Capítulo 13

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Hermione sempre pensou que deveria haver alguma beleza no perigo. Ela nunca gostou de aventuras, jamais desejou praticar esportes radicais e as poucas experiências que teve sobre uma vassoura (na companhia de Harry, com o amigo lhe segurando firmemente pela cintura) haviam feito com que Hermione optasse por meios de transportes mais seguros... e próximos do chão.

Porém, se não fosse pela beleza da morte (e pela sensação inebriante da adrenalina liberada no corpo), como explicar os milhares de adeptos em busca de alguma emoção? Como explicar os motivos que levavam à quatorze pessoas subirem sobre suas vassouras e brigar pela atenção de quatro bolas, duas das quais parecem desejar matá-las?

Entretanto, embora não entendesse a motivação de Harry ao acordar e continuar o seu tratamento para voltar para cima da vassoura, ali estava Hermione, encarando os olhos azuis glaciais do Príncipe, analisando a forma como a luz do sol refletia a fina argola de ouro pendurada em sua orelha, registrando a curva sutil de seu sorriso de escárnio e tendo a certeza de que a morte e o perigo jamais poderiam ser tão bonitos.

E, para seu completo horror, ele parecia saber bem a linha para onde seus pensamentos seguiam.

O Príncipe estava apoiado no batente da porta, de braços cruzados, embora parecesse relaxado. O anel em dedo mindinho, aquele com o brasão da Coroa, também refletia a luz do sol.

—Alteza —Ela fez uma mesura rápida, desviando o olhar rápido demais para a direção de seus pés. —Eu vim visitar a Princesa Luna. Eu irei embora em um instante.

—Então está tentando me convencer que sua presença neste castelo não tem nada a ver comigo? —O Príncipe levou uma mão ao peito, em um ressentimento fingido. —Estou ofendido, Granger.

—Alteza —Hermione franziu a testa, dando um passo para trás.

O Príncipe até poderia ser a criatura mais bonita que ela já havia visto, mas também era perigoso. Hermione não havia se esquecido, nem por um momento, da sensação alarmante que havia sentido emanando dele no dia que ajudou Luna a se livrar de sua gangue.

Ele, no entanto, não moveu um músculo. Apenas continuou no mesmo lugar, como se estivesse se divertindo com o simples desconforto de Hermione. Como se apenas saber que ela estava aflita já fosse o suficiente.

Mesmo que aquilo fosse verdade, Hermione se recusava a dar aquela satisfação ao rapaz. Estava cansada de ser a diversão de nobres e puros-sangues que acreditavam que podiam atormentá-la. Estava cansada de servir como entretenimento.

Ela uniu as mãos em suas costas e tratou de ajeitar a postura (um truque que havia aprendido há muito tempo e que usava regularmente para parecer maior e mais confiante). Hermione meneou a cabeça e deixou que um canto de seus lábios se curvasse para cima, em um sorriso torto.

—Na verdade, Alteza, estive preocupada com você. —Ela viu quando os olhos do Príncipe se estreitaram em desconfiança. —Você não apareceu para o retorno que estava agendado e eu me perguntei se teria melhorado.

—Agradeço sua preocupação, senhorita, mas não é necessária. —Ele cruzou os braços sobre o peito. —Eu estou melhor.

—Ah, é um alívio saber disso —Hermione levou a mão ao peito, em uma expressão óbvia de alívio fingido, como ele havia feito antes. Os olhos azuis se estreitaram mais. —Eu começaria a pensar que... bem, isso não seria possível. —Ela estalou a língua, sacudindo uma mão. Seu sorriso se ampliou ao notar que uma única sobrancelha loira se arqueava no rosto do rapaz.

—O que não seria possível? —Ele pareceu falar entre dentes. Um nó se formou na garganta de Hermione, mas ela o engoliu.

—Se o remédio não estivesse fazendo efeito, eu seria obrigada a pensar em outras causas para seu desconforto, Alteza. —Ela se virou, fingindo contemplar a tela que Luna havia lhe mostrado ainda há pouco. —Alguns problemas, apesar de se manifestar fisicamente, podem ter outro tipo de origem.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora