Dez

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Kerim

Agarrei o homem pelo colarinho e o joguei para longe como se ele não pesasse nada. Seus olhos arregalados refletiam o choque diante da minha reação imediata.

一 Seu filho da mãe 一 o desconhecido rosnou, enquanto se levantava e avançava na minha direção.

Mas eu não hesitei. Com um golpe certeiro, derrubei-o novamente, sem piedade. Cada movimento era calculado, cada golpe desferido com a precisão de quem conhecia bem o terreno da luta. Eu estava determinado a proteger Camila, não importasse o custo.

Só de imaginar o quão assustada ela estava e oque teria acontecido se eu não tivesse chegado a tempo, uma onda de raiva inundava me corpo e eu queria matar aquele maldito homem. Eu o teria feito com minhas próprias mãos, ali mesmo, se ela não intervisse.

一 Pare! 一 gritou desesperada 一 Pare com isso por favor!

Um lampejo de lucidez me atingiu. olhei para o homem caído, seu rosto coberto de sangue. O mesmo sangue que tingia de vermelho meu punho cerrado.

一 Está tudo bem...一 eu a tranquilizei me aproximando.

Ela estava sentada, abraçando os joelhos em frente ao peito, pequenos e delicados cachos de seu cabelo se grudavam ao seu rosto umedecido pelo suor e lágrimas. Seus olhos aveludados deixavam transparecer todo o pavor que sentia, era o mesmo olhar que ela me lançara na noite do atentado, quando nos conhecemos.

一 Nada vai te machucar enquanto eu estiver por perto. Eu prometo. 一 ela pareceu surpresa com minha declaração, mas apenas assentiu entre soluços.

Ela não conseguia manter o pé no chão, e percebi que o salto do seu sapato havia quebrado, talvez até mesmo torcendo o tornozelo dela.

一 Consegue se levantar? 一 perguntei.

一 Eu... acho que sim. Só... só quero sair daqui 一 disse ela, sua voz trêmula.

Com cuidado, eu a ajudei a caminhar para fora do beco escuro e para a rua iluminada. Mas era evidente que ela estava com muita dor.

一 Você não parece bem para andar. 一 eu a encarei seriamente, ignorando suas tentativas de minimizar a gravidade da lesão. 一Venha, vou carregá-la até o carro.

一 Já disse que estou bem, não é necessário.

一 Não seja teimosa, mulher. Você não consegue nem colocar o pé no chão. 一 eu disse, firmando minha determinação.

一 Claro que consigo! 一 ela tentou começar a andar, mas logo que seu pé descalço tocou o chão frio da calçada, seu rosto antes cheio de certeza se contorceu com a dor.

Ergui-a em meus braços sem esperar por sua cooperação, sentindo seu peso contra mim enquanto ela protestava.

一 Pare de resistir ou vai acabar nos derrubando.

一 Me solte...

Apertei seu corpo firmemente contra o meu, sentindo suas curvas femininas. Nossos olhos se encontraram, muito próximos.

一 Ah, a ironia... você me pedindo para te soltar enquanto se agarra a mim. 一 notei seu braço ao redor do meu pescoço, ela se encolheu, visivelmente constrangida.

一 Não quero que você me derrube.

Comecei a andar, com ela em meus braços. Era leve e pequena, perto da minha estatura e força.

一 Parece que você realmente sabe como atrair problemas, não é? 一 ironizei 一 Acho que eu deveria cobrar por ser seu herói particular.

一 Você pode cobrar, mas eu também posso criar uma lista de queixas pelo incômodo de ter que ser salva por você. 一 Camila retrucou, seu tom desafiador.

|Contratada para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora