Capítulo 9

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O camarote dos Leões Alados não tinha uma visão tão boa quanto a do camarote real, porém, com a ajuda dos binóculos encantados, Draco precisaria estar cego para não ver o que havia acontecido.

Goyle, o novo apanhador das Serpentes, havia se chocado contra Harry Potter, o apanhador dos Leões. Sendo muito mais pesado que o rapaz, que também estava distraído ainda procurando pelo pomo de ouro, Goyle havia lançado o apanhador adversário girando pelo ar, lutando para se segurar em sua vassoura.

O coro tenso e sussurrante explodiu em gritos horrorizados conforme as mãos do rapaz, lentamente, dedo por dedo, iam se soltando do cabo da vassoura. No camarote dourado e vermelho, os pais do rapaz gritavam, como se suas palavras pudessem ajudar de alguma forma na situação.

O Príncipe-Herdeiro observou a movimentação ao seu redor. A tropa Weasley, como seu pai costumava descrever o Lorde e seus filhos, se agitava, clamando por uma punição para o apanhador das Serpentes.

A menina estranha, a mesma daquele dia no palácio, que chegara acompanhada de Potter estava completamente muda. Os olhos castanhos, muito arregalados, olhavam fixamente para onde seu amado seguia pendurado. Sua pele estava pálida como a morte e, apesar dos lábios estarem ligeiramente abertos, não havia qualquer movimento em seu corpo que indicasse que ela estava respirando.

Um novo grito vindo de Lady Potter atraiu a atenção do Príncipe. Ele se virou bem a tempo de ver uma mão do apanhador se soltar do cabo da vassoura. No chão, a equipe de segurança já pegava suas vassouras e montavam, prontos para o resgate, porém seus movimentos não foram rápidos o suficiente. Os dedos suados de Potter escorregaram lentamente e, com um grito agoniado, ele caiu, rodando no ar em queda livre.

Por um instante foi como se todo o ar do estádio fosse roubado. Um som de horror deixou os lábios de alguém, mas foi a última coisa que se ouviu por vários segundos. Draco ainda usava as lentes quando o corpo do menino atingiu o chão em um barulho seco, como um galho quebrando sobre seus pés.

O rapaz não emitiu nenhum som. Seu corpo, amolecido e inerte, pairou no chão por apenas um segundo, um de seus braços dobrando duas vezes de forma que não era natural, antes dos curandeiros de prontidão chegassem até ele.

O Estádio Abraxas Malfoy, o local onde acontecia a final do campeonato de quadribol, estourou em gritos e murmúrios. Os jogadores desciam em direção ao chão, pulando de suas vassouras para chegar ao companheiro. O campo se tornou uma multidão de mantos vermelhos, verdes e pretos, da equipe de apoio.

A plateia gritava, enfurecida. Os gritos da mãe do rapaz se tornaram histéricos, seu choro ecoando pelo estádio. O marido, apesar de amparar a esposa, estava tão pálido quanto ela, seu corpo trêmulo enquanto ele tentava olhar o filho ainda estendido no gramado.

Lady Potter empurrou o marido com toda a força que tinha em seu corpo, não parando quando chamaram seu nome. Ela correu em direção às portas do camarote, sendo parada apenas pela guarda-real que continuava cuidando da porta. Ela gritou com os soldados, exigindo ser solta, exigindo que a deixassem passar. Seu marido chegou um instante depois, colocando uma mão sobre o ombro da mulher e, de forma mais calma, porém ainda tenso, pedindo educadamente que os deixassem chegar até o filho.

A discussão começou a ficar mais alta quando os soldados deixaram claro que a equipe de segurança do estádio não permitia a entrada de ninguém em campo, mesmo pais de jogadores. A mulher gritou, Lorde Potter tentou argumentar, mas os soldados apenas sacudiram a cabeça.

Em seu lugar, ainda completamente lívida e silenciosa, a garota respirava com dificuldade, ainda olhando para o campo, onde o corpo de Potter era colocado em uma maca e levado, ainda desacordado, para os vestiários pelos curandeiros.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora