prólogo

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A névoa densa pairava sobre as ruas escuras e úmidas do submundo de Tóquio,  onde  gigantescas placas de neon, com letras em japonês que pareciam rabiscos, iluminavam a escuridão de forma grotesca

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A névoa densa pairava sobre as ruas escuras e úmidas do submundo de Tóquio,  onde  gigantescas placas de neon, com letras em japonês que pareciam rabiscos, iluminavam a escuridão de forma grotesca. O cheiro de urina e fumaça de cigarro pairava no ar, mesclando-se com o aroma pungente de saquê barato. Era um beco sombrio, com paredes rachadas e grafites que contavam histórias de violência e depravação.

No centro do caos, erguia-se um prédio de concreto cinzento, com portas de metal pesadas e fechaduras grossas, o QG da Bonten. O som constante de risadas nervosas e de vozes roucas  que negociavam em tons ameaçadores  saía de dentro,  uma sinfonia do submundo.

Homens com tatuagens de dragões e carinhas ameaçadoras, vestidos de preto da cabeça aos pés,  entravam e saíam do prédio.  Alguns, com rostos tensos e olhos astutos,  carregavam malas pesadas cheias de dinheiro sujo.  Estavam ali para fazerem acordos, para se  tornarem "alguém"  no jogo sujo da Bonten.  Eles  se ajoelhavam  perante os executivos, fazendo promessas  e  ofertando suas almas em troca  de  um  pedaço  do  bolo.

Dentro do  prédio,  em uma sala mal iluminada com uma  mesa de madeira maciça  no centro,  sentou-se um homem de  rosto  impassível, um líder implacável  da Bonten.  Sua pele clara  e  olhos eram escuros, como  a noite.  Ele  ouvia  com  paciência  as  plebeias  e  seus  pedidos  desesperados.

Um  homem magro e  palido  se ajoelhou  diante dele,  sua  voz tremendo  enquanto  ele  implo-rava.  — Por favor,  Mikey,  eu  já  paguei  tanto.  Dê-me  mais  um  pouco  de  tempo.  Eu  vou  encontrar  o  dinheiro.

O  líder  da Bonten  riu,  uma risada curta e  seca,  que  causava arrepios  na  espinha.  — O  tempo  é  dinheiro,  cachorrinho — ele  disse,  sua  voz  fria  e  implacável.  — E  você  está  atrasado.

Dois  capangas  grossos se aproximaram,  seus  punhos  cerrados  em  punhos  de  ferro.  O  homem  magro  engasgou,  engolindo  em  seco,  enquanto  eles  o  arrastavam  para fora  da  sala.  O  som dos seus  gemidos  e  pedidos  de  misericórdia  era  abafado  pela  massa  de  pessoas  que  se  amontoavam  nos  corredores,  enquanto  ele  era  levado  para  o  andar  de  baixo.  O  líder  da  Bonten  observava  a  cena  com  indiferença,  um  sorriso  cruel  esboçando  seus  lábios.  Esse  era  o  jogo.  E  ele  era  o  mestre.

No  andar  de  baixo,  o  homem  magro  foi  jogado  em  uma  cela  fria  e  suja,  seu  corpo  tremendo  de medo.  Ele  ouvia  os  gritos  e  o  som  de  pancadas  provenientes  de  outras  celas.  A  Bonten  não  era  apenas  uma  facção,  era  um  monstro  que  devorava  as  pessoas  de  dentro  para  fora.  E  o  submundo  de  Tóquio  era  seu  playground. 

CERBERUS - Sanzu Haruchiyo Onde histórias criam vida. Descubra agora