Ato 2, Capítulo 29

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Apesar dos protestos de seu mordomo, Hermione não hesitou antes de entrar na sala de visitas e fechar novamente a porta em suas costas. Talvez ela devesse estar tensa, mas o único sentimento que ela conseguia sentir ao ver o Príncipe sentado ali, em sua poltrona como se fosse dono de toda a casa, era raiva. E uma pontada de excitação que Hermione jamais admitiria a existência em voz alta.

O rapaz a encarava do outro lado da sala, sem mover um único músculo além da pupila de seus olhos. Ele usava roupas completamente pretas. Havia um broche do lado esquerdo de seu peito no formato de estrela de oito pontas, feito de esmeraldas. No espaço entre uma ponta e outra da estrela, um diamante havia sido cuidadosamente posicionado. O cabelo louro brilhava à luz da lareira.

Sentado naquela poltrona, o Príncipe parecia uma estátua viva feita de ouro branco e ônix.

Hermione entrou na sala, colocando-se entre o rapaz e a lareira e cruzou o braço sobre o peito. Os olhos do homem eram ferozes, escurecidos como a de uma fera pronta para atacar. Seu rosto estava tensionado, os lábios levemente repuxados para baixo em uma carranca.

—O que faz aqui? —Ela perguntou deixando de lado os pronomes de tratamento e a etiqueta adequada.

Aquela era sua casa, afinal, e ele havia entrado ali sem ser convidado. Não importava que ele fosse o príncipe, o futuro rei ou quem quer que fosse. Aquela era a sua casa, aquele era seu reino particular e ela não deixaria que ninguém mais reinasse ali.

—Estava se divertindo? —Sua voz mal passava de um murmúrio entediado, mas Hermione conseguia ver o nervo que saltava em seu maxilar pela forma que ele o pressionava.

—Você não respondeu a minha pergunta. —A curandeira estreitou os olhos.

—E você não respondeu à minha. —Um sorriso indolente nasceu no rosto pálido. Ele entrelaçou os dedos sobre sua barriga.

—É que eu não sei como o que eu faço possa ser do seu interesse. —Ela meneou a cabeça. —Mas o motivo de você estar trancado em minha sala de visitas me interessa muito.

—Você parece ter alguns desejos excêntricos, senhorita —O Príncipe falou a palavra de forma afetada, quase zombeteira. —Quer falar mais sobre o assunto?

Hermione observou o rapaz por um instante. Sua expressão ainda parecia tensa e a curandeira poderia dizer com facilidade que ele ainda parecia furioso por algum motivo, mas havia escolhido demonstrar uma postura mais debochada e despreocupada. No canto de seus olhos, no entanto, haviam se formado pequenas ruguinhas que denunciavam sua tensão.

O desgraçado estava se divertindo às custas de Hermione, mas ele estava curioso. Alguma coisa havia atraído seu interesse e o feito esperar até aquele momento. Hermione podia não saber ao certo o que era, mas podia jogar com aquilo.

—Na verdade, eu tive uma longa noite de trabalho e acabei de tomar um café da manhã e ter uma conversa bastante esclarecedora com um amigo. —Ela meneou a cabeça, sorrindo ligeiramente ao notar que o sorriso do rapaz havia vacilado por um segundo. —Você pode ficar aqui, se quiser. —Ela se inclinou para frente, curvando-se até que estivesse na mesma altura dos olhos do rapaz. —Faça da minha sala de visitas seu próprio quartel-general, eu não me importo. Eu estou indo dormir, Alteza. Sinta-se à vontade para fazer o que quiser, mas eu não estarei aqui para servi-lo.

Hermione não esperou por uma resposta ou alguma manifestação por parte do príncipe. Ficando em pé em um movimento fluído, ela teve tempo de chegar até a porta da sala até que ouvisse a poltrona onde ele estava sentado arrastanda no chão. Logo em seguida, longos dedos finos se fecharam em volta de seu pulso, impedindo-a de partir.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora