Carolana.

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Com a calça e a blusa do uniforme da seleção em tons de azul escuro e listras finas amarelas nas laterais da vestimenta de baixo, você calçou seu tênis de coloração branca invejável por não ter nenhum resquício de mancha e encontrou Gabriela na sala de estar do apartamento dela. A mulher mexia no celular distraidamente, vestida com o uniforme esportivo com seu número e o nome na blusa, em seu ombro estava pendurada a bolsa que continha os tênis e alguns outros itens para o treino que ela teria naquele dia. Você deixou sua irmã ocupada no aparelho por mais alguns minutos enquanto pegava alguma fruta para comer no caminho. Havia chegado em Saquarema há pouco mais de dois dias, mas nenhuma das jogadoras, além de Gabi, sabiam que você estaria presente durante os treinos e jogos para a VNL como uma das fotógrafas da seleção.

— O que você pensa que tá fazendo? — Gabriela falou quando levantou o olhar do celular para sua direção.

— Pegando uma maçã? — Você parou enquanto pegava a fruta na geladeira.

Gabi negou com a cabeça — A gente vai passar na padaria pra pegar um café e algo pra comer pra acordar de forma certa antes de chegar no treino.

Você fechou a porta da geladeira, pegando a bolsa que havia deixado no sofá com seus equipamentos e materiais de fotografia. No caminho, Gabi perguntou se você estava nervosa em poder voltar a ver as meninas depois de passar tanto tempo morando fora. Ter conseguido o cargo como fotógrafa pelo time profissional da Turquia, VakifBank, onde Gabi também jogava, era um dos seus maiores sonhos sendo realizados e um privilégio por ter sido aceita para trabalhar com pessoas tão incríveis e fotogênicas. Foram longos quatro anos com aquele time até hoje em dia, você entrou como fotógrafa um ano depois de Gabi ter entrado, conseguindo ficar mais perto de sua irmã e trabalhar em um dos seus lugares favoritos no planeta Terra. Mas, durante esse longo processo e amizades que você levaria para a vida, ainda sim sentia falta de trabalhar com suas jogadoras brasileiras favoritas, e mesmo mantendo contato atualmente, não era a mesma coisa.

Por cada clube que passou, carregou pessoas incríveis e memoráveis no coração, deixando igualmente um apego enorme que as jogadoras desenvolveram por você. Osasco, sendo o primeiro time que trabalhou, foi um dos maiores desafios como fotógrafa; por ser muito nova ainda em questão no ramo e, principalmente, de idade, não era a melhor profissional para o cargo, se comparar com outros profissionais. No entanto, a comissão quis testar essa chance, pois enxergaram talento no seu trabalho e, definitivamente, não erraram. A qualidade, os efeitos, cada detalhe, absolutamente tudo nas fotos que você tirava era um motivo de elogio, tanto das jogadoras quanto dos técnicos ou da comissão. Mesmo sendo seu primeiro trabalho profissional de fato, aquela oportunidade abriu incontáveis portas para você alcançar ainda mais o sonho que estava se realizando. Sheilla sempre foi uma das mais receptivas, acolhendo você como se fosse parte do time há anos. Fernanda Garay e Jaque Carvalho eram as que mais se destacavam em todas as fotos, principalmente por serem as mais engraçadas na sua concepção, elas sempre conseguiam descontrair e brincar com você todas as vezes que viam a câmera apontada na direção delas. Camila Brait era muito simpática e calorosa, sempre um amor de pessoa quando percebia sua câmera tirando fotos dela; a mulher conseguia ser extremamente fotogênica apenas respirando. Thaísa foi mais como uma mãe protetora para você, uma mulher simpática e carinhosa, e que você levou no coração como a melhor conselheira e apoiadora quando saiu do clube. Apesar de ter passado apenas um ano, foi um time que abrangeu muitas oportunidades futuras e, principalmente, um orgulho enorme por ter feito parte.

Pinheiros foi o segundo clube em que você trabalhou durante dois anos. O costume com a fotografia já era mais nítido e o profissionalismo apenas melhorava tudo. Logo de cara, Rosamaria e Naiane foram as que ficaram mais próximas de você, se tornando amizades muito além do que o esperado. Inicialmente, as duas aparentavam gostar de ficar mais perto de você e normalmente tirar algumas brincadeiras antes dos treinos e jogos, e você não perderia nenhuma oportunidade em retribuir. Lorenne era sempre aquela que abria um sorriso enorme e aconchegante para as fotos, mas que também conseguia ter uma expressão dura e séria enquanto jogava. Macris possuía uma voz extremamente confortável, sua postura nas fotos era de seriedade e foco total durante o jogo, mas sua essência era totalmente diferente fora das quadras, contando piadas e fazendo dancinhas engraçadas. Aquele time foi, certamente, uma grande inspiração tanto para você quanto para todas as fotos que saíram dele.

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