Saia. Da. Minha. Casa.

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 --- CHARLIE ---

Subo as escadas de casa agoniado com tudo que tinha acontecido, mal me dando conta da presença de Jef na minha porta, ele sorri pra mim erguendo a bandeja de café e eu enfio a chave na porta rapidamente.

- Bom dia para você também. – Ele fala sorrindo. – Onde é que estava em? – Me olha de cima em baixo. – Ainda está com a mesma roupa de ontem... E essas marcas no seu pescoço em? – Ele sorri debochado.

- Não é nada. – Passo a mão pelo pescoço.

- Ahaaam, sei. – Ele dá uma risadinha.

Ignoro-o revirando os olhos e abro a porta, ele me segue pra dentro de casa. – Com este mal humor, não vai ganhar café.

Caminho até minha mesa de estudos e começo a revirar todos os papéis e pastas que tenho, jogo tudo em cima da mesa e nada, procuro cada um dos meus trabalhos e NADA. Olho-os um por um. Jef para em determinado momento atrás de mim, observando o que estou fazendo por cima do meu ombro, depois balança a cabeça e sai em direção a sala, dando a entender que não quer saber o que está acontecendo.

Me sento na cadeira desolado, percebendo finalmente que nenhum dos trabalhos que recebi está aqui. Passo a mão pela testa e abaixo a cabeça entre minhas mãos, apoio os cotovelos sobre a mesa, que porra está acontecendo? Ele esteve mesmo em meu apartamento? Não, deve ser mentira, não é?

Ele simplesmente pode ter tirado da minha mochila nos intervalos, isso, eu sempre sempre vou comer no refeitório e deixo minha mochila lá na sala. Ele pode ter pegado, já tinha planejado tudo, por que não essa parte? Muito mais crível do que entrar aqui. Sorrio descrente com o pensamento.

- Charlie? Você pode vir tomar café? Vai esfriar, eu trouxe pra você... – Ele me olha da porta. – Você sabe que não vai conseguir passar nessa disciplina mesmo, não sei nem porque tenta.

Eu olho para ele na porta, por que eu tento? Eu meio que já passei? Isso é ruim né? Fecho os olhos respirando fundo, e me sentindo sujo. Eu não passei porque transei com ele no fim das contas, Caralho. Minhas notas foram ótimas, e continuariam sendo, eu só não sabia disso, e não tenho que baixar a minha cabeça só porque fui enganado.

Levanto da cadeira e decido que vou tomar café, passo o dia com Jef e me esqueço completamente de Pit e toda sua trama. Nós dois crescemos juntos, meus pais morreram cedo, e tivemos que nos unir pra morar com parentes, mas na faculdade Jef queria ter seu próprio apartamento para poder ter uma experiência universitária completa.

Aos sábados ele vinha passar o dia comigo, nós conversávamos sobre tudo que aconteceu na semana, ou eu o ajudava em algo já que ele estava ainda no começo da faculdade e as vezes eu conhecia algumas matérias, tinha feito algumas aulas que ele já fez. Em outras ocasiões nós víamos filmes, séries, cozinhávamos, passávamos o dia jogando, ou fazendo coisas como compras, o que ficava mais fácil com duas pessoas.

Quando anoiteceu e Jef se recusou meu convite para dormir eu sai com ele para me despedir e comprar um doce no mercado ao lado, abracei ele, porque apesar de vê-lo constantemente, ele ainda era meu irmão. Depois, caminhei sozinho até o mercado, sentindo uma sensação estranha, olho ao redor e não vejo nada demais, compro até algumas coisas a mais, enchendo meu carrinho de guloseimas e álcool, e caminho até minha casa depois de pagar.

Me distraio por alguns minutos lavando a louça, porque Jef era ótimo fazendo comida, mas péssimo na parte de lavar. E, decido que é hora de um belo banho, vou até o chuveiro e passo horas debaixo da água quente, sentindo partes do meu corpo ainda doloridas. Quando saio pego meus óculos na bancada, meu peito ainda está cheio de marcas roxas, algumas no alto do meu pescoço também.

Sob Meu Controle (BabeCharlie)Onde histórias criam vida. Descubra agora