Umas duas semanas se passaram desde o episódio do beijo no cinema. E eu não me arrependo nem um pouco disso. Digamos que criamos uma certa "amizade colorida".
De vez em quando, no intervalo, nós nos beijamos escondidos em algum canto da escola, ficamos de mãos dadas durante aula. Coisas assim.
Mas como nem tudo são flores, ontem, a minha mãe trocou o meu uniforme pelo feminino, ou seja, vou ser obrigado a usar um caralho de um baby look e a porra de uma saia menor que um átomo. E eu não posso nem trocar, porque ela falou que se eu fizer isso de novo, vou ficar de castigo.
Acabou os meus dias de sair correndo do banheiro masculino, ou de escutar um "sai da frente, menino!" dos alunos correndo pelos corredores. Eu 'tô bem triste com isso.
Nunca me senti confortável usando saia, principalmente a da escola. É bem curta. E mesmo se ela fosse longa, eu iria odiar de qualquer jeito, mas pelo menos eu não precisaria me preocupar com algum tarado olhando por debaixo dela ou 'pra minha bunda quando eu vou abaixar 'pra pegar algo.
Nesse momento, minha mãe 'tá arrumando meu cabelo 'pra ir 'pra escola. Por mais que ele esteja bem curto, ela insistiu tanto e como eu não queria me atrasar, eu deixei.
Ela passava um creme de não sei o que nele enquanto falava que eu tenho que ser mais feminina, que as pessoas vão me confundir com um garoto, que eu já 'tô na idade de namorar e que desse jeito ninguém ia me querer, que eu ia ficar encalhado e coisas do tipo. Ah, coitada. Mal sabe Sana que eu beijo o Minho quase todo dia.
Sei que como qualquer mãe, ela só quer o bem da sua amada filhinha. Mas é péssimo que ela não entenda que eu sou o filho dela, e não a filha. Sei que eu nunca contei isso, mas me deixa vestir o que eu quiser, porra!
E toda essa encheção de saco é porque eu não tenho um namorado e na cabeça dela eu não vou conseguir ter um.
— Se eu arrumar um namorado, você vai parar de reclamar sobre isso? — pergunto impaciente.
— Bom... Sim. Mas duvido que você vai conseguir desse jeito, parecendo um moleque.
— Quer apostar? — ela ri anasalado. — Eu 'tô falando sério. Se eu ganhar, eu posso voltar a usar meu outro uniforme. Se você ganhar, eu uso esse sem reclamar.
— Fechado. Você tem uma semana 'pra trazer um namorado. Pode ir se preparando 'pra usar saias até o final do ano.
— Ai, ai, você me subestima muito, mãe.
Uma coisa que o meu pai me ensinou que eu nunca esqueci: nunca entre no tribunal se não tiver certeza que seu cliente é inocente.
Traduzindo: não faça nada arriscado se não tiver certeza de que vai conseguir.
E eu já tenho um plano.
Sana coloca uma presilha de borboleta no cabelo, prendendo uma mexa da minha franja de lado. Credo, eu 'tô parecendo uma criança.
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‧₊˚ ⚧️ In The Wrong Body - Minsung
Hayran Kurgu‧₊˚ 🦋✍️→ Han Jisung, um adolescente trans não assumido, passa por tantos problemas que parecem não ter solução, até conhecer um garoto doce obcecado por borboletas que vira sua vida de cabeça para baixo e, de quebra, ainda o faz sentir as borboleta...