Capítulo 6

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—Eu não consigo me decidir —Hermione confessou depois de ter perguntado para a senhora atrás do balcão sobre cada um dos doces da vitrine.

Ao seu lado, a Princesa (ou Luna, como ela havia pedido que a chamasse) já havia feito seu pedido e aguardava pacientemente a curandeira.

Hermione lançou um pedido de desculpas pelo olhar para a menina, mas Luna não pareceu se importar. Na verdade, ela encarava uma mesa vazia no canto da confeitaria, como se houvesse algo ali que apenas seus olhos pudessem ver. A forma como ela fazia aquilo lembrava Hermione da forma como os gatos costumam olhar para um ponto específico por minutos a fio, o rabo sacudindo com interesse.

O sino da porta de entrada tocou uma vez, anunciando um novo cliente. Hermione mordeu o lábio inferior, obrigando-se a tomar uma decisão imediatamente.

—Acho que vou querer um pedaço dessa torta de amoras —Hermione falou por fim, mas logo em seguida levou o polegar à boca, em dúvida. —Ou talvez uma bomba de chocolate.

—Eu acho que tem um bolo de chocolate novinho na cozinha —A senhora com um olhar bondoso falou, notando a incapacidade de Hermione de escolher. —Se quiser, posso trazer para você dar uma olhada.

Os olhos da menina se iluminaram de alegria.

Amava torta de amora, adorava bombas de chocolate. Se fosse sincera, simplesmente admitiria que era apaixonada por doces de todos os tipos, porém seu fraco eram os bolos de chocolate. Era simplesmente incapaz de resistir.

A senhora, parecendo satisfeita por Hermione finalmente estar chegando a uma decisão, pediu licença, se retirando por uma porta para a cozinha. A curandeira apertou os lábios em um sorriso tímido, mas Luna nem sequer pareceu notar sua indecisão.

—Desculpe por isso —Hermione pediu quando a atenção da princesa finalmente recaiu sobre si.

—Essa é claramente uma decisão importante para você —ela riu. —Não posso dizer que não entendo.

—Tudo parece absolutamente delicioso —Hermione abaixou-se novamente em frente à vitrine, já planejando levar um doce para casa, para comer mais tarde.

A senhora voltou novamente, em suas mãos um bolo de chocolate em camadas tão apetitoso e com um cheiro tão maravilhoso, que Hermione sentiu sua boca se encher de água. Ela sorriu, erguendo a mão para pedir um pedaço, quando uma voz suave, porém firme, provocativa, soou atrás dela.

—Eu vou levar o bolo inteiro.

A senhora, ainda segurando o prato de doce, moveu os olhos escuros para o cliente atrás de Hermione e a curandeira viu nitidamente quando seus olhos se arregalaram por trás dos óculos grossos. Ao seu lado, Luna soltou um suspiro resignado.

Hermione virou-se ligeiramente, olhando sobre o ombro para o cliente recém-chegado e sentiu seus próprios olhos se arregalarem.

O Príncipe. O maldito Príncipe-Herdeiro.

Hermione sentiu toda a cor se esvair de seu rosto e seu estômago, subitamente, parecia tentado a escapar pela garganta.

O que diabos ele estava fazendo ali? Ela lhe deu uma boa olhada, dos pés à cabeça. Pelo seu estado, não era possível que tivesse planejado ir naquela confeitaria, longe da badalada avenida principal. Na verdade, se não fosse meio da tarde, Hermione acreditaria que o rapaz tinha acabado de sair de alguma festa ou taberna.

O Príncipe usava calças pretas, camisa branca e um colete preto bordado em padrões com fios metálicos verdes. Apesar da casaca estar jogada sobre um de seus ombros de forma casual, suas roupas estavam amarrotadas e empoeiradas. Os cabelos prateados estavam revoltos, despontando em todas as direções como se ele tivesse acabado de acordar e não tivesse se importado em penteá-los. Grandes círculos roxos emolduravam os olhos azuis da cor do oceano.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora