Eu o chamei...

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--- CHARLIE ---

Chego no hospital na quinta-feira depois de receber quatrocentas mensagens de Mitt e quinhentas ligações de Alan, caminho pelo hospital até chegar a sala de espera onde escuto uma discussão alta.

- Você não pode fazer isso, ele nunca nem falou de você, não pode simplesmente aparecer aqui e levá-lo. – Mitt grita a plenos pulmões.

Entro no local para me deparar com um sujeito alto de terno de frente para Mitt, mantendo a postura séria com os braços cruzados no peito.

- O que está havendo aqui? – Pergunto confuso.

- Ele quer levar Pit embora, diz que é o irmão dele Charlie. – Mitt se volta para mim e finalmente alcanço os olhos dele. – Ele não pode fazer isso, Pit está correndo perigo, nós nem sabemos...

- O nome dele é Kenta, eu o chamei. – A boca dele cai aberta e o vejo vacilar para trás, Macau e Kamol estão parados mais atrás na sala, assim como Alan, Jef não está aqui, assim como eu esperava que ele fizesse.

- Charlie... – Meu "cunhado" me chama, mas não preciso disso agora.

- Pit aqui é um desperdício de recursos, tanto para Alan quanto para Kinn e Porsche, o irmão dele é rico e pode protegê-lo. – Falo calmamente e Kenta se aproxima de mim.

- Nós também podemos protegê-lo. – Alan pontua para mim e solto uma risada incrédula. – Não me incomoda.

- A proteção que enfiou um tubo na garganta e outro no cérebro dele. – Balanço a cabeça me virando para Kenta.

- Já retiraram o tubo, você saberia se o visitasse. – Kamol fala alto para mim, rancoroso, por um segundo eu o encaro, ele sabia qual jogo eu estava fazendo e coopera com isso.

- Você nunca o viu? – Kenta me observa.

- Para que? Nós nunca tivemos nada, Pit é sentimental demais, apegado demais, eu nunca disse que devolveria os sentimentos, não devo nada a ele. – Arquejo minha sobrancelha com a máxima ironia que consigo e isso faz ele me olhar estranho. – Leve-o pra onde moram, você não é dono de um hospital?

- Não se importa que Pit nunca nem tenha falado da família? – Mitt está muito puto comigo.

- Sinceramente? Eu não me importo, tira ele daqui. – Falo para Kenta que ergue a mão para mim.

- É bom fazer negócios com você. – Ele dá um sorrisinho e me puxa para um abraço. – Como Pit me avisou, você finge muito bem. – Engulo em seco, eles conversavam? Volto a minha cara de indiferença o mais rápido possível. – Vou tomar as providências para a saída de Pit do hospital. – Ele informa alto e eu assinto.

Caminho até o banco mais próximo e me sento, Kamol se aproxima de mim com uma garrafa de água e um sanduíche. – De novo isso? – pergunto confuso.

- Você deve ter emagrecido uns 2 kg desde que te vi cara, não anda comendo não? – Eu suspiro e reviro os olhos pegando a porcaria do sanduíche, depois olho ao redor, Mitt está conversando com Alan e Macau que não deu um "piu" até agora está em um canto emburrado.

- O que houve com Macau? Ta todo calado. – Mordo o sanduíche curioso.

- Ele e Mitt estão meio brigados. – Ergo a sobrancelha curioso. – Na verdade Mitt está brigado com Macau, Macau não está brigado com Mitt. – Kamol revira os olhos e balança levemente a cabeça meio incrédulo. – Ciúmes.

- Ai meu Deus... – Sorrio balançando a cabeça, Mitt se aproxima e senta-se ao meu lado.

- Luigi está por aqui? – Sussurra no meu ouvido e eu me engasgo com a comida. – Está fazendo algum tipo de teatro sádico com quem está assistindo? Porque foi uma péssima maneira de tentar entrar para a família. – Reviro os olhos e bebo outro gole de água.

Pouco tempo depois vejo Kenta na porta, ele apenas sinaliza e sei que Pit está sendo transferido, coloco tudo que estava em minhas mãos numa mesa ao lado e fico de pé, a maca entra e os enfermeiros passam com a maca, Mitt os para e pega na mão de Mitt se despedindo, mantenho meu olhar no relógio acima das pessoas na parede.

Ouço Mitt sussurrar algo para Pit, sei que ele está com soros e máquinas e seus olhos estão fechados, mas não consigo olhá-lo, não consigo, simplesmente não dá.

Vejo a maca passar e permaneço paralisado no mesmo lugar, Kenta aperta minhas mãos uma última vez e eu aceno com a cabeça enquanto os enfermeiros fecham as portas, engulo em seco percebendo que nem sei quando vou vê-lo de novo. – Não vai mesmo se despedir? – Mitt sussurra para mim depois de se aproximar junto de Kamol e Macau

- Luigi sabe que Vegas pediu Pete em casamento, acha mesmo que ele não sabe o que acontece por aqui? – Pergunto arquejando a sobrancelha e me viro para ele, limpo as lágrimas de seus olhos.

- Sério? Até isso? – Sussurra de volta e assinto.

- Nós conversamos melhor quando me visitar. – Lhe dou uma cotovelada. – Talvez me conte o motivo desse ciúme. – Falo depois que Kamol se levanta para conversar com Alan e Macau.

- Não é nada demais, só estou dando um gelo nele, porque é merecido? – Ele encara Macau que o olha de volta no mesmo momento e Mitt fica vermelho. – Aliás, você quer que eu visite o Jef? Já que não pode falar com ele pessoalmente...

- Seria bom Mitt, eu não sei como ele está... sabe, as crises... Pode fazer isso? Não quero que um contato com ele abra algum caminho para Luigi. – Eu suspiro pensando em como ele usou meu irmão como uma ferramenta anteriormente.

- Pode deixar comigo, além disso, Alan tem uma piscina incrível. – Eu dou uma risada.

- Como é? – Alan fala quase do outro lado da sala e ergo meu olhar meio surpreso por ele ter escutado. – Você acha mesmo que ainda pode se aproveitar da minha casa?

- Claro que posso tio Alan. – Ele joga um beijinho e Alan revira os olhos. – Além disso, Jef vai adorar minha visita.

- Sábado ou domingo, entendeu? – Alan responde e Mitt assente.

- Não acha que tem que pedir permissão? – Macau arqueja a sobrancelha e Mitt revira os olhos.

- Não, é o tio Alan ué. – Ele pisca para mim e ignora Macau, ele caminha até Mitt e o abraça beijando seu pescoço, dou uma risadinha e me levanto.

Me despeço deles e saio do hospital um pouco mais leve, abro o caro e deito a cabeça no volante, era o carro de Pit, eu estava ficando entre a casa dele e o lugar em que uso para trabalhar. 

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Alguém por ai?

Sob Meu Controle (BabeCharlie)Onde histórias criam vida. Descubra agora