Ato 2, Capítulo 32

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"Draco" já estava na cozinha de sua casa há mais de uma hora e a mãe de Hermione parecia ainda mais encantada com a figura conforme ele contava uma história sobre quando ele havia viajado com os pais para Ottery, em sua infância.

A única coisa que ele havia se esquecido convenientemente de mencionar era que ele fora para Ottery por uma questão diplomática que envolvia a princesa de Ottery viver em Hogwarts como um tratado de paz. Ele também não havia mencionado que seus pais eram, naturalmente, o rei e a rainha do país onde viviam, o que fazia dele o próprio príncipe herdeiro e toda aquela situação, como tomar café na mesa dos criados na cozinha, inadequada.

Muito inadequada, aliás.

Absolutamente inadequada.

Mortalmente inadequada.

O príncipe, no entanto, não parecia se importar. Ele continuava tão tranquilo e tão charmoso como havia se mostrado ao se apresentar simplesmente como Draco, um paciente e amigo preocupado de Hermione, que a menina havia esquecido de avisar de sua viagem.

Absurdamente irritada pela naturalidade com que ele conversava com sua mãe, Hermione misturava os ingredientes de sua poção com mais força do que deveria e do que certamente seria prudente.

Irritava-a também que ele estivesse mentindo com tanta tranquilidade para sua mãe. Não que Hermione fosse dizer que ele era quem era, sua mãe certamente teria uma síncope se soubesse, mas a menina se sentia extremamente desconfortável com a ideia de esconder a verdade de sua família.

Da bancada, misturando urtiga seca à poção, em uma manobra habilidosa do Príncipe, Hermione observava o assunto mudar drasticamente da infância do rapaz para a vida da mãe da garota. Agora, Mônica explicava que todos os criados haviam ganhado folga por causa do feriado.

—Naturalmente, os funcionários da cidade também receberam folga, mas eles pediram permissão para continuar na casa, se pudessem fazer uma ceia para eles. Aparentemente eles queriam aproveitar que Hermione estava voltando para casa para fazer uma faxina completa, imagine só você... —A mulher riu colocando mais um cubo de açúcar em seu chá.

—Eu passei lá antes de vir aqui e posso assegurar que a faxina está acontecendo. —O príncipe falou tranquilamente de seu lugar, bebericando sua bebida. Hermione o lançou um olhar atravessado. —Eu até mesmo achei que a casa ficaria fechada permanentemente.

Os olhos azuis se voltaram em direção à Hermione. A garota podia jurar que era capaz de ouvir os pensamentos de "você me paga pelo susto" que o rapaz emanava. Mexendo duas vezes a poção no sentido horário, ela respondeu com seu melhor olhar de "não era da sua conta". Por fim, a poção estava pronta. Era só colocar no frasco e despachar "Draco" de volta para o lugar de onde ele saiu.

—Nós enviamos uma cesta com suprimentos para a ceia. Espero que eles tenham uma noite confortável. —Mônica levou a xícara de chá aos lábios.

—Eles certamente ficarão bem com sua gentileza, Senhora Granger —O rapaz sorriu, meneando a cabeça para a mulher. Hermione podia jurar que viu a mãe corar. —Além disso, qualquer um que tenha um teto sob sua cabeça e uma companhia amorosa com quem celebrar ficará bem.

Hermione posicionou o frasco na bancada. Era maior do que ela gostaria, o que tornava mais difícil dosar a quantidade que deveria ser tomada, mas teria que servir.

—O que me faz lembrar, Draco, você é da capital? Sua família deve estar preocupada por você sair tão tarde na véspera de natal. —Como se só então se lembrasse da comemoração daquele dia, Mônica se inclinou ligeiramente para frente, espiando o forno onde o peru já assava.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora