Observado

109 13 45
                                    


--- CHARLIE---

Eu me sentia observado, sabia que tinha alguém me seguindo, mas por enquanto não podia fazer nada, era melhor ter alguém atrás de mim do que atrás dos outros. Quando recebo a ligação da casa de Alan, meu corpo trava, sei que preciso ir até lá, mas preciso tomar certo cuidado ao fazer isso e não chamar atenção, o ponto principal é não fazer alarde.

Tudo que Luigi quer é me abalar, ele sabe que consegue isso através de Jef e Mitt, conhece todas as minhas fraquezas, esse é o problema de virar inimigo do seu ex, ele conhece todas as suas imperfeições. A questão é que eu acho que ele nunca foi meu "amigo" de verdade.

Suspiro aliviado ao entrar na casa de Alan, passei os últimos dias na frente do computador, o mais concentrado possível, sem conseguir desligar, quando saia, me sentia sempre seguido.

- Charlie. – Jef pula em pé no sofá e eu sorrio, fazia duas semanas que eu não o via, caminho até ele e o puxo para um abraço. – Sinto muito, sinto muito mesmo pelo que aconteceu. – Depois que demorei a chegar, Alan me ligou contando tudo que tinha acontecido.

- Tudo bem, Char, a culpa não é sua. – Ele sussurra para mim, mas aquilo não era verdade, a culpa era minha sim. Eu beijo sua cabeça.

- Trouxe uma coisa para você. – Jef me olha curioso, me afasto dele um pouco e tiro a mochila das costas e pego um livro lá dentro e entrego em suas mãos, acho que era o que precisava.

- Meu primeiro livro, obrigada. – Ele me dá mais um abraço e sai em direção a uma cadeira para folhear o livro.

- O que...? – Alan pergunta se aproximando. – Foi o cara que deu pra ele? – Pergunta entre a chateação e a confusão.

- Sim, foi o primeiro livro que ele ganhou, é de engenharia mecânica, era de um dos filhos do cara e Jef se interessou. – Alan balança a cabeça e dá um sorrisinho de ironia.

- Você não pode achar isso.

- Não acho, mas ele precisa ser apoiado Alan. – Eu respiro fundo e tento controlar minhas lágrimas. – Sabe como ele chegou naquela casa? Desnutrido, doente, com DST, drogado. – Eu respiro fundo querendo esquecer. – Ele quase não fala sobre isso no dia a dia, finge que esses foram anos que não existiram, qualquer comentário sobre esse é um milagre. – Me aproximo mais de Alan porque não quero que ele escute. – As vezes, quando se comportava bem o cara me deixava vê-lo, até que Luigi o pressionou e ele foi passado ao pai de Vegas. - Paro um pouco porque não gosto de pensar nessa parte, tudo era minha culpa. – Uma vez, ele me contou que só se manteve vivo depois por causa da época que passou lá, porque foram dias bons, não é pra se questionar o que é, se ele entende que o cara é mal, só dá pra dar apoio Alan.

- Eu entendo, mas não consigo não sentir raiva desse cara. – Ele sussurra para mim, Jef está no sofá deitado com o livro aberto lendo.

- Eu também tinha, mas, nossa infância foi horrível, quando achei que conseguiria mantê-lo, ele foi vendido. Esse cara, lhe deu uma casa, comida, uma TV, livros, estudo, e o mais importante. – Tento olhar nos olhos de Alan para que ele entenda a mensagem. – Atenção, por pior que ele seja, não o defendo, completamente errado, mas Jef era um adolescente, talvez nem ele entenda ainda as nuances dessa relação.

- Eu vou processar isso melhor. – Assinto e caminho até o sofá me sentando e colocando a cabeça de Jef no meu colo.

- Tinha pego esse livro pra dar pro Pit ler, também gosta dessas coisas. – Jef olha para cima e eu sorrio, ouço o barulho das escadas, Mitt desce correndo e pula no sofá abraçando meu pescoço.

Sob Meu Controle (BabeCharlie)Onde histórias criam vida. Descubra agora