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O ar no QG da Bonten era denso como fumaça de pólvora. O perfume de incenso se misturava com o cheiro de sangue seco, um cheiro familiar que pairava no ambiente. A atmosfera estava carregada, a tensão palpável, como se um trovão estivesse prestes a desabar sobre Shibuya.
Sanzu, com sua katana apoiada em sua coxa, mantinha o olhar fixo no prefeito corpulento. A camisa branca do homem, que provavelmente fora feita sob medida em tempos melhores, agora se espremia contra seu corpo avantajado, mostrando-se suja de vinho tinto. O aroma nauseante do álcool se combinava com o suor do oficial, um cheiro que Sanzu desprezava profundamente.
— Você ousou tocar em minha pequena fênix? — A voz de Sanzu era baixa, mas carregada de fúria. A memória do vinho tinto escorrendo pelo vestido de Yumiella acendeu uma brasa ardente em seu peito. Era um insulto imperdoável, um rastilho que poderia incendiar toda a Bonten.
Mikey, sentado em um trono improvisado com um estofado vermelho escuro, observava a cena com um semblante impenetrável. Os olhos negros, que pareciam penetrar na alma, estavam fixos no prefeito, que se agitava descontroladamente na cadeira.
– Eu... eu não queria... foi um acidente! — O prefeito gaguejou, as mãos tremendo. Ele tentou acalmar a situação, mas sua voz era um tremor trêmulo que beirava o desespero. O suor escorria por sua testa, pingando no chão como chuva fina.
— Acidente? — Sanzu repetiu, a katana se movimentando em seu aperto.
Mikey ergueu uma sobrancelha. — Você sabe que eu não gosto de mentirosos, prefeito.— Sua voz, mesmo em um sussurro, carregava uma autoridade que congelava o sangue.
O prefeito, acuado, começou a balbuciar sobre uma "aliança política", sobre "investimentos lucrativos", sobre o "futuro brilhante de Shibuya" que a Bonten poderia ter. Ele falava sem parar, sem perceber que suas palavras vazias apenas aumentavam o ódio e o desprezo nos olhos de Sanzu e Mikey.
A Bonten não se interessava em política. Eles se interessavam por poder, por respeito, por lealdade. E o prefeito, com sua ganância e falta de decoro, havia desrespeitado todas as três.
Sanzu cerrou os punhos. Mikey, deixando escapar um leve sorriso cruel, se inclinou para frente. — O que você realmente deseja, prefeito?
O prefeito, engolindo em seco, revelou o que realmente o motivava: — Eu preciso de seu apoio para a próxima eleição. — A voz dele era um fio de esperança, um último grito desesperado.
Mikey respirou fundo. A atmosfera ficou ainda mais tensa. O tempo pareceu se esticar, cada segundo vibrante de adrenalina pura.
