Capítulo 7

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Hermione não sabia o que deveria usar em um evento como aquele. Ela olhou a calça preta simples que havia atirado à cama, depois analisou o vestido de baile azul que julgava ser sua melhor roupa.

Deveria se vestir como se estivesse indo assistir a uma partida de quadribol comum? Ou deveria usar um de seus vestidos reservados para eventos formais?

Ela passou as mãos pelos cabelos escuros e suspirou. O que as pessoas devem usar para tentar conquistar um marido? Como ela, uma curandeira de origem comum e sem qualquer atributo especial, faria para conquistar alguém que era... bem, o completo oposto?!

E, pelos deuses, ela precisava que seu futuro marido fosse o oposto de tudo que ela era. Alguém influente. Alguém importante. Alguém cujo nome traria respeito e honra à ela. Uma pessoa cuja proteção traria segurança eterna para Hermione.

Ela se virou em direção ao armário modesto na lateral do quarto e passou rapidamente pelos cabides, deixando seus dedos tocarem o tecido suave das vestes.

Ela não tinha muitos pertences. A maioria de suas vestes eram roupas práticas que poderia usar no trabalho.

Gostaria de ter se preparado melhor, pensou puxando um vestido vermelho escuro que usara no último ano em um dos bailes que havia participado. A lembrança da última vez que usou aquela peça lhe causou um aperto no peito e Hermione voltou o vestido para o armário, colocando-o no canto mais escuro e esquecido, esperando que nunca mais precisasse vê-lo. Ela fez o mesmo com mais algumas roupas, escondendo-as de seus olhos.

—Milady, gostaria de um... o que está acontecendo? —Murta perguntou, os olhos escuros se arregalando ao olhar as peças de roupas jogadas sobre a cama e caídas, sem qualquer cuidado, sobre o chão.

—Eu não sei o que usar —Hermione confessou com um gemido angustiado. —Eu não faço a menor ideia do que se usa em um evento como esse.

Murta ergueu uma sobrancelha para a menina, não parecendo nem um pouco impressionada, e deu um passo em direção à cama, vendo as peças separadas e franzindo o nariz.

—Sinceramente, espero que não esteja pensando em ir em um jogo de quadribol usando um vestido de baile —A criada olhou de soslaio para a curandeira, que encolheu os ombros.

—Haverá um evento depois do jogo com pessoas importantes. —Hermione explicou com um suspiro, aproximando-se para puxar o tecido leve da saia do vestido. —Se os Leões Alados ganharem hoje, estarão classificados para a copa mundial de quadribol. Será um evento importante.

Hermione não incluiu em sua explicação o motivo que levou Harry a convidá-la para a festa. Não precisava que seus criados pensassem que ela era algum tipo de caçadora de fortuna, desesperada para ascender socialmente às custas de um marido nobre.

Já bastava sua própria consciência. Já bastava seus próprios julgamentos.

Em um mundo ideal, essa possibilidade nem passaria pela cabeça dela. Em um mundo ideal, ela jamais se casaria com ninguém que não fosse por amor ou respeito. Em um mundo ideal, ela seria completamente independente e jamais se permitiria depender de um marido. Em um mundo ideal ela alcançaria tudo o que almeja com seu próprio esforço.

Mas, como ela havia aprendido, aquele estava bem longe de ser o mundo ideal. E, naquele mundo, ela não era nada. Não tinha força alguma. Não tinha qualquer importância.

E era naquele mundo que ela precisava sobreviver.

Murta observou o rosto da curandeira por um instante, pensativa, depois caminhou novamente até o armário de Hermione olhando uma ou outra vestimenta, antes de puxar um cabide em especial. Um sorriso amplo e satisfeito se espalhando por seu rosto.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora