e mostre que não importa nada disso — falei, passando a mão gentilmente pelos seus cabelos curtos. — Mostre que você é capaz de vencer!

Eli sorriu de volta, aquele sorriso que eu sempre amei, e assentiu.

— Vou fazer isso, por nós. — Ele disse, a voz cheia de determinação.

Eu o observei caminhar em direção ao tatame, a postura firme e confiante. Sabia que ele iria dar tudo de si naquela luta, não apenas para vencer, mas para provar para si mesmo que ele era mais do que o que os outros diziam. E, de alguma forma, sentia que aquele beijo, aquela troca de sentimentos entre nós, tinha dado a ele a força que precisava.

— Vai com tudo, Eli. — Sussurrei para mim mesma, torcendo por ele com todo o meu coração, enquanto via ele se preparar para enfrentar Kyler.