Capítulo 22

11 3 2
                                    


Durante toda a sua vida, Draco nunca havia visto o palácio tão movimentado. Os elfos domésticos, normalmente responsáveis pelas cozinhas e pelos trabalhos internos do castelo, disparavam pelas escadas e corredores, trazendo e levando caixas e mais caixas de coisas que o Príncipe só conseguia imaginar o que eram. Vez ou outra, um elfo quase trombava com um criado usando uniforme azul escuro com detalhes em cobre, porém todos eram salvos por um salto de magia, fazendo a criatura desaparecer e reaparecer um segundo mais tarde, alguns degraus à frente.

Não que ele tivesse muito tempo para observar a dinâmica dos criados do palácio e dos agentes de Ottery. Havia sido chamado logo cedo, assim que as prisões haviam sido decretadas e a notícia sobre o sequestro de Luna e seu envolvimento havia sido divulgada.

O Rei estava furioso, e Draco entendia porque. Aquele tipo de acontecimento, aquele tipo de coisa, simplesmente não acontecia. A primeira coisa que deveria ter acontecido era o ministério de comunicação ser acionado para lidar com os jornalistas, varrendo os boatos para baixo do tapete. Aquilo não deveria ter acontecido de forma alguma e, se acontecesse, não deveria ser vazada para o público, apenas contornada por uma série interminável de assessores e funcionários do palácio até que toda a situação fosse esquecida antes mesmo que alguém tivesse a chance de saber a respeito.

Daquela vez, no entanto, o grande público soube o que aconteceu antes mesmo do próprio rei.

Não havia disfarces.

Não havia assessores.

Não havia ministros.

Não havia boatos plantados para disfarçar o que havia acontecido.

Não havia narrativa.

Não havia histórias sendo varridas para baixo do tapete.

Uma jovem curandeira, nascida trouxa, vinda do interior do país, havia enganado não apenas três membros de três famílias respeitadas e próximas do palácio, como também a própria coroa, manipulando as informações para conseguir a atenção que desejava, expondo a verdade cruel sobre a presença da Princesa Luna no palácio.

Dessa vez, a verdade havia sido escancarada e Draco gostava de ver o caos que aquilo havia causado.

Agora, o palácio (e o Rei) estava em uma corrida contra o tempo. Não havia nada que pudesse ser feito sobre a reputação da família Parkinson, Nott ou Zabini. Assim que a primeira notícia havia saído naquela manhã e a opinião pública sobre o sequestro da Princesa Luna havia ficado bem clara, uma reunião de emergência havia sido marcada entre o Rei e seus diversos ministros e conselheiros. Draco havia sido convidado a participar como herdeiro do trono, porém sua participação foi limitada à observação.

As coisas não estavam boas.

O plano de interligar todo o país por meio de ferrovias estava em risco. Os demais investidores, cerca de setenta por cento, pediam a retirada imediata dos investimentos da família Nott e Parkinson do projeto, o que, consequentemente, os fariam perder a companhia ferroviária responsável pelo projeto e a principal metalúrgica.

Draco precisava admitir que houve uma certa satisfação em notar que uma veia estava prestes a explodir na testa do pai. O Rei jamais havia se importado com o tratado de paz com o país vizinho, acreditando que aquela era uma questão menor que não merecia sua atenção, agora, aquela falta de atenção parecia a caminho de levar o país a uma verdadeira crise, caso o rompimento com Nott e Parkinson realmente acontecesse.

Aquela negligência havia levado ao quase sequestro da Princesa e, a certeza do não envolvimento da guarda e as condições de vida da menina no palácio havia estremecido a relação com Ottery. E agora, com os criados de Ottery retirando tudo o que pertencia à Luna do palácio, ninguém tinha certeza se o acordo de paz continuava em pé. Com o fim do projeto, a perda total do investimento feito e uma possível guerra batendo em sua porta, Draco imaginava o que o pai faria para sair daquela situação.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora