O ritmo monótono do amassar jornal era quebrado apenas pelo ruído suave do papel amassado e pelo clique das tesouras cortando os talos das flores artificiais. Yumiella, concentrada em sua tarefa, nem notou a presença de Kawata Nahoya, conhecido como Smiley, entrando na loja. Ele, com seu sorriso azedo e penetrante olhar azul, passou despercebido entre os arranjos florais vibrantes e as peças de decoração vintage.
Somente quando uma voz rouca e familiar quebrou o silêncio, Yumiella ergueu a cabeça, seus olhos arregalados.
— Então você está sobre a proteção de Sanzu, vejo que vai executar sua vingança. Já que ele matou seu irmão mais velho Muto, há anos atrás quando você ainda era pequena.
Nahoya se aproximou lentamente, seus olhos fixos na jovem. A lembrança do passado, tão dolorida, tão escondida, agora era exposta, como uma ferida aberta. A proteção de Sanzu, a vingança que pairava no ar, tudo tornava a situação ainda mais tensa.
A máscara de indiferença que Yumiella usava para lidar com o dia a dia rachou, revelando o medo que a consumia. Os dedos tremiam, o coração batia forte em seu peito. Era o passado batendo à sua porta, pronto para assombrá-la novamente.
A loja de decoração, antes um refúgio, agora se transformava em um palco onde o passado espreitava. Yumiella, com um nó na garganta, tentava encontrar palavras, mas a voz falhava. A única coisa que conseguia fazer era encarar Smiley, seu olhar fixo e ameaçador, e tentar entender o que ele queria.
A voz de Yumiella, inicialmente tremida, ganhou força e firmeza com cada palavra. Ela encarou Nahoya, seus olhos brilhando com uma chama de vingança.
— Quando...eu me deitar com ele, vou matar Sanzu.
As palavras ecoaram na loja, quebrando o silêncio carregado. Nahoya, por um instante, pareceu surpreso. O sorriso cruel que costumava exibir se apagou, substituído por uma expressão de incredulidade.
— Você...tem certeza? — questionou, sua voz agora mais baixa, com um tom de dúvida.
Yumiella, a sombra do medo substituída por uma aura de determinação, assentiu com a cabeça.
— Sim. Eu não farei isso por ele, não vou me deixar usar. Mas, se precisar me aproximar...se precisar me sujeitar...eu vou fazer. E quando tiver a chance, vou acabar com ele.
A declaração de Yumiella era uma bomba, lançada diretamente no coração de Nahoya. Ele a analisava com cautela, buscando a verdade por trás daquelas palavras.
— Você sabe que não é fácil. Sanzu não é um homem que se deixa enganar. Ele é traiçoeiro e cruel. Você realmente está disposta a se arriscar?
Yumiella fechou os punhos, o sangue fervendo em suas veias. — Eu vou fazer o que for preciso. Aquele homem tirou tudo de mim, meu irmão, minha família, meu futuro. Eu não vou descansar enquanto ele não pagar pelo que fez!
O olhar de Nahoya se fixou no rosto de Yumiella, seus olhos buscando o brilho da vingança. Ele conhecia bem a dor da perda, sabia o que era desejar a morte do causador da sua dor. Mas também sabia que a vingança era uma faca de dois gumes, capaz de destruir tanto a vítima quanto o vingador.
— Se você realmente está disposta a sacrificar tudo por isso, então eu te apoiarei. Mas esteja ciente dos riscos. Não é fácil manipular Sanzu. E você pode se machucar muito no processo.
Yumiella assentiu, seu olhar fixo no rosto de Nahoya. Ela estava consciente do perigo, dos riscos que corria. Mas não importava. Nada poderia abalar a sua determinação em vingar a morte de seu irmão.
— Eu sei. Mas a vingança...é tudo que me resta.
Os olhos cinzas perolados, olharam com mais firmeza para Smiley, enquanto ela se levantava pegando um vaso de flores, e colocando no balcão para que ele olhasse.
— Eu estou quase…— ela confessou — Sanzu, é um homem como qualquer outro. Ele está caindo…— ela mordeu os lábios — Não posso falhar agora…Eu tive tanto trabalho, Me casei com Osuke, fiz aquele homem cair na loucura de pegar dinheiro com a Bonten…me fiz de boazinha, para finalmente tudo começar a andar. Ele arrumou a amante, filha daquele maldito prefeito gordo e ridículo. Até ele cair nas mãos da Bonten
— E então, seu marido escolheu a amante, te entregando como moeda de troca, e assim Sanzu veio atrás de você — Smiley sorriu ainda mais — Você é uma diabinha, Ella!
— Aquele homem…— ela sussurrou — Haruchiyo Akashi….tão ingrato! Meu irmão cuidou dele, meu irmão foi um irmão mais pra ele do que pra mim — ela apertou as mãos com força — para então….ele matar meu irmão a sangue frio.
Smiley a olhou mais atentamente, notando a raiva, a dor.
— Eu vou matar Haruchiyo Sanzu — Ela murmurou — assim como ele matou meu irmão mais velho.
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CERBERUS - Sanzu Haruchiyo
Fanfiction" Ele era meu anjo caído, e Eu, sua redenção perdida."