Capítulo vinte e nove

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Kerim

A luz do amanhecer se infiltrava pela janela, cortando a escuridão e trazendo a promessa de um novo dia. Sentado ao lado da cama, observava Camila dormir; seus cabelos espalhados pelo travesseiro e o ritmo suave de sua respiração criavam uma cena de paz absoluta. A suavidade da luz matinal iluminava seu rosto, destacando a tranquilidade que ela emanava após a intensidade da noite que compartilhamos.

Cuidadosamente, ajustei o cobertor sobre ela, assegurando-me de que estivesse confortável e aquecida. A calma que sentia ao vê-la assim, tão serena, era nova para mim. Costumava acordar com a mente já corrida pelos desafios do dia, mas hoje, tudo parecia secundário à certeza de que ela estava aqui, segura ao meu lado.

Refletindo sobre a noite passada, cada toque, cada palavra, senti uma conexão mais profunda se formar entre nós. Foi uma revelação, não apenas de nossos desejos, mas também de nossas almas. Sentia agora que nossa ligação ia além do físico; havíamos tecido um vínculo emocional que me fortalecia tanto quanto a protegia.

A respiração dela era uma melodia suave que preenchia o quarto, trazendo uma calma que contrastava com a usual tempestade de minha existência. A maneira como ela se entregou a mim, confiante e apaixonada, reverberava dentro de mim, um eco de promessas feitas não apenas em palavras, mas através de gestos e olhares.

Com um movimento leve, me inclinei para depositar um beijo suave em sua testa. Era um gesto terno, carregado de significado. Era minha promessa silenciosa de estar ali, para protege-la, não importando os desafios que pudéssemos enfrentar.

Ao me levantar da cama, senti uma fortaleza interior renovada. Sim, o mundo lá fora era incerto e cheio de ameaças, mas aqui dentro, neste quarto iluminado pelo primeiro sol, eu tinha encontrado um porto seguro ao lado de Camila e faria o possivel para mantê-la em segurança.

— Como isso foi acontecer? — do outro lado da linha telefônica, Yusuf parecia nervoso e impaciente.

— Quando retornei hoje pela manhã, o homem havia fugido, irmão, sinto muito — explicou, senti o peso da frustração em cada palavra.

Merda! Praguejei internamente. Aquela era nossa melhor chance de bater de frente com meu tio, de coletar evidências concretas contra ele.

— E quanto ao que lhe pedi? — perguntei, tentando manter a voz firme apesar da irritação que borbulhava por dentro.

— Está tudo encaminhado, não se preocupe — respondeu Yusuf, tentando trazer um pouco de tranquilidade à conversa.

A resposta de Yusuf oferecia algum consolo, mas o desapontamento ainda me corroía. Sabia que precisávamos de cada vantagem possível para enfrentar as manipulações de meu tio. Cada passo em falso poderia custar muito, e a fuga daquele homem era um revés significativo.

— Mantenha tudo sob controle, Yusuf. Precisamos estar um passo à frente dele agora mais do que nunca — instruí, a determinação endurecendo minha voz.

— Entendido, Kerim.— afirmou Encerrando a ligação, respirei fundo, tentando dissipar a tensão.

Camila

A luz da manhã atravessava suavemente as cortinas, despertando-me de um sono profundo. Por um momento, enquanto ainda estava enroscada nos lençóis, permiti-me mergulhar nas lembranças da noite anterior. Apesar do caos e dos perigos que enfrentamos, o que aconteceu entre mim e Kerim tinha sido mágico, um refúgio de paixão e conexão que parecia pertencer a outro mundo. Senti uma onda de emoção, como se estivesse apaixonada pela primeira vez, cada batida do meu coração relembrando seu toque, seu olhar.

Levantei da cama e caminhei até a cozinha, ainda perdida em meus pensamentos. Ao entrar, vi Kerim no telefone, sua expressão séria e concentrada. Ele terminou a ligação assim que entrei, seus olhos encontrando os meus. Um tanto constrangida pelo que poderia parecer uma preguiça matinal, aproximei-me dele.

— Desculpa, acho que acabei dormindo demais — falei, minha voz carregando um leve embaraço.

Kerim sorriu, um sorriso que não só aliviou minha preocupação mas também adicionou uma camada de charme ao momento.

— Bem, parece que estava realmente precisando recuperar as energias — ele respondeu, sua voz tingida de ironia mas cheia de carinho.

Sua resposta, leve e brincalhona, desfez qualquer resquício de constrangimento que eu sentia.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me ergueu suavemente nos braços, depositando-me sentada na bancada da cozinha.

Ele ficou de pé na minha frente, suas mãos encontrando os meus cabelos e acariciando-os com delicadeza. Inclinando-se para frente, ele depositou um beijo carinhoso em meus lábios, um gesto terno que me fez suspirar suavemente. Respondendo ao toque, entreabri os lábios, um convite mudo por mais.

Kerim sorriu, seu olhar brilhando com um misto de afeto e malícia.

— Parece que o descanso realmente valeu a pena — ele brincou, a proximidade de nossos corpos ampliando a tensão entre nós. — Você parece pronta para um segundo round.

Sem esperar minha resposta, ele selou nossos lábios novamente, desta vez com uma intensidade crescente. Minhas mãos deslizaram pelo tecido de sua camisa, puxando-o mais para perto, enquanto os dedos dele dançavam pelas minhas costas, traçando caminhos ardentes que arrepiavam minha pele.

O beijo se aprofundou, e nos perdemos na troca de carícias.

— O que faremos agora? — Afastei-me um pouco para olhar diretamente nos olhos de Kerim, procurando ali algum conforto para o medo que me assolava. — Eu estou com medo, Kerim.

— Não se preocupe, doçura — ele respondeu com uma voz firme e cheia de convicção. — Você é minha agora, e eu garanto que ninguém irá machucá-la.

— Mas eu estou com medo de que algo aconteça a você, de que eu perca você... — As palavras saíram de mim como um suspiro, carregadas de um temor que eu havia tentado esconder. Dizer aquelas coisas em voz alta parecia quase libertador, ainda que aterrorizante. Eu havia lutado para controlar o que sentia, mas agora, pensar na possibilidade de estar longe dele sugava o ar dos meus pulmões.

Ele observou meu rosto, cada traço de preocupação que eu não conseguia esconder, e então, com um gesto suave, tocou meus lábios com a ponta do dedo, desenhando uma linha de calma sobre meu caos interno.

— Eu não irei a lugar algum, Camila, não agora que encontrei você — ele disse, cada palavra impregnada de uma promessa tão profunda que meu coração se aqueceu apesar do frio do medo.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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