Mãe

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Os dias que se sucedem após uma briga ou um termo são os mais longos e confusas, a vida a sua volta segue normalmente mas dentro de você existe um turbilhão de emoções e seu coração está quebrado.

Você só tem vontade de ficar de baixo das cobertas, assistindo sua série conforto e se entupindo de doces, mas quando se é adulta essa é a última coisa que se consegue fazer.

E era essa a vontade de Maitê, sem contar com o fato de que ela acordara com a já conhecida sensação de estar difícil respirar e que a qualquer momento tudo poderia desmoronar. Ela sabia que em uma crise estava próxima e isso a deixava mais tensa ainda.

Mas mesmo assim seguiu a manhã como se nada tivesse acontecendo, isso era uma característica que ela até se orgulhava de ter, o mundo dela podia estar destruído mas dentro de quadra nenhum problema existia.

Até que deu certo por um tempo, esse tempo era o tempo que durou o treino do dia, já que quando o mesmo acabou ela viu sem querer a garota de cabelo preto que Julia abraçara no final do jogo contra a república dominicana. A ruiva tinha superado tudo bem rápido aparentemente, o que foi com uma faca no meio do seu peito.

Ela conseguiu segurar as lágrimas até chegar ao dormitório, mas não foi forte o suficiente para esperar Natinha descer para almoçar com o restante do time. Deitou na cama, cobriu sua cabeça e deixou as lágrimas silenciosas escorrerem por suas bochechas.

Maitê mais uma vez se perguntava que mal havia feito para não poder ser feliz, toda vez que a vida começava a soar leve e a parecer que ela podia ser finalmente ser feliz tudo desabava novamente.

Vivia em um ciclo vicioso de se entregar e ser deixada de lado com a mesma proporção e rapidez, ninguém ficava verdadeiramente uma hora todos iam embora.

Maitê pode ouvir Natinha a chamando para irem almoçar, mas fingiu estar dormindo, não conseguia ter sangue frio para sentar na mesma mesa que Julia e fingir que nada tinha acontecido, não era tão durona assim.

Ouviu a porta sendo fechada e espiou por baixo da coberta para ter certeza de que estava sozinha para só assim finalmente se entregar ao choro entalado na tentativa de tirar aquele sufocamento que fazia seu peito doer.

Gabi havia dito que ia doer, mas não que ia doer tanto assim que parecia que o mundo estavam acabando, a capitã também disse que ia passar, só que não disse que ia demorar pra isso acontecer.

Maitê não sabe dizer quanto tempo ficou chorando como uma criança, nem quando a porta foi aberta. Só que derrepente sentiu o abraço forte e protetor de Thaisa lhe envolver e um carinho começar a ser feito em seu cabelo.

- Calma pequena, eu tô aqui e você não está sozinha. - Thaisa falava no ouvido dela tentando lhe acalmar.
- Mãe ela superou tão rápido, não me amava? - Maitê falou entre lágrimas e Thaisa se segurou para não transparecer que seu coração pulava de alegria ao ouvir ela lhe chamando de mãe.
- Mas da onde você tirou isso? - Thaisa questionou confusa, Julia parecia estar sofrendo tanto quanto Maitê.
- A garota de cabelo preto que foi ver o treino hoje, ela tava no jogo ontem e elas quase se beijaram. - Maitê falou lembrando da cena da garota dando um beijo no canto da boca de Julia.
- Minha pequena eu não sei de quem você está falando, mas saiba que independente do que a Julia escolher você não está sozinha não mais. - Thaisa falou a fazendo encarar seus olhos. - Eu estou aqui por você e sempre estarei independente de qualquer coisa, sou sua mãe e sempre irei estar por você e te cuidar mesmo você já sendo uma mulher. - Thaisa falou.

Maitê sentiu seu coração se aquecer, ouvir que tinha alguém lá por ela além de Laura lhe dava um aconchego bom de se sentir.

- Vem lava esse rosto e vamos ter uma tarde de garotas. - Thaisa disse se levantando e a puxando para fora da cama.

Enquanto iam até o quarto que Thaisa dividia com Gabi, a mais velha mandou mensagem pedindo para que a capitã leva-se alguma coisa para elas comerem quando subisse do almoço.

Thaisa e Maitê fizeram hidratação em seus cabelos, passaram máscaras no rosto e estavam assistindo a friends na TV deitadas debaixo do lençol que era o que o calor do verão europeu permitia.

- Thai? - Maitê chamou a atenção da loira ao seu lado.
- Oi pequena. - Thaisa disse prestando atenção nela.
- Eu posso te chamar de mãe de vez em quando? - Maitê questionou envergonhada com as bochechas vermelhas.
- Claro que pode. - Thaisa respondeu sorrindo, aquele pedido para a mulher era a confirmação de que tinha conquistado o coração de sua menina.

[...]

Julia começava a se sentir a pessoa mais idiota do mundo, estava sem falar com a pessoa que sentia o amor mais genuíno possível no mundo por ser uma medrosa.

Evelyn lhe havia aberto os olhos no dia anterior para a besteira que estava cometendo e que corria o risco de perder Maitê se não tomasse uma atitude logo.

- Ué Natinha a Mai não desceu com você? - Rosamaria perguntou quando a libero sentou na mesa para almoçar.
- Ela fingiu que estava dormindo, mas eu pude ouvir ela chorando baixinho. - A mulher falou em um tom baixo mas o suficiente para Julia e Thaisa ouvirem, as duas mulheres se levantaram ao mesmo tempo da na intenção de irem até o quarto que a garota tava.
- Não Julia, se você não for pra se resolverem é melhor ficar. Ela tá chorando por sua causa. - Thaisa falou rispida e saiu, deixando a garota lá sem reação alguma.

Mas não porque não queria se resolver com Maitê, mas saber que a causa do choro ser ela lhe paralisou. Julia nunca quis fazer mal a Maitê pelo contrário, só queria lhe ver sorrir, ser feliz e mostrar quanto a amava. Só que mais uma vez por medo estava fazendo merda.

- O que a Thaisa falou é verdade? - Julia questionou se sentindo culpada.
- A Thai foi dura, mas não mentiu Ju. - Gabi disse sincera.
- Desde que vocês brigaram o brilho dela sumiu, o desempenho em quadra não mudou,mas ela parece quebrada Ju. - Carolana falou também sendo sincera, todos do time haviam percebido a mudança da garota.
- Ju a gente sabe que você também está sofrendo com essa briga, acha que não vemos você cabisbaixa pelos cantos? - Rosamaria perguntou. - Mas não vai ser Maitê que vai puxar a conversa para vocês se resolverem, ela tá te dando espaço para que você pense no que fazer com uma situação que ela não tem como mudar. - Aconselhou mostrando que também entendiam o lado dela.

Na verdade se fosse pelas companheiras de time, as duas já tinham sido trancadas em um quarto até se resolverem. Mas ambas precisavam chegar a uma solução sozinhas, para amadurecerem o que sentiam e como queriam lidar com isso.

Julia sentia a comida amarga e terminou de comer em silêncio, pensativa em tudo que havia ouvido, tanto naquele momento, como de Ana Cristina todos os dias no quarto, de Evelyn e até de sua mãe que ainda não estava em Paris.

Oii amores como estão?

Segunda ai e estamos nos aproximando da reta final da nossa história...

Espero que estejam gostando e volto mais tarde com o segundo capítulo do dia

*capítulo não revisado

Beijinhos e até lá 💋

Existe amor em Paris Onde histórias criam vida. Descubra agora