Vinte e Quatro

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Kerim

A sensação de tê-la em meus braços naquela manhã se recusava a sair da minha mente. O perfume suave de seus cabelos, o toque da sua pele macia... tudo nela parecia projetado para enlouquecer qualquer homem. E, naquele momento, comecei a perceber que eu estava me tornando um deles.

Enquanto essas lembranças de Camila invadiam minha mente, senti meu foco se desviar do trabalho. A imagem dela nos meus braços, o calor do seu corpo, o perfume sutil que permanecia impregnado em minha memória... Era como se tudo em mim estivesse dividido entre o que eu precisava fazer e o que meu coração insistia em reviver.

Perdido nesses pensamentos, quase não percebi quando minha secretária entrou na sala, sua presença trazendo-me de volta à realidade.

— Senhor Kerim, o senhor Aksoy está aqui para vê-lo — anunciou ela com a formalidade de sempre, mas seu tom era ligeiramente cauteloso, como se já soubesse o impacto daquela visita inesperada.

Engoli em seco, sentindo um misto de frustração e obrigação. O retorno abrupto ao mundo real me lembrou das complexidades que eu ainda tinha que enfrentar. A visita de meu tio não era algo que eu pudesse ignorar, especialmente com tudo o que estava em jogo.

— Pode pedir para ele entrar, Derya — respondi, tentando ajustar minha expressão para algo mais profissional e menos perturbado.

Enquanto ela saía para buscar meu tio, forcei-me a abandonar os pensamentos sobre Camila e focar no que estava por vir. Mas, mesmo enquanto me preparava para a conversa que sabia que seria difícil, o perfume dela parecia persistir no ar, uma lembrança doce e perigosa que eu não conseguia afastar.

— Tio, a que devo a honra de sua visita? — perguntei, com um toque de ironia na voz, enquanto o observava entrar na sala.

— Sem rodeios, sobrinho, vamos direto ao assunto — ele respondeu, ignorando meu tom. Fiz um aceno breve para a secretária, sinalizando para que nos deixasse a sós.

— Como quiser — respondi, mantendo uma postura calma, mas por dentro, já me preparando para o que estava por vir.

Ele me observou por um instante, seus olhos avaliando cada detalhe do meu rosto antes de soltar a bomba.

— Quero que se case com Elif.

A frase saiu de sua boca com a firmeza de uma ordem, mas havia algo mais por trás disso, algo que eu não podia ignorar. Meu tio nunca tomava uma posição dessas sem uma agenda própria.

— Me casar? Com Elif? — repeti, como se precisasse garantir que tinha ouvido direito.

— Isso mesmo — ele respondeu, sem hesitar. — Essa união não apenas fortaleceria nossa posição, mas garantiria que os interesses da nossa família fossem preservados. Você sabe que tenho uma participação significativa nas ações da empresa, e essa aliança seria benéfica para todos.

Eu sabia que ele estava certo em uma coisa: ele tinha uma participação significativa, e um casamento com Elif garantiria a ele mais controle, mais influência. Mas a ideia de me comprometer com Elif por esse motivo era repulsiva.

— E o que faz você pensar que eu aceitaria isso sem questionar? — perguntei, minha voz carregada de desafio.

Ele cruzou os braços, seu olhar se tornando mais penetrante.

— Porque é o melhor para a empresa, Kerim. E para a família. Com essa união, nossa posição no mercado seria inabalável. E não se esqueça, meu investimento nas ações da empresa depende disso. Se as coisas não forem bem, todos saímos perdendo, inclusive você. Seu avô também queria isso.

|Contratada para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora